sexta-feira, maio 08, 2009

Cabo Verde - Maio 2009 - 1

Então e não se diz nada, aqui, sobre Cabo Verde? O problema é precisamente o de haver muita, tanta!, coisa para dizer.
A ida com a URAP ao Tarrafal, e a passagem pela República de Cabo Verde (Santiago, S. Vicente, Sal), foi uma mistura de recuar uns anos, da nossa luta e meus, actualizar-me vertiginosamente sobre a situação do País, vislumbrar perspectivas.
E se tanto me baseei no trabalho em Cabo Verde para a tese de doutoramento, este País continua a ser, e não só para mim, um caso muito especial. Daria, hoje, para outra tese de doutoramento… E para algumas estará a dar. Inevitavelmente.
Vou deixar só duas ou três notas a partir de dois factos.

1. A visita ao Tarrafal, ao cemitério e ao campo
Foi o motivo central da visita. E confrontei, de novo, quer o enorme significado daquele lugar, quer a muito peculiar forma como os caboverdeanos continuam o legado de Amílcar Cabral, por vezes parecendo contrariar irremediavelmente o seu relevante contributo ideológico por via de um pragmatismo que é o oposto da prática social que escora o seu pensamento.
O campo de concentração do Tarrafal é um símbolo, e ter sido o lugar onde se realizou um simpósio internacional da Fundação Amílcar Cabral com a finalidade de contribuir para que o campo de concentração venha a ser património da Humanidade, tem o maior significado.
Embora à margem do seminário e um pouco atribulada – por motivo de horários de viagem e percursos –, a presença da URAP no cemitério e a declaração lida na sessão de encerramento do seminário, foi um aspecto que se releva numa iniciativa em que havia, da parte de alguns participantes, a costumada intenção de ter uma memória excessivamente selectiva.

Não será por idiossincrasia que muito me desagrada que a consulta ao “aparelho de busca” da net para saber informações sobre a Fundação Amílcar Cabral caia, sistematicamente, na Fundação Mário Soares-Dossier Amílcar Cabral…
E Mário Soares estava lá. Talvez sem as honrarias a que se julga com direito. Pelo menos da nossa parte, nem uma...

4 comentários:

Anónimo disse...

É muito importante que o Tarrafal seja considerado património da Humanidade. Será concerteza um grande contributo, entre outras coisas, para desmistificar a campanha de branqueamento do fascismo português a que alguns insistem em chamar "estado novo".
Fico à espera de mais notícias.

Campaniça

samuel disse...

Esse cavalheiro só podia estar mesmo à procura de honrarias...
Deve ter sido uma bela experiência!

Abraço.

GR disse...

Num momento tão sentido, respirar o mesmo ar que esse crápula!!!
Já é azar!
Fico à espera do que os teus olhos viram e o coração sentiu.

bjs

GR

Maria disse...

Dou-me conta agora do que se perde aqui quando se passa o fim-de-semana ali... já ali...

Vou continuar a ler-te.