terça-feira, janeiro 29, 2013

Não será demasiada cera para tão ruim defunto?

Numa das minhas (raras) incursões pelo facebook, vi-me envolvido (sem me envolver...) num turbilhão a propósito da recente morte de Jaime Neves. As suas promoções, as suas condecorações, o seu estatuto de "heroi nacional" ofendem, na verdade, quem  de Pátria e herocidade tem outros conceitos.
 Ainda se poderia compreender que, por espírito de corpo (militar), se vangloriasse quem, para além de militar, foi responsável e protagonista de episódios que se tornaram históricos pela crueldade e desumanidade. Mas os civis que estiveram a recato da guerra colonial e/ou dos seus horrores, e que a presidentes da República chegaram, não têm qualquer desculpa ou justificação para apagar os massacres de Tete e tudo o mais com a borracha do 25 de Novembro, assim heroicizando quem estaria disposto a trazer para Portugal o que protagonizou em Moçambique. E que outros, com bem mais ajustada heroicidade, evitaram não embarcando em aventuras e provocações.
Estarei a fazer o que pode ser tomado como velada ou não explícita crítica, ao gastar, também aqui, tanta cera com tão ruim defunto? Talvez, mas não resisto a ir aos arquivos da memória e a deles retirar um episódio da minha vida de editor (em parceria, e modesta, com outros bem mais editores que eu): a edição do livro de Alice Nicolau, na Prelo Editora-colecçãodocumentos, de Estes massacres que nos vêm do Vietnam. Esta foi uma forma de resistir à censura, ao fascismo, à guerra colonial, aos massacres que nos vinham, ou estavam para vir, de muito mais perto de nós, embora a muitos milhares de quilómetros.

1 comentário:

Olinda disse...

Daqui a 100 ou 299 anog,poderao fazer do homem ou arremedo de homem,um herôi,igual a tantos outros piratas histôricos.Agora,neste tempo,que ainda hâ tanta memôria viva,e conhecimento das barbaridades do canalha jaime neves,ê vergonhoso,o descaramento de certas personalidades,virem a terreiro com lisonjas a tao vil personagem.

Um beijo