Tenho, na gaveta, alguns rascunhos para uma série "histórias ante(s)passadas" e, do episódio 7, extraio, hoje, este trecho:
Não haveria ficção sem a memória. E a memória perde-se, esfuma-se, torna-se, por vezes, ficção involuntária. De muitos que nós somos só resta a memória dos que por cá ainda andam. Todos temos pai e mãe, mas nem todos estamos certos de ter filhos e netos que nos lembrem nas histórias por nós ante(s)passadas.
Sinto necessidade de contar algumas. Para que não acabem comigo alguns restos da vida daqueles a quem tem tanto devo do que sou, e – até! – a quem devo o ser.
Judite, a senhora minha mãe que, quando escrevo, está a completar 96 anos de vida, era a mais parecida das três irmãs com a minha avó Damásia. Não sei – nunca o saberei – onde terminava a ingenuidade e o desconhecimento e onde começava uma sabida auto-defesa, uma certa fuga à realidade.
Sobre ela e esta dúvida, que nunca resolverei, tenho algumas histórias ante(s)passadas, de um viver submisso escondendo uma latente rebeldia, com o meu pai no papel de tirano e títere. (...)
2 comentários:
O registo fotográfico é a memória viva, do passado. Associado com a palavra escrita, com tão bem sabes fazer, num futuro mais longínquo será História.
Deves ter “histórias” riquíssimas!
Como riquíssima é esta fotografia!
Vi uma uma vez uma exