sábado, abril 01, 2006

Tirando coisas da gaveta...

Que pena seres comunista…

"Apesar de ser ele o que é, tem de se reconhecer que"
(como quem diz apesar não seres de aqui, de seres de outra cor que não a minha, de seres homossexual, ou maricas, ou paneleiro, de seres mulher, ou coxo ou zarolho, e por aí fora…)
"Não partilho as suas ideias políticas e filosóficas, mas não se pode deixar de"
(mas alguém tinha dúvidas sobre isso?, e pode partilhar ideias quem de ideias está vazio,
e de ideais vazio está porque é só pragma e só praga?)
1 de Abril de 2006

Ouço, muitas vezes: que pena seres comunista… (ou sei que o dizem, ou adivinho que o pensam).
Alguns que a mim, ou a outros o dizem, ou adivinho que o pensem, são os mesmos que dizem ou pensam: que pena aquela ser puta!
Embora, é verdade, num caso seja dito com reticências, noutro com ponto de exclamação, não gosto nada destas confusões! E recuso a analogia, que só forçada é mas que implícita está em alguns desses que o dizem ou pensam, que são senhores cujas mãezinhas serão hoje chamadas putas por tais filhos terem tido.
Não que eu tenha algo contra as putas, que o são fruto de circunstâncias sem perdão, ainda que não aceite que tal actividade seja legitimada como profissão, vocação ou devoção. Recuso é a analogia. Que não há!... mas que pode ser (a)tirada dos implícitos na traiçoeira língua portuguesa.
Até porque…

Até porque, no mau (porque injusto) sentido do vocábulo, puta é quem vende o que é seu, o que mercadoria não é e no mercado nunca deveria estar:
o corpo e a dignidade do ser humano.
Ora, um comunista está nos antípodas:
nunca se vende e luta pela dignificação do ser humano.

Não são os únicos, e nem sempre o farão bem, mas não são comunistas se assim não fizerem. Dir-me-ão que alguns, que comunistas eram ou se diziam, tiveram comportamentos de puta (no mau sentido do vocábulo, insisto!).
É certo… mas repare-se naquilo a que apela o uso rigoroso da linguagem, e de português falo:
eram quer dizer o mesmo que foram
se diziam não é o mesmo que serem ou terem sido.
E não tenham pena de mim que eu (de mim e de vós) pena não tenho.
Tenho dito!

(num dia qualquer
de um mês que já foi
de um ano ido)

8 comentários:

Anónimo disse...

“De tão boas famílias e é comunista!”

Depois de ouvir este disparate anos seguidos disse para comigo:”porque razão tenho que ouvir esta provocação?”
Quando assim me diziam, eu prontamente respondia:”Sim, sou de muito boas famílias, o mesmo não se pode dizer da sua!”
Algum tempo depois, deixei de ouvir esta frase absurda!
Depois dizem que eu provoco!

Mas neste post sente-se alguma dor, uma espécie de provocação, muita mágoa!

Sobre as prostitutas
Estudos em Portugal revelam que, nove em cada dez prostitutas
foram violadas durante a infância e mais de metade destas mulheres, voltou a sofrer abusos sexuais desde que começaram a trabalhar na rua. Violência, agressão física e verbal (pontapé, socos, roubos, etc.), executadas pelos seus clientes ou pelo proxeneta.
São histórias de vida dramáticas e chocantes. Mulheres que dos oito aos doze anos, foram violadas, a destruturação familiar devido ao álcool, droga, questões económicas, nunca tiveram compreensão e carinho, nem amor.
Mulheres que não usufruem de condições higiénicas, tendo relações em carros, matas, pensões.
Por incrível que nos possa parecer o proxeneta, apesar de as agredirem, roubarem, afectando diariamente a saúde física e mental da prostituta, é a esta “figura sinistra” que elas têm uma relação afectiva.
A prostituição é um problema político, não uma profissão! como tal não pode ser legalizada, indo contra os direitos e dignidade humana.
Mulheres que estão desesperadas! Não têm dinheiro, nem emprego, nem ajuda, para fazer face aos gastos com filhos, casa, alimentação e as inerentes despesas.
Não é legalizando a prostituição que estas mulheres terão melhores condições de vida! A prostituição não é um acto individual, lado a lado estão organizações criminosas (de escravatura), máfias, não esquecer que a prostituição é também feita com crianças.
È necessário e urgente fazer-se a prevenção e a reinserção destas mulheres. Que nada delas tem. Nem a sua vida, nem o seu corpo! Todas querem uma vida melhor. Todas têm direito a uma vida normal. O PCP realizou vários debates sobre este tema, a socióloga Inês Fontinha, a mulher que mais tem lutado para que se termine com esta exploração, também colaborou.
A mulher prostituta tem que ser respeitada e com urgência ajudada!
cont.

GR

Anónimo disse...

