sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Os Tartufos

Como empresário que sou (agora em muito pequeno part-time, depois de algumas bem sucedidas experiências... não do ponto de vista de multiplicar capital mas de aplicar poupanças), fui convidado para o jantar da respectiva associação. Jantares a que tenho assistido, e em que tenho ouvido oradores com quem nada me identifico. Desta vez, o orador convidado foi João César das Neves, professor da Universidade Católica. Por quem nutro uma particular discordância e explicável alergia. Desconhecidas por ele... 
Com simpatia e deontologia, agradeci e recusei o convite, dizendo da minha incapacidade (porventura resultante da idade...) de estar a ouvir coisas com as quais discordo inteiramente, ditas com ar de quem conta "graças", com grande poder comunicacional, e não poder fazer mais do que não me associar ao aplauso que, decerto, iria culminar a sua oração... de sabença.
Pois aquele exemplar moderno do Tartufo (personagem de Molière, hipócrita, beato falso, diz o dicionário) fez, com o êxito habitual, o "seu número" de muita espuma, plumas e chistes, de que pensava ter-me livrado (ah! se fosse um debate "à séria", como eu gostaria!...), mas não me livrei de ler a notícia no jornal da terra, com algumas transcrições elucidativas.
Entre outras coisas, sobre o das Neves li que "numa análise bem disposta da crise, o professor da Universidade Católica comparou a situação de Portugal com a da Grécia, onde há manifestações". Isto na véspera de uma manifestação em Lisboa que encheu o Terreiro do Paço, com mais de 300 mil pessoas, gente, homens e mulheres, muitos deles a viverem dias muito difíceis, outros a tentarem que não sejam ainda piorem os dias futuros! 
Aliás, sobre o tema, o das Neves disse, segundo a reportagem, que «aqui "não há manifestações de pobres", mas de "privilegiados que não querem perder os privilégios"». E mais disse, com a sobranceria e o desprezo com que encara a luta social, que "tivemos uma meia greve geral".
Pois bem, teremos a outra metade da greve à César das Neves" a 22 de Março, que será mais uma inteira e enorme  GREVE GERAL, como foi gigantesca a manifestação de 11 de Fevereiro.
Mas gente como o economista (?) César das Neves só reconhece manifestações e greves completas quando há confrontos com a polícia, se queimam lojas, automóveis e prédios (atenção aos provocadores!). Não é a nossa maneira de fazer a luta. A luta que continua. Contínua
Assim queremos continuar!

5 comentários:

Justine disse...

Denunciar fulanos como esse(ah como me apetecia usar um bom vernáculo para classificar o fulano)também faz parte da luta!
E como está bem denunciado...

samuel disse...

Mas não seria possível, apenas no caso particular do das Neves, abrir uma excepção? Adorava ver alguém, que sabe um dos "privilegiados" que ele insulta... partir-lhe o focinho.

Abraço.

samuel disse...

"quem sabe"

Como isto anda, se eu ficasse a dever este "m", sabe-se lá quantos alfabetos inteiros teria que pagar daqui por uns meses!? :-)

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Como esse há muitos,infelizmente.
Como é possível tal comportamento de verdadeiro ultraje a quem sofre. E são tantos!!!!!!!!

Um beijo.

Olinda disse...

O das neves,para além de facho,revela um grande desconhecimento das condiçoes socio-económicas das massas que se manifestam e fazem greve.