domingo, janeiro 10, 2021

REFLEXÕES LENTAS - as presidenciais e a contrafacção da democracia - 5

 Acabáramos (os que) de assistir a um debate diferente, em que os dois interlocutores afirmavam o que pode ter passado de moda mas, com clareza e sem ambiguidade, se chama soberania e patriotismo.

Cada um o fez à sua maneira. Um, evocando datas, como 1383 e Abril de 1974, que foram de afirmação dessa soberania, pela sua especificidade histórica, cultural, de tradições nossas; outro, muito simplesmente e com tocante sinceridade, respondia à pergunta porque não emigrara, dizendo que nascera português, queria viver português, queria morrer português.

 

Saboreava esse e outros pormenores (?) do debate, quando o roteiro do programa passou aos comentadores… Ainda ouvi o princípio da fala do primeiro.

Apresentado como politólogo (!?), ainda ouvi o escolhido “politólogo” (por quem?, por que valha-me deus?) afirmar, com ar soturno, que aquele debate revelava a importância de um outro candidato – e foi o único nome que referiu (!) – que viera, nesta campanha, “marcar a agenda política” (é de politólogo…), não acrescentando nem que tal acontecia por haver um perigo latente mas presente, assinalado mas não esclarecido com verdade e sentido de responsabilidade, antes servindo-o, ao dar-lhe uma publicidade e estatuto quando, constitucionalmente, há sérias dúvidas se deveria existir em País e povo que viveu 48 anos sob “modelo” que adopta, e que se procurou fazer sobreviver usando armas e acções que só têm um nome: terrorismo.

Por uma questão (egoísta?) de sanidade mental, pus de lado a reflexão que tal comentário me suscitou, saboreei o que ouvira antes, e vivi momentos de bem-aventurança, reservando para mais tarde as reflexões que aqui ficam, e com que tenho a intenção de encerrar esta série.


Esta sequência de debates, no quadro das eleições presidenciais 2021, no ambiente condicionador de uma epidemia que não desarma e que não estará a ter todo (e como) o combate à sua medida, foi (ou poderia ter sido… se ajudado por moderadores e comentadores, o que só se refere por quiçá incurável ingenuidade…), estes debates mereceriam mais reflexões… que não só estas. E que teve bem outras pseudo-reflexões, eivadas de pré-juizos, pré-conceitos, pré-concebidas conclusões, especulações com bases em sondagens não in-suspeitas, objectivos in-confessáveis, corpos redondos de gatos com rabos compridos e denunciadores.

 

Vivemos em economia de mercado, pronto, está bem… chame-se-lhe isso, mas  podem estar certos que, por grande que seja o animal, por rotunda e in-satisfeita a sua barrigona, há quem não tenha medo das suas garras e que, em herança de lutas anteriores (boa!, João Ferreira que nasceste depois de 1974), as continuam. E que aqui estão, centenárias… e jovens. 

1 comentário:

Olinda disse...

Como não tenho o sangue frio necessário para ver e ouvir visões que me tiram do sério e interferem no meu descanso nocturno,estas reflexões (e outras,também) são-me muito úteis.Estas presidenciais estão a atingir "o ponto perfeito"confeccionado por moderadores e comentadores.Bjo