quarta-feira, agosto 20, 2008

Estamos sempre contra tudo e contra todos?

Assim dizem de nós.
Porque estivemos contra Soares, e contra Cavaco (e uns que houve pelo meio), e contra Guterres, e contra Durão, e contra Santana, e contra Sócrates.
E assim, agora, pensam calar o que justifica que estejamos contra Sócrates. Estaríamos contra Sócrates como teríamos estado contra Santana, e contra Durão, e contra Guterres, e contra Cavaco, e contra Soares (e uns que houve pelo meio). Contra tudo e contra todos. Sempre.
Pois bem, não estamos contra tudo e contra todos. Estamos contra o que sempre estivemos: estamos contra a política que, desde 1976, estes sucessivos governos têm prosseguido, com estes nomes como protagonistas.
Em 1976, no 1º governo constitucional, entre um caminho (difícil?, sim!, decerto) de independência e de soberania nacionais, de uma economia aproveitando recursos nossos numa estratégia de “emprego e necessidades essenciais”, no quadro de uma democracia avançada porque participada
e um caminho de sujeição aos ajustamentos estruturais, de cartas ao FMI, de “Europa connosco”, de recuperação da prevalência e domínio do económico-financeiros sobre o político-social,
foi este o que se escolheu.
Depois, sendo este o caminho, entre uma negociação com a CEE em que se defendessem os nossos interesses e especificidades, com os recursos marinhos e as potencialidades naturais a serem nossa “arma” e nossa “trincheira”,
e uma subserviência aos ditames da subordinação da sociedade e da economia portuguesas a um europeísmo e a um iberismo de cópia e imitação, com um papel subalterno e crescentemente dependente na divisão europeia e global capitalista do trabalho,
foi esta via que se prosseguiu. Antes e depois da adesão, de Maastrich, da UEM e moeda única, da estratégia de Lisboa, da Jugoslávia, do Afeganistão, do Iraque, da “Constituição Europeia” (e seu tratado reformado). Sempre, sempre ao lado das posições politicamente mais recuadas, socialmente mais perniciosas. E, internamente, com a economia cada vez mais dependente, com os recursos nossos desaproveitados, quase sempre em desconvergência, com uma situação social dos trabalhadores e do povo sistematicamente na cauda e a ser ultrapassada por outros povos.

Por isso, não estamos sempre contra tudo e contra todos, estamos contra o que sempre estivemos. Porque as opções políticas serviram o contrário do que defendemos, e têm sido continuamente agravadas, numa euforia de optimismos balofos, numa sucessão de esperanças frustradas, num demissionismo inaceitável em termos pátrios.

12 comentários:

Anónimo disse...

-Estamos contra tudo que cheire a capitalismo e isso é Bom. Ainda bem que estamos sempre contra os gajos. O que eles querem é chupetas e colo.
a.ferreira

Anónimo disse...

Mensagem clara,concisa e precisa, que só precisa ser divulgada,assimilada e levada à prática, trazendo à luta, mais e mais gente honesta,esclarecida e patriota!

Abraço

Maria disse...

Estamos contra o que sempre estivemos, como dizes: a política sempre de direita que os vários governos foram adoptando.
E da luta não abdicaremos, por dever pátrio, porque queremos um futuro melhor e mais igualitário, porque a defesa dos interesses de quem trabalha é a nossa bandeira.
E por muito que tentem não nos calam...

Abraço

samuel disse...

Queres ver que ainda por cima somos nós os culpados por ELES estarem SEMPRE a fazer TUDO aquilo... com que sempre fomos contra?!
Ai!!!...

Abraço

Fernando Samuel disse...

Excelente!

(por isso estamos pelo que sempre estivemos)

Abraço.

Anónimo disse...

Estamos a favor de tudo aquilo que eles estão contra.

Bom texto!

samuel disse...

As últimas palavras não eram para ser "com que sempre fomos contra?!", pois estas pertenciam a outro texto que foi apagado. Seriam quase as mesmas palavras... mas quase ao contrário.
Não vale a pena emendar. Dá para entender, não dá?

Anónimo disse...

Há dois lados... de que lado estamos?
No meio, na corda bamba, os equilibristas.

Anónimo disse...

Será que, esta canalha não vai ter a resposta que merece dentro de pouco tempo?
Até os menos esclarecidos, já começam a ter dúvidas, ao sentiram tão grande descaramento, e ainda com a agravante de constactarem que, as dificuldades são maiores a cada dia que passa!
Dá para perceber o porquê, dos comunistas estarem sempre contra. o nosso estar contra é pelos factos que tu muito bem esclareces neste post.
Abraço

Justine disse...

Está claro, está bem escrito, disseste tudo, e tudo foi dito pelos comentaristas. Estamos todos de acordo...:))

Sérgio Ribeiro disse...

... menos eles...

Hilário disse...

ESTIVEMOS, ESTAMOS E CONTINUAREMOS A ESTAR!
MAGNIFICA MENSAGEM.