terça-feira, agosto 28, 2012

Desemprego - conceitos e números - 5 (no feminino)

Ontem, tinha a intenção de colocar mais um"post" sobre o sexo na população activa. Até para dar alguma importância ao mistério da D, População Activa, que tem vindo, ao longo dos séculos a feminizar-se , como lhe é próprio da designação.
Como há anos (décadas!) venho observando, um dos sinais contemporâneos do progresso social tem sido o de mudança da "condição feminina". Se estivesse (ou quando estiver) disponível para/habilitado a aprofundar o que se trata de mera observação e registo, estou certo que chegaria a resultados interessantes. Nestas reflexões sobre a população activa, e a sua representação estatística por sexos, encontram-se sinais quase a exigirem esse aprofundamento. 
Desde a década de 60 do século passado, a mudança da relação entre os sexos, no nosso mundo ocidental, tem sido tão grande que os contemporâneos a notam se estiverem minimamente atentos ao modo como vivem. Na relação a dois, na divisão de trabalho, na assumpção da maternidade/paternidade, em todas as vertentes da vida social.
Nesta abordagem da população activa, apesar das reservas a terem de se considerar nas representações estatístivas, os sinais são evidentes.
Em 1974, a parcela feminina da população activa era de 39,4% e em 1990, no tempo em que, com a colaboração do Luís Afonso, elaborei, no Diário, o "folhetim" O Mistério da D. População Activa, era de 43,4%.
Pela tabela e gráfico dos números do século XXI vê-se que essa evolução se manteve, tendencialmente, até ao ano de 2010, em que atingiu 47,5%, de acordo com a metodogia adoptada em 1998, o que permite comparabilidade (embora sem anular as reservas).

No entanto, em 2011 deu-se uma inversão na evolução. Não só na população activa como na sua componente emprego, o que provocou o facto, que se estima histórico, de, neste trimestre de 2012, a percentagem  de desempregados ter sido superior à percentagem de desempregadas, como reflexo da saída da mulheres da população activa.
É certo que houve uma alteração metodológica(*), que veio perturbar a comparabilidade, mas a observação das evoluções tem um significado da maior relevância. e é de degenerescência social. (anti)histórica. Espera-se (e por isso se deve lutar) que seja transitória.

Até porque outros sinais não deixaram de aparecer, como o facto de na 100ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho, de 2011, ter sido aprovada a inclusão de um capítulo específico para os empregados/empregadas domésticas na Convenção 102 da OIT, que determina a concessão de alguns direitos básicos como aposentadoria, salário-família, pensão por morte, dentre outros benefícios para essa assim considerada categoria profissional. Trata-se de um sinal. Dos que são alimentados pela/alimentam a luta e dizem que ela vale a pena. Só há que a continuar.

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(*) - Alterações metodológicas significativas no que respeita ao modo de recolha da informação assoà introdução do modo telefónico, da consequente alteração do questionário e da adopção de novas tecnologias no processo de desenvolvimento e supervisão do trabalho de campo.

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Mesmo assim o desmprego nas mulheres já é mais baixo que nos homens! Será porque elas são mão de obra mais barata?

Um beijo.