segunda-feira, janeiro 11, 2021

REFLEXÕES LENTAS - ainda os debates

 Acompanhámos, nos limites do possível e da capacidade de resistência do sistema neuro-vegetativo, muitos dos debates. Não tanto para avaliar os candidatos e as suas prestações mas para confrontar o serviço público de informação ao cidadão eleitor.

Acabados os 21 debates, tínhamos resolvido encerrar esta etapa da nossa postura cidadã, com as reflexões lentas em que fomos publicando os nossos reflectidos desabafos.

Ao começar esta semana de campanha, a nossa disponibilidade nesta área (temos mais que nos ocupe) era outra, mas não resistimos a olhar para os balanços que foram feitos, em particular nos meios Observador e Expresso, que levaram o seu “serviço” até à constituição de júris de avaliação dos 7 candidatos.

É de arrepiar. Não há um pingo de seriedade. Não tem limites o despudor da manipulação.

Anotam-se apenas exemplos chocantes, e não se diz mais sobre “moderadores”…

O Expresso, na página Jornal Expresso de hoje, da responsabilidade de um director-adjunto:

«(…) Porque é essencial estar de boa saúde, mas também é essencial dar vida à nossa democracia.

Pelo mesmo motivo decidimos desta vez seguir todos os debates das presidenciais (os 27), e dar notas aos principais - recorrendo a 17 comentadores do Expresso e da SIC, que têm dado notas a cada um. Na quinta-feira, o balanço era este: Marcelo lidera, Ana Gomes segue-se, Mayan surpreende, Marisa desilude. (No link encontrará cada um dos textos para os debates, incluindo o quente e muito seguido Marcelo-Ventura).(…)»

 Logo há que anotar o erro crasso de se referirem 27 debates quando continhas primárias ensinam que 7 a debater 2 a 2 dá 21 e não 27 debates! Depois, decidiram “dar notas aos principais”… mas quem se arrogou dividir os debates em principais e não principais, com que critério?, e onde incluíram os 6 inventados por ausência de conhecimentos elementares?

E, nesta 2ª feira, com os 21 debates concluídos na 6ª, o que continua a contar o sr. director-adjunto? Que

«… cumpridos os primeiros 9 debates de 15 debates entre os principais candidatos, Marcelo Rebelo de Sousa é o que recolhe melhores avaliações do painel de comentadores formado pelo Expresso e SIC…»

 e ele a dar-lhe com “os principais”, os candidatos e os debates!... um balanço de 9 em 21?, haja seriedade!... E não se viu mais porque seria reservado a assinantes e, francamente, achámos que chegava!

O outro veículo de informação, o Observador, também constituiu o seu júri privativo e fez o seu balanço. Sem cometer os erros e os erros expressos, sem ter eleito os principais entre os candidatos e os debates, publica as notas e quem venceu cada um dos debates, a que tivemos acesso depois de ter de ultrapassar invasiva publicidade (mercado oblige…)

As notas são merecedoras de quem as deu, De quem achou que o debate entre João Ferreira e Ventura foi ganho por Ventura, como se este pudesse ser vencedor numa “cena” daquelas; de um júri que num outro debate, que se coloca nos antípodas do primeiro referido, por ter sido… civilizado, João Ferreira teria empatado com Tiago Mayan, quando (para nós, claro) houve esmagadora vitória ideológica (e não só).

No caso do Observador, o que diríamos pecado original está na constituição de um júri de 6 elementos e na sua selecção (e aceitação).

Haja seriedade! Um pingo que seja.

3 comentários:

Olinda disse...

Trata-se de uma guerra ideológica que nos mostram bem de que lado estão.Bjo

Emilio Antunes Rodrigues disse...

Mesmo com uma classe operária fragilizada pela destruição do tecido produtivo a luta de classes não deixa de estar acesa em consequência da crise geral do capitalismo e nesta luta a classe dominante tem todos os meios de manipulação ao seu serviço, a nós resta-nos o trabalho de formiga sem parar junto daqueles que estão na base da pirâmide social e que sofre todo o peso da superestrutura.

Sérgio Ribeiro disse...

É isso mesmo! A luta (de classes) continua. Contínua!