domingo, maio 22, 2016

Reflexões lentas com "o princípio da incerteza" na "nova era dos monopólios"

A propósito de “o princípio da incerteza”
ou da incerteza por princípio

notas de um (quase) diário:

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tem algo de constrangedor ouvir dizer coisas muito estudadas, a partir e com base em conceitos como quem usa um abcedário que não tem a primeiras letras (o ABC) e muito investiga e discorre de D a Z.

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Antes manusear modestamente todo o alfabeto que fazer malabarismos exuberantes com o alfabeto amputado de letras que são básicas, essenciais para a compreensão da escrita e leitura.

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Como falar de dinheiro, crédito, banca, investimento, economia, ignorando necessidades, recursos, trabalho, relações sociais?

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Como fazer tábua rasa da razão de ser da moeda, apenas instrumento na epiderme das relações entre os seres humanos?

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Sim, do dinheiro!

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Sim, como começar a História da Humanidade a meio caminho (“meio” é força de expressão…), ignorando tudo o que foi História até esse começo a meio, com os séculos e milénios como única escala?

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Sim, meus caros coevos, será que as trocas, a moeda, o dinheiro, a poupança (i.é., a entrada do tempo na História), o crédito com base no poupado, nasceram com o capital, ou seja, com as relações sociais em que força de trabalho é mercadoria?

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Perguntado de outra maneira: será que não vos bastava aceitar (nalguns casos, em resignado estatuto de orfandade) que o capitalismo seria o fim da História.

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E até sendo isso duvidoso – como duvidoso parece ser o que seja o capitalismo –, têm de se apoiar no engano de que o capitalismo é o princípio de tudo, isto é, também o princípio da História?

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O dinheiro não é o que o capitalismo faz dele, mas aquilo para que foi criado e que depois, pelo capitalismo no seu funcionamento – na correlação de forças sociais em luta de classes –, foi sendo ao ser pervertido pelo uso e abuso, pela especulação e fraude.

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“O princípio da incerteza”?, e porque não começar pelo princípio dos princípios?, sem certezas!

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E assim me deitei, com estas incómodas e irritadas (mas revivificadoras) reflexões, e me levantei, hoje, a ler o Spiglitz no Expresso-Economia.

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Comecei bem com o seu “pensamento não convencional”, desta feita com o título de A nova era do monopóllo:

“Concorrência é algo que os mercados muitas vezes não têm. Isso tem consequências, desde logo na desigualdade.”

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Embora, desde logo…, se impusesse explicar bem a que se refere essa coisa da desigualdade, ou a que se referencia, o artigo explana sabença académico/prática para acabar assim:

(…)


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Será admissível que o respeitado Nobel desconheça (com tão silenciosa soberba…) contributos de Marx e de muitos que, por mais modestos, o têm  continuado na crítica da economia política, onde se inclui o trabalho teórico sobre os monopólios?

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Ou a alergia a certas palavras, ou os preconceitos…, são tão fortes que obnubilam tudo o que se use terminologias como concentração e centralização de capital?

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E assim passei a manhã.

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Mas hoje não é domingo?

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Vamos a ele!

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