terça-feira, junho 03, 2008

Materialismo Histórico - 1

Parece que não resisto a um desafio (honesto)…
Mas com condições!
Duas vezes por semana (em princípio às 3ªs. e 6ªs.) vou colocar aqui um post sobre o tal materialismo histórico.
Não tenho um plano de publicação, embora tenha, claro, umas ideias mestras e sequentes. Tudo dependerá da "inter-actividade". Se houver comentários, com críticas, com perguntas, com dúvidas, com reservas, esses comentários condicionarão a sequência. Se não houver comentários… não haverá sequência!
Começo nesta 3ª. E com esta introdução:

O materialismo histórico (mh) estuda a sociedade e as leis do seu desenvolvimento. É parte integrante da concepção marxista-leninista da vida e do mundo, e procura dar uma interpretação científica, dialéctica e materialista, dos factos da vida social.
O mh trata dos problemas gerais do desenvolvimento histórico, como os das relações entre o ser humano e o meio em que se insere, das relações entre os seres humanos, da importância da produção material, da origem e lugar das ideias, da consciência social e das instituições.
O mh procura permitir a compreensão do papel do trabalho, e do que os trabalhadores, os povos e as indivídualidades representam na História, como se formam as classes e a luta de classes, como surgem as cidades e os Estados, porque há revoluções sociais e qual o seu significado histórico.
Nenhuma ciência social (economia política, história, sociologia, estética, etc.) pode desenvolver-se sem o mh, sem o conhecimento das leis gerais do desenvolvimento da sociedade, sendo a base metodológica de todas as outras ciências sociais.
O conhecimento das leis do mh – leis que ou podem ser gerais a todas as fases do desenvolvimento social, ou podem ser específicas de determinadas etapas do desenvolvimento da sociedade – permite agir sobre a vida social, transformá-la.

13 comentários:

Justine disse...

Introdução compreendida, parece que para avançar há que conhecer de imediato as tais leis do mh. Começamos por aí?
Depois, as dúvidas irão surgindo...

Anónimo disse...

Então podes começar,eu já piquei o ponto!

samuel disse...

"Avâncemos" pois!

Anónimo disse...

Muito útil e pertinente esta tua empreitada camarada.

Só uma breve nota.

Tu escreves: «Nenhuma ciência social (economia política, história, sociologia, estética, etc.) pode desenvolver-se sem o mh, sem o conhecimento das leis gerais do desenvolvimento da sociedade, sendo a base metodológica de todas as outras ciências sociais.»

Em primeiro lugar, é a teoria social burguesa que defendeu a ultra-especialização e, pior do que isso, separou em compartimentos estanques as ditas várias ciências sociais. De facto, no meu entender não há sociologia por si só, nem economia por si só, nem filosofia por si só... Na verdade, a abordagem ao real-social pode partir de distintas perspectivas teóricas e com diferentes conceitos e municiando diferentes técnicas e metodologias. Contudo, cristalizar uma visão disciplinar sem interligar com as restantes é redutor. Por isso é que eu considero que o Marx foi, entre outros motivos, um pensador genial. Ele não foi um filósofo ou um economista ou um sociólogo. Ele foi isso tudo precisamente porque tinha a perspectiva de totalidade social que quase sempre escapa à teoria social burguesa. (Esta questão da ausência da totalidade social na teoria burguesa parece-me ser uma forte limitação teórica proveniente de uma visão enviesada de classe, o que demonstra como a produção de conhecimento nunca está desfasada do campo da luta de classes. Mas isso é outra questão mais profunda e morosa...).

Por outro lado, a questão da perspectiva sobre o real merece ser problematizada. Quer dizer, é verdade que há abordagens disciplinares com recortes distintos (e que importa complementar como disse acima). Mas mais do que esta perspectiva epistemológica há uma outra muito mais relevante e que constitui, quanto a mim, a diferença estrutural do MH relativamente à teoria social burguesa: o seu ponto de vista de classe. O MH é, para ser muito simples, a ciência social feita a partir do ponto de vista da classe trabalhadora. O MH tem uma perspectiva não só de totalidade mas integra uma perspectiva - de análise e de transformação - a partir da visão do proletariado sobre o seu lugar na sociedade e sobre o seu lugar no desenvolvimento histórico do capitalismo. Esse é outro aspecto a reter, para que o nosso trabalho quotidiano de luta leve a ciência marxista aos trabalhadores em luta e, por sua vez, retire ensinamentos da vida real e concreta onde se manifesta a luta de classes em estado bruto.

Já me alonguei demasiado e peço desculpa pelo exagero...

Mais uma vez parabéns por este teu rigoroso e importante trabalho de formação ideológica.

Um abraço

Anónimo disse...

Sérgio, isto promete. Estou a ficar cada vez mais interessada.

Campaniça

Anónimo disse...

Eu vou guardar. força, camarada, somos todos ouvidos.

Anónimo disse...

O anómimo S sou eu.

Maria disse...

Começas bem.... (também sei que nunca irias começar mal...). Mas digo começas bem porque começas por onde deve ser, o princípio, e porque o post desperta interesse logo no início. Queria ler mais, mas tenho que esperar por sexta-feira...

Anónimo disse...

Só para saberes que eu vou ser seguidora atenta (como sempre) embora nem sempre o manifeste, aqui fica a assinatura e um antecipado agradecimento pelo que te propões dar-nos. Dúvidas? Quando surgirem logo as comunicarei. Abraços

Fernando Samuel disse...

Pronto: já me convenceste...
Venha mais.
Abraço.

GR disse...

Ia avisar o João A., ele tanto gosta destas discussões.
Não disse? o João já está na primeira fila.
Vamos a isso!

GR

Sérgio Ribeiro disse...

Meto-me em cada uma! Ou melhor, eu meto-me em cada uma em que vv. me metem... Mas estou estimulado. Muito. Pela vossa expectativa.
E, para já, até para exemplificar a regra da inter-actividade, sem que nada tivesse sido combinado!, a justine, no 1º comentário, já me deu o tema para 6ª: mh e as leis. Faz boa "ponte".
O joão aguiar, se eu conseguir não o desmotivar, vai dar uma ajuda particular. Vamos a isso.

Guilherme da Fonseca-Statter disse...

Para já gostei de passar por aqui.
A "coisa" é, no mínimo, interessante. E digo isto não no sentido cínico em que alguns profs mais ou menos catedráticos dizem das "teses alheias".
É interessante pela razão muito simples de que "isto" tem mesmo interesse!!!
A abertura é simples, directa e consisa. E dá muito "pano para mangas" que Sérgio Ribeiro certamente desdobrará. O comentário de João Aguiar, por seu lado, também "tem algo que se lhe diga".
A esse respeito parece-me que a formulação "a ciência social feita a partir do ponto de vista da classe trabalhadora", seria melhor substituída por "a ciência social feita a partir do ponto de vista dos interesses do Trabalho". Mas, se calhar é apenas um pedantismo meu e desnecessário.
Cordiais saudações,
Guilherme da Fonseca-Statter