quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Entranhar, desentranhar... e base teórica

Na elaboração de um texto de reflexões sobre o contributo de Marx para o marxismo, que venho empreendendo há meses - e que de que me servirei, entre outros possíveis aproveitamentos, para extrair a participação na iniciativa Marx em Maio -, ao escrever uma espécie de introdução, impôs-se-me um trecho sobre como se entranha ser comunista no ser humano e, na sequência, um outro como se pode desentranhar, no percurso de vida do humano ser, essa qualidade (se qualidade se pode chamar a tal condição, tal como a considero).
Num anterior "post", antecipei, a qualquer outro aproveitamento, a publicidade do rascunho - que ainda assim é - da reflexão sobre a questão de não se nascer comunista e de como tal condição se pode entranhar no ser humano (a 26 de Fevereiro e, neste dia, por razões muito minhas...).
Na sequência desse trecho, estoutro se tornou oportuno e necessário, rascunho de umas páginas adiante. Que, agora, se traz ao escrutínio desta prova de fogo de o tirar da sombras das páginas reservadas e "secretas" e trazer à luz da possível (e também improvável ou por provar) leitura e reflexão de outros.

«(...) Assim começou o marxismo a ser base teórica para os comunistas e o seu partido. E a poder fundamentar, pelo conhecimento e pela compreensão (ou intelectualização), a via para o ser humano chegar a ser comunista.
Mas, tal como, por essa via, se pode entranhar a condição de ser comunista, também se pode ela “desentranhar”.
O que pode com alguma facilidade (ou até fatalidade) acontecer se as circunstâncias que levaram à condição se confinarem ao nível do intelecto, se esse pensar ser comunista não for acompanhado por uma prática de ser comunista, com outros, em colectivos organizados e em espaços sempre disponíveis para a discussão do modo (não do modelo!) de se ser comunista no tempo histórico presente e no espaço em que se vive.
Aliás, e como mero parêntese, é tão precária e frágil a adopção individual de uma concepção de vida e de ser humano quanto a circunstancialidade que a ela levou, e essa mesma precariedade e fragilidade pode funcionar em sentido inverso, pode levar ao abandono da concepção de vida e de ser humano, por desentendimento entre camaradas, por acidente físico, desde um desastre de automóvel a um AVC, ou por outro tipo de acidente, como uma paixão intempestiva (alguma não o é?) que vire do(s) seu(s) avesso(s) um ou dois (e/ou outros ligados a esses dois).

O que é inequívoco é que há uma base teórica para se ser comunista, base teórica que assenta no Manifesto e se reforça no que Marx (e Engels) continuaram escrevendo (e manuscrevendo), e no que Lenine levou à prática, como Partido e Estado e experiência histórica, e que exige constante confronto com a actualidade, e permanente actualização.
Dir-se-á, ou haverá quem contraponha, que há outras bases teóricas do comunismo que não as aqui referidas. Serão as suas, as de quem assim diz ou contrapõe…
(...)»

1 comentário:

Mário Pinto disse...

O modo é importante, pois.

Um abraço