quarta-feira, janeiro 23, 2013

"Questões de moral" - 2


Ao correr da(s) pena(s), reescrevo trechos lidos várias vezes e originalmente escritos por Marx em 1848, nos seus manuscritos económico-filosóficos (com menos de 30 anos!)

A economia política e a moral 
- o "economista" 

A economia política (do capitalismo), dos clássicos e divulgadores, ciência da riqueza formou-se, ao mesmo tempo, como a ciência das privações, da poupança, da austeridade, e chega, na verdade, a poupar ao homem até a necessidade do ar puro ou do movimento físico ou os anos que possa viver. Esta ciência da maravilhosa indústria é também a ciência do ascetismo, e o seu verdadeiro "modelo" ideal é o avarento ascético e o escravo ascético… mas produtor. 
O seu ideal moral é o operário que leva para a ”caixa de poupança” (que na moderna idade são os bancos) uma parte do seu salário, ou que até o recebe através dessa "caixa", apenas retirando o indispensável, fazendo por ela todos os movimentos. Para glorificar este encantador ideal, não falta uma arte servil, e obras-primas se fizeram sobre o tema, abordando-o de várias maneiras. 
A economia política, se bem que se dê o ar de procurar a bem-aventurança terrestre, é na realidade uma ciência moral, a mais moral das ciências
A renúncia a si próprio, a renúncia à vida e a todas as necessidades humanas é uma sua tese central. Quanto menos tu comeres, quanto menos livros tu comprares, quanto menos tu fores ao teatro, ao bailado, aos locais de diversão, quanto menos tu pensares, tu amares, tu filosofares, quanto menos tu pintares, tu fizeres poemas, etc., etc., mais tu poupas, mais tu aumentas o teu tesouro, que não se satisfaz nem de migalhas menos ainda de grãos de poeira, o teu capital.
Tudo o que “o economista” te rouba de vida e de humanidade, te será compensado em dinheiro e em riqueza (ou crédito que o "financeiro" te "oferece"), e tudo o que tu não podes, o teu dinheiro poderá: este pode comer, beber, ir ao bailado, ao teatro; ele conhece a arte, a erudição, as curiosidades históricas, o poder político; ele pode viajar, ele pode arranjar-te tudo isso; ele pode comprar tudo isso; ele é o verdadeiro poder
Todas as paixões e todas as acções, toda a actividade é engolida na sede da posse, na ganância do eu-ter. Concede-se ao trabalhador, que é o outro e que produz e distribui, apenas o que ele precisa para que possa viver, isto é, produzir, distribuir, servir, e ele só pode querer viver para ter acesso àquilo de que necessita em sua austera vivência.

4 comentários:

João Filipe disse...

Infelismente a maioria das pessoas estão de tal maneira anestesiadas, que funcionam como autênticos "robôs" teleguiados à distância. Algumas na sua rotina diária nem dão conta que são manietadas, consumindo sem sentido crítico,e sem uma interrogação, toda o lixo que lhes é transmitido, seja pela via escrita, oral, ou audiovisual.
Cinema, teatro, pintura, música, ou qualquer outra forma de expressão cultural, a maioria não está para aí voltada, a formatação está feita ao contrário pelo capital. Os horizontes são infelizmente limitados, não passam, da rua, do bairro, ou aldeia de cada um. Por isso, a preocupação mor deste tipo de pessoas é o vizinho. O carro do vizinho, a mulher do vizinho, a filha, a vida dos vizinhos, enfim o “big brother”. Resquício de uma cultura fascista? Penso que sim! Abençoada pelos “cristãos novos” do PS, PSD e CDS, que tem estado e estão no poder.

Um abraço.
J. Filipe

J. Filipe disse...

Retifico o infelizmente, está de forma infeliz ficou com um "s" em vez de um "z".

J.F.

Olinda disse...

A economia polîtica capitalista,sô ê boa para os capitalistas.

Um beijo




Graciete Rietsch disse...

Os nossos políticos usam em seu benefício e benefício do grande capital, as lições de Marx porque o leem ao contrário.
Quando o Povo, o grande produtor, se der conta, ai deles!!!

Um beijo.