sexta-feira, março 20, 2020

Em inventário permanente

Um economista (de profissão, tal como a economia se definia quando se formou e reformou) tem de ser também um conta bilista, e este deve funcionar em inventário permanente.
Dito isto, aí vai... para balanço:

Li, esta manhã, no Expresso curto:


"(...) Prosseguimos o esforço para por cobro a algo que, afinal, talvez já pudéssemos ter previsto e estar a combater há muito.(...)"

Reli, de a(post)ado, em tradução minha, de Le Grand Soir, a 10 de Março: 

"10 de março de 2020

Coronavírus: o testemunho de um virologista

Bruno CANARD

Chamo-me Bruno Canard, sou director de pesquisa do CNRS em Aix-Marselha. A minha equipa trabalha com vírus RNA (ácido ribonucleico), que inclue os coronavírus. Em 2002, a nossa jovem equipa estava a trabalhar sobre a dengue, pelo que fui convidado para uma conferência internacional onde era tema os coronavírus, uma grande família de vírus que eu não conhecia. Então, em 2003, surgiu a epidemia de SARS (síndroma respiratória aguda grave) e a União Europeia lançou importantes programas de pesquisa para tentar não ser apanhada de surpresa em caso de emergência. 
(...)
Na minha equipa, participamos em redes de colaboração europeias, o que nos levou a encontrar resultados a partir de 2004. Mas, em pesquisas virais, na Europa e na França, a tendência é colocar o pacote no caso de uma epidemia, e depois esquece-se. 
(...)
A ciência não funciona com urgência e resposta imediata.
Na minha equipa, continuamos a trabalhar no vírus da coronavírus, mas com fraco financiamento e em condições de trabalho que gradualmente se deterioram.
(...)
Pensei que tínhamos momentaneamente perdido o jogo.
Perguntei-me se tudo isto era realmente útil para a sociedade, e se eu ainda estava apaixonado por esta profissão?
Perguntei-me, muitas vezes, se iria mudar para um emprego desinteressante ou prejudicial à sociedade, e no qual seria muito bem pago?
Não, na verdade não.
Espero ter feito ouvir, pela minha voz, a cólera legítima que está tão presente no ambiente universitário e na investigação pública em geral.


Assim se vive neste lado a ocidente do mundo,
neste "mundo" capitalista,
onde tudo se mercandiza
(antes de tudo, a força de trabalho),
tudo, de tudo e em tudo, 
se financeiriza,
se quer colher lucro
antes de tudo,
sobre tudo!

Mas...
há mais mundo!

1 comentário:

Justine disse...

A oeste nada de novo...mas a leste tanto para apreender, para implementar por estes lados!