sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Comentário a não desperdiçar... bem pelo contrário

Estes vários destaques, em torno da publicação da actualização das previsões económicas da Comissão Europeia, sugerem que recordemos algumas limitações da representação estatísitca ou da tentativa de representação abstrata de uma realidade riquíssima, concreta.
Não só o PIB apresenta sérias limitações, pois é um indicador monetarizado com a agravante do dinheiro ter há muito perdido a sua base material, como valoriza produções que não o são, como é o caso da chamada «indústria financeira», entre outras.
Mas as limitações da representação estatística, muito útil se bem tratada, são agravadas pela sua utilização política. Por exemplo, o crescimento do PIB, apesar das reservas que merece, em conjunto com a evolução do emprego e do desemprego, poderá ser um importante indicador sobre tendências de evolução da economia. Poderá servir para, numa simplificação da realidade, tentar perceber se estamos a viver uma tendência de crescimento dos meios de produção, ou de destruição, ou de recuperação do seu aproveitamento. Para tal existem técnicas, que podendo melhorar, constituirão um instrumento de apoio à análise económica e social e, dessa forma, de apoio à tomada de decisão política, num quadro de opções políticas e de classe.
No entanto, temos vindo a assistir a um género de mercantilização da política, que usa e abusa dos indicadores e da estatística económica. Concluo esta reflexão com o seguinte exemplo [cujos números apenas pretendem exemplificar o que se pretende afirmar, não tendo qualquer relação direta com a realidade]:
- O que nos dirá uma perspetiva de taxa de crescimento do PIB de 2%, se nos últimos três anos o mesmo caíu mais de 10%?
Se passarmos este indicador para um número índice veremos que há três anos o PIB era 100, hoje será 90 e que se espera que cresça para 91,8...
E já agora, esse crescimento representa o quê? Onde se verifica?
Isto - mesmo sem fazer qualquer referência ao provável crescimento do desemprego - permitiria concluir que estaríamos no bom caminho?

comentário de Ricardo O.
a um "post" por aqui editado
(Obrigado!)

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Gostei deste comentário. Realmente de que crescimento se fala quando se cai para 90 e depois se sobe para mais 1.8? E quais as variáveis que intervêm quando se calculam as percentagens?
Julgam que nos enganam?!!!!!!!

Um beijo.