Ser comunista!
Não tendo possibilidades de me poder exprimir numa frase (incapacidade minha) direi que;
É ter um comportamento partidário exigente quando se milita nas fileiras do PCP. Aceitar o programa e estatutos. Apreender, compreender, para poder agir segundo a teoria Marxista-Leninista. É ter uma militância consequente, respeitar a opinião dos outros, aceitar democraticamente as diferenças. Trabalhar com dedicação e honestidade. Ser congruente com a sua conduta diária a nível laboral, social e económico. Desenvolver-se a nível cultural, lendo,falando, aprendendo (ler também o órgão central, Avante e para melhor trabalho as Teses, por vezes esquecidas). Organizar, ter acção e saber combater o capitalismo, lutar contra todas as formas de exploração. É lutar pela transformação da sociedade, por uma vida melhor!
Também erramos? É natural, somos humanos! Com os erros também se aprende! Tentamos analisá-los para não os repetirmos.
Ser comunista é também, não esquecer e ter como exemplo, a dura luta o riquíssimo legado que a resistência nos deixou.
Gostaria de saber ser mais sucinta, assim muita coisa ficou por dizer!
Os comunistas não se vendem, não trocam as ideias, tem dignidade, seriedade, honestidade, verticalidade e toda a coerência!
Quem assim não é, não lhe chamo P _ _ _ , a alguns que não aceitaram ser assim, chamo-lhes anticomunistas, oportunistas, desonestos!

Há analogias impossíveis de fazer!

Desculpa, ser um comentário tão extenso.

Tem um bom domingo!

GR

Anónimo disse...

Só não entendo o que este comentário (refiro-me ao 2º) está a fazer no blog do «O Portugal Profundo», como comentário???

Estando totalmente fora do contexto!
O post do dito blog é “A difusão dos blogues e a mudança da comunicação”, e espetaram lá o comentário que enviei para ti!
Com as minhas iniciais!!!
Autêntico disparate!

GR

Anónimo disse...

O segundo comentário de GR é impressionante. Porque, inserindo-se numa alteração da forma de comunicação, mostra o velho sectarismo que caracteriza muitas pessoas do PCP. Então quem não é comunista (à moda do partido) é anticomunista, oportunista, desonesto?
Acredito que GR não tenha querido dizer bem isto, mas que o disse, disse. E uma coisa é certa: não é deste modo que se conseguirá fazer alguma coisa no nosso país.
Lamentável mas clarificador!

Portugal profundo

Sérgio Ribeiro disse...

Camarada GR, obrigado pelos teus comentários. Só te respondo hoje porque passei um domingo "esquisito". Entre outras coisas, a minha mãe fez 96 anos!
Quanto ao "Portugal profundo", nele viverá, decerto, alguém que nos visita sem convidado ser e procura encontrar, em nós, coisas com que entreter a sua "profundidade". É lá com ele... enquanto for.
Só me permito, para outros, "ler" o que escreveste:
Os comunistas são - devem ser para comunistas serem - dos que não se vendem (...) têm dignidade, seriedade, honestidade (...)". Não dizes que são só os comunistas que assim são - devem ser - e chamas a quem assim não é "anticomunistas, oportunistas desonestos".
Só mais uma observação a pensar em quem se intrometeu no que me enviaste: que não se preocupem com os comunistas os que desejam fazer alguma coisa do nosso país, podem contar com eles e não é estando tão "atentos" ao que eles dizem e tão desatentos ao que os outros fazem e/ou com estes colaborando ou coniventes que contribuem para que o nosso país melhore!

Anónimo disse...

…«Dir-me-ão que alguns, que comunistas eram ou se diziam, tiveram comportamentos…»

Anónimo,
(se anónimos existem)!

Naturalmente que não se inseriu dentro do contexto do comentário!
Seja o Partido Comunista ou outro qualquer partido, só é militante quem quer, quem aceita o programa e os estatutos desse dito partido (seja ele qual for).
Daí estar-me a referir a todos aqueles que após terem ajudado a fazer programas e estatutos, militado durante dezenas de anos, saíram a dizer mal de tudo e de todos, até deles próprios!
Alguns neste momento, tem um comportamento político, económico e social, mais neoliberal que muitos que sempre o foram!
Quem enganar quem?
Queriam uma mudança ou um outro partido?
O PSD estabeleceu, todos os militantes que integraram listas conjuntas (de outros partidos), ou se candidatassem sem a concordância do PSD, foram expulsos! Na minha terra expulsaram muitos militantes, alguns inscritos desde o primeiro ano do PPD.
O CDS e o PS, fizeram o mesmo.
Indisciplina interna do partido. Ninguém abriu a boca!
Nunca ouvi nem vi, a TV a abrir noticiários sobre essas expulsões!
Conheço muitas pessoas que ao longo dos anos alteraram a sua ideologia, ou porque não concordando ideologicamente com (o meu Partido) se afastaram, outros porque optaram militarem em partidos diferentes. Continuo a falar com alguns, com todos que souberam respeitar a minha/nossa ideologia, a minha/nossa militância e a minha/nossa pessoa!
O PCP é um Partido com 85 anos!
Tem lutado convictamente sempre ao lado dos mais desprotegidos, de todos os trabalhadores!
Porque o PCP é um Partido respeitado, credível e com futuro, muito homens e mulheres carregam ainda hoje, física e psicologicamente, as marcas das torturas da PIDE, outros não sofrem (hoje), porque foram assassinados!
Quando chamo “anticomunistas” neste blog (estou certa) que é perceptível, a quem me refiro!
Já agora sempre que coloque um comentário de uma outra pessoa, faça referência de quem o colocou, de onde foi retirado o comentário!

GR

Mr Sleeves disse...

Se me permite, às vezes estamos tão perto da árvore que não vemos a floresta. É bonita a forma como defende os seus ideais, mas cuidado com a linha ténue que separa o orgulho da teimosia... se me permite.

Sérgio Ribeiro disse...

Pelo meu lado, claro que permito, meu caro sleeves.
Mas - esforço-me... - tenho essa linha bem demarcada. E esforço-me todos os dias.