.........................“Apoiar a igualdade de “chances” significa
.........................equiparar os alunos dotados
.........................a angolanos requerentes de asilo”
.........................(Ueli Maurer, presidente do principal partido
.........................(Ueli Maurer, presidente do principal partido
.........................suíço, Partido do Povo,
.........................in Expresso de sábado)
Que o mundo é feito de contrastes já por cá se sabia. Mas não era preciso exagerar tanto! Porque, assim, há os com trastes e há os sem trastes. E alguns há que são mesmo uns bons trastes.
Que a vida é feita de contradições deveria ser por todos sabido. Mas não valia a pena que as contradições estivessem tão em contradição com o humano ser.
E se o mundo é feito de contrastes e a vida de contradições, o homem é feito de hábitos (embora não façam o monge…), e, ao folhear o Expresso, que habitualmente leio ao fim de semana com prolongamento pela semana que entra, fiquei impressionado. Vejam lá, com esta idade e tudo o que vivi ainda me impressiono...
Ele foi, na página 15, «Isaltino (que) constrói bairro para “gente rica”», e eu a pensar na gente que vive no concelho de Oeiras e da Amadora, em verdadeiras “favelas”.
Ele foi, logo na página impar seguinte, na 17, os «cavalos (que) trazem “reis das Arábias” a Portugal», com os impressionantes (e insultuosos) números e cifrões (perdão, já não é $, é €) tudo aos milhões, menos os Porsches Cayenne Turbo alugados há semanas e que são só às dezenas, e os andares do Hotel Ritz (e parceiros) requisitados/reservados há meses e que são apenas às unidades, e eu a lembrar-me que, para o dia desse evento “hépico” (8 de Setembro) em Alcochete, estarei por ali perto, no meio de outra gente, de muita e variada outra gente, de outra festa (da Festa!), de outra vida para que a vida seja outra.
E viro as páginas à pressa – para delas me libertar, para afastar estes cálices de mim – mas ainda apanho com o «megaprojecto de “A nova Luanda”», que, ao ler em diagonal, me deixa confuso, triste, sei lá… e não consigo, eu que conheci Luanda em 1958, antes da guerra, e a conheci depois da guerra mas ainda guerra outra, com “carnavais da vitória”, ver o Mercado Roque Santeiro – a mais espantosa manifestação de sobrevivência e imaginação, ao nível de um povo que resiste, com tudo o que há de excelente e de péssimo no ser humano, e de onde vislumbrei(-me) com a deslumbrante baía de Luanda – “a dar lugar à construção de uma nova urbanização, que incluirá a edificação de uma gigantesca unidade hoteleira com capacidade para 700 quartos” e a imponentes “hipers” , “shoppings centers” e essas coisas.
Sei lá... Fico absorto. Diria, como o Cervantes disse, pelas bocas do D. Quixote e do Sancho Pança, que este mundo está mesmo torto, muito torto. E oscilo entre a vontade de desatar à espadeirada a todos os moinhos de vento e a desesperança tolstoiana, confinando-me – até me finar – a este cantinho do Zambujal.
A propósito (ou a despropósito), poderiam vir sheiks a cavalgar cheques, Isaltinos com gente rica atrás a a(ba)rrotar euros, empreendedores amarelos da China, pretos da África ou deslavados da Rússia pós-o-que-foi sempre à procura de Angólias e de Allgarves, toda essa chusma a querer também apropriar-se e ocupar este pedacinho desvalioso – porque nada lhes pode escapar… – e teriam uma resposta gritada aos berros, se preciso com apoio de caçadeira: não está à venda, nem a terra nem quem dela é dono!
E mandá-los-ia para a mãe deles, acossados por obscenidades que lhes largaria nas costas e nos rabos entre as pernas, com as quais, diga-se neste suponhamos, não quero ofender os olhos de quem me lê (se é que há…).
Que o mundo é feito de contrastes já por cá se sabia. Mas não era preciso exagerar tanto! Porque, assim, há os com trastes e há os sem trastes. E alguns há que são mesmo uns bons trastes.
Que a vida é feita de contradições deveria ser por todos sabido. Mas não valia a pena que as contradições estivessem tão em contradição com o humano ser.
E se o mundo é feito de contrastes e a vida de contradições, o homem é feito de hábitos (embora não façam o monge…), e, ao folhear o Expresso, que habitualmente leio ao fim de semana com prolongamento pela semana que entra, fiquei impressionado. Vejam lá, com esta idade e tudo o que vivi ainda me impressiono...
Ele foi, na página 15, «Isaltino (que) constrói bairro para “gente rica”», e eu a pensar na gente que vive no concelho de Oeiras e da Amadora, em verdadeiras “favelas”.
Ele foi, logo na página impar seguinte, na 17, os «cavalos (que) trazem “reis das Arábias” a Portugal», com os impressionantes (e insultuosos) números e cifrões (perdão, já não é $, é €) tudo aos milhões, menos os Porsches Cayenne Turbo alugados há semanas e que são só às dezenas, e os andares do Hotel Ritz (e parceiros) requisitados/reservados há meses e que são apenas às unidades, e eu a lembrar-me que, para o dia desse evento “hépico” (8 de Setembro) em Alcochete, estarei por ali perto, no meio de outra gente, de muita e variada outra gente, de outra festa (da Festa!), de outra vida para que a vida seja outra.
