Durante o dia,
que se prolongou pela noite
Durante o resto do dia, no turbilhão do trabalho - que muito era sempre, e ele ainda lhe somou aquelas "habilidades" -, distraiu a vontade de telefonar e, quando chegou a noite, quando finalmente falou para ela, não lhe disse nada da mudança. E ficou surpreendido e irritado.
Primeiro, por ela nada lhe ter perguntado. Depois, por ele próprio ter calado o que não lhe saía da cabeça.
Na cama do hotel de Estrasburgo, o sono não queria terminar aquele dia, como o cansaço habitualmente o apressava.
Até lhe viria a parecer que não teria mesmo chegado. Dormia, se dormia, pouco e mal. E, se não tinha razões para isso, foi‑as inventado.
Magoava-o, sobretudo, o desinteresse dela, o não lhe ter perguntado se ele conseguira alguma coisa com os esforços que lhe dissera ir fazer. Custava-lhe que ela não lhe tivesse perguntado se ele conseguira o que, afinal, conseguira mesmo.
Sentia irritação e amuo. Só atenuados, ou impedidos de crescer, por se lembrar vagamente que lhe teria dito, antes, no telefonema anunciador da “catástrofe”, que seria quase impossível vir a ter bons resultados nessas eventuais tentativas, que nem valia a pena esperar.
No entanto…
2 comentários:
A culpa de toda esta irritação e stress deve-se à palavra, Saudade!
Saudade “dela”!
Saudade dos locais!
Saudade!
Reparo que neste conto, os personagens não têm nomes próprios.
Porém, está muito perceptível.
Estou a gostar bastante.
GR
Tenta ver de outra maneira: ela podia querer tanto, tanto, que pudesses ter alterado a reunião que não perguntou nada por ter "medo" da resposta...
... sem "aparentemente querer saber", podia continuar a sonhar...
Vou agora passar ao capítulo seguinte.
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