O aparelho ideológico da classe
dominante, ou (dito de outra maneira) a dominante e manipuladora informação
burguesa, tem destas coisas. Destas subtilezas brutais.
A juntar às aliciadoras “informações”
nos diários e semanários, sobre a “boa vida”, as saborosas gastronomias e os
turismos em lugares sonhados e inacessíveis,
às quotidianas e enganadoras
“informações” de diversos (e muitos são) hipermercados na caixa de correio,
sobre produtos com preços a descer e periódicos descontos formidáveis
às penetrantes e teimosamente
repetitivas “informações” (e imagens) em vários (e geminados) órgãos da
comunicação “social”, sobre o que se passa no país e no mundo devidamente
filtrado e ardilosamente manipulado,
apesar de tudo isso, ontem e
hoje fomos invadidos pela informação via e-mail em ante-visão e telemovelmente em
anúncios-“sapos” da publicação das histórias inspiradoras de 3-mulheres-3 “à frente do seu tempo”, das quais “uma tinha
um lado mais oculto, que aqui revelamos: quando dava pelo nome de Maria Armanda
e era, espante-se, uma mulher de esquerda…”. Espantoso[1]!
Pois
só venho dizer, se me dão licença…: quanto a mulheres inspiradoras e à frente
do seu tempo, cá deste lado da vida temos muitas para a troca! Ao acaso da
memória, cito Maria Lamas, Vírginia Moura, Cesina Bermudes. Repeso pelas
injustiças que a memória necessariamente cometeu ao ter apenas três nomes para
lembrar. Para a troca…
E
três nomes acrescento, como se anónimos fossem mas que vivos estão e do lado do
trabalho… não na luta por elas ignorada: Josefa, Josefina, Rosa.
...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.
José Gomes Ferreira
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.
José Gomes Ferreira
Luísa sobe,
sobe a
calçada,
sobe e não
pode
que vai
cansada
…
António Gedeão
[1] - espanto
por espanto, revelação por revelação… recordo que, numa dessas crónicas no
Diário Popular, sobre um programa de televisão, a que “dava pelo nome” que era o dela elogiou… a minha gravata(
2 comentários:
Nunca a (des)informação foi tão ignóbil ,como nestes tempos que percorremos.Mulheres inspiradoras temos tantas,que são incontáveis.Mas não as trocamos!Bjo
Inteiramente de acordo!
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