E viro as páginas à pressa – para delas me libertar, para afastar estes cálices de mim – mas ainda apanho com o «megaprojecto de “A nova Luanda”», que, ao ler em diagonal, me deixa confuso, triste, sei lá… e não consigo, eu que conheci Luanda em 1958, antes da guerra, e a conheci depois da guerra mas ainda guerra outra, com “carnavais da vitória”, ver o Mercado Roque Santeiro – a mais espantosa manifestação de sobrevivência e imaginação, ao nível de um povo que resiste, com tudo o que há de excelente e de péssimo no ser humano, e de onde vislumbrei(-me) com a deslumbrante baía de Luanda – “a dar lugar à construção de uma nova urbanização, que incluirá a edificação de uma gigantesca unidade hoteleira com capacidade para 700 quartos” e a imponentes “hipers” , “shoppings centers” e essas coisas.
Sei lá... Fico absorto. Diria, como o Cervantes disse, pelas bocas do D. Quixote e do Sancho Pança, que este mundo está mesmo torto, muito torto. E oscilo entre a vontade de desatar à espadeirada a todos os moinhos de vento e a desesperança tolstoiana, confinando-me – até me finar – a este cantinho do Zambujal.
A propósito (ou a despropósito), poderiam vir sheiks a cavalgar cheques, Isaltinos com gente rica atrás a a(ba)rrotar euros, empreendedores amarelos da China, pretos da África ou deslavados da Rússia pós-o-que-foi sempre à procura de Angólias e de Allgarves, toda essa chusma a querer também apropriar-se e ocupar este pedacinho desvalioso – porque nada lhes pode escapar… – e teriam uma resposta gritada aos berros, se preciso com apoio de caçadeira: não está à venda, nem a terra nem quem dela é dono!
E mandá-los-ia para a mãe deles, acossados por obscenidades que lhes largaria nas costas e nos rabos entre as pernas, com as quais, diga-se neste suponhamos, não quero ofender os olhos de quem me lê (se é que há…).
8 comentários:
Claro que há olhos que te lêem. Vários pares. Só que nem sempre comentam... e eu percebo que não o façam, até porque faço o mesmo...
É por estas e por outras que os 3 dias da Festa (e todos os anteriores, que também são Festa) nos "carregam baterias" para aguentarmos e nos dar mais força, ainda, para continuar a luta....
ò homem, viva vida que tem tanta coisa boa e deixe-se de azias. a vida não são só € e não fique tão agastado com partições e repartições... é que afinal, você que terra tem, parece mais aborrecido que os que terra não teem mas alegres vão vivendo a vida.
Começo pelo fim. Ó homem, alegre vou vivendo a vida. Mas responsavelmente.
A alegria com que vivo a vida não vem da terra e casa que tenho, embora estas me dêem muita alegria, porque é lá que sinto mergulhar as raízes.
Devo exprimir-me mal, porque não sofro de azia e se há coisa que sei e que pratico é que a vida não são €. Quanto às "partições e repartições" não será agastado o termo que traduz o que sinto. É a raiva que cresce enquanto a esperança se multiplica!
Saúde.
Maria, bom dia! Ou melhor, boa tarde... mas não rima.
Pois, as baterias! Por acaso não estão baixo - embora pareça que parecem... - mas a Festa dá reservas para a eventualidades de incidentes e acidentes que provoquem mau funcionamento...
Além de que, quando se escreve sobre o que é preciso ter coragem para enfrentar e escrever... não se fica lá muito eufórico!
Até já. Vou editar o 3º episódio para outra freguesia...
Com azia e azeda fico eu, com estas notícias sobre o pequeno rectângulo, terceiro mundista!
Construção de bairros para gente rica (como terão ganho o dinheiro?!!!),
Sultões, cavalos e milhões!
Corruptos e ladrões!
O país dos ricos, com mais de 10 milhões de pobres!
Conheço um homem paraplégico (40 anos), necessita urgentemente de fazer uma operação renal 5500 €, o Hospital público (Norte) não faz, só no privado!
Dizia-me ele hoje: “ Estou muito mal, não tenho dinheiro! o melhor é mesmo por termo à vida”. Não lhe respondi, para não lhe dar força à ideia!
A vida não é só cifrões. Porém, sem eles morre-se, sem saúde, sem dignidade, sem nada!
O Mundo vai mal!
Portugal bateu no fundo!
Para alguns, não Vale a Pena Lutar!
GR
Tantas estórias.
Há mais no novo blog
http://lampreiaseica.blogspot.com/
Apareçam!
É engraçado, estava eu a ler o que tu escreveste e a pensar que há pessoas que são capazes de ver injustiças gritantes e, comodamente, virarem a cara para o outro lado. O pior é que, ao virar da esquina, surge um "pobre" que, álém de não querer ver, fica incomodado por outros verem. Surge então,com um tom pretensamente irónico mas que apenas consegue ser rídiculamente intrometido, a lançar pérolas de sabedoria.Enfim,o que vale é a paciência ser uma qualidade tua que eu admiro. Eu, pela minha parte só posso dzer: "já não há pachorra".
E que tal este poema de Armindo Rodrigues (POETA muito esquecido, inclusive na blogosfera)?:
Homem,
abre os olhos e verás
em cada outro homem um irmão.
Homem,
as paixões que te consomem
não são boas nem más.
São a tua condição.
A paz,
porém,só a terás
quando o pão que os outros comem,
homem,
for igual ao teu pão.
Muito do que lemos é lido com olhos de nojo e não de desesperança. Se não sentimos o que lemos melhor será não abrir os peçonhentos jornais ditos de referência, e é na emoção que vamos buscar a força. Lembrei-me do meu "amigo" Matias Aires tão esquecido: «não há vitória sem combate, e se a há, é sem glória, e sem merecimento. Contra campo aberto não há desejo, nem ardor; a vaidade tem repugnância em entrar pacificamente, armada sim; a muralha incita, porque impede.»
Enviar um comentário