sábado, maio 31, 2008

Ah!... há crise?...

Há definições para crise económica, ou crise na economia. Tecnocráticas e outras...
Não valerá muito a pena ver se a situação preenche os requisitos para que se diga que há crise porque parece ter-se atingido a consensualidade.
Com as vítimas do costume e os culpados de sempre, que nem arguidos se consentem assumir.
Tenho para mim - cá pelo meu lado... - que a crise é do sistema ou modo de produção capitalista, e começou há décadas que somam quase um século. É evidente que, para o dizer, me insiro numa perspectiva histórica que não tem a dimensão temporal da nossa existência individual, e que afirma que o capitalismo - como modo e relação social de produção - começou em crise quando essa relação social, que outras substituíra representando progresso sócio-histórico, entrou em colisão com o carácter das forças produtivas em constante (mas não linear) desenvolvimento e socialização.
E... ponto final porque não tenho qualquer pretensão de avançar por uma exposição sobre materialismo histórico. Evidentemente discutível, isto é, que estaria aberta à discussão. O que não é o caso dos apologetas e próceres do capitalismo, que sempre decretam a indiscutível perenidade do sistema e que, começando por negar a(s) crise(s), quando a(s) têm de reconhecer, tudo fazem menos beliscar o que lhe(s) está na raíz, a obsolescência das relações sociais que a definem.
Depois, além de se procurarem formas de ultrapassar a(s) crise(s) que adiam, e agravam, e alastram a situações futuras, há sempre o confronto com a crise de 1929, que foi aquela, naquele estádio do capitalismo. Ora é vital (escolhi a palavra!) ter bem presente o que "dessa crise" resultou: uma radicalização do sistema na busca de preservação das relações sociais e... uma guerra mundial. O que assusta é que não faltam sinais de uma (outra) radicalização, de focos de guerra, de "criação de inimigos", e hoje, quase 80 anos passados, o desenvolvimento das forças produtivos apetrechou a (des)humanidade de tal poder de destruição que... a paz é uma necessidade! Não é uma necessidade para ----- é uma necessidade! Intrínseca à Humanidade.
Ando a afirmá-lo há décadas. Do que não me vanglorio, até porque parece que nada vale ter dito coisas quando, por exemplo, o previsto (por outros e também, modestamente, por mim) passa a ser afirmado como sua previsão por quem nos silenciava, ou negava, se silenciar não podia, chamando-nos catastrofistas. Mas apenas parece não ter valido a pena... porque o previsto e prevenido escorou a luta e fá-la, hoje, mais forte.

11 comentários:

samuel disse...

De facto, ter razão "antes do tempo", eu diria na altura certa, mas adiante... é uma dupla irritação. A primeira, quando parece que se está a falar para portões de quinta. A segunda, quando alguns desses portões de quinta reproduzem o que dissémos dez anos antes, como se tivessem acabado de o pensar.
E se passássemos a registar tudo o que dizemos (pelo menos ajgumas coisas) na Sociedade Portuguesa de Autores?
Vamos sondar o Manel, companheiro. Suspeito que andamos há muitos anos a perder uma data de massa em "direitos". :)

Abraço

Justine disse...

Importante este teu post, na clareza do exposto e na razão do que dizes.
E porque não avançar pelo materialismo histórico? A gente precisa aprender!

Sérgio Ribeiro disse...

Samuel, é isso tudo. A dupla irritação. Mas nem me importa muito se foi importante no momento do dito, se foi adubo para a luta.
Quanto à SPA e aos direitos, trocava tudo por uma "edição de autor", sem direitos mas com muitos exemplares a distribuir pela "malta"... e que a "malta" lesse.

Justine, ora vamos lá a isso. Em inter-actividade... pedagógica.

Anónimo disse...

-Sim também gostava de aprender algo sobre o materialismo histórico!
afonso

Anónimo disse...

Faço minhas todas as palavras da Justine.
Fico à espera do resultado do vosso mútuo desafio.
É que "isto" está cada vez mais complicado e é preciso entender "as manhas dos animais". Falo, evidentemente, pela parte que me toca.

Campaniça

samuel disse...

Regressando só para dizer que gostei muito do "As lições de Maio de 68 em França", que acabei de ler.

Abraço

Sérgio Ribeiro disse...

Falando muito a sério: o desafio é muito aliciante mas há que ter em atenção que existe, sempre, o enorme perigo da "manualização" redutora. E já a pagámos muito cara!
Se há matéria em que o reducionismo é tão perigoso que chega a ser criminoso, aí temos o marxismo(-leninismo). Porque só se pode escorar numa base conceptual de enorme exigência, e na realidade, na análise concreta das condições concretas. Fazendo uso de uma metodologia dialéctica em que A é também não-A e a síntese é, também e logo, a nova tese que tem a sua antítese. E por aí fora...
Além de que o objecto é, também, o sujeito que o observa e o estuda. Alto!, não quero entrar em filosofanças, que disso nada sei porque pouco estudei e já tão pouco me sobra para estudar...
Mas é tão aliciante o vosso desafio! Vêem? Quis dizer do aliciante e das dificuldades, e embrulhei-me todo, redutoramente, na fuga ao reducionismo.
Devia apagar o comentário... mas vou carregar no enter. Seja o que deus quiser!

Justine disse...

Não sei a que deus te referes, mas vários deuses me comunicaram - não perguntes como - que de filosofia sabes o suficiente para bem filosofares. Portanto,e por isso mesmo, vamos lá começar as explanações, sem desculpas!

Fernando Samuel disse...

Então, por unanimidade e aclamação, passemos ao materialismo histórico: Vá lá...

Anónimo disse...

-Aplausos

afonso

GR disse...

Chego tarde (só hoje) cheia de dúvidas e preocupações.
Materialismo-histórico, vou virar a página e começar a ler-te que bom!

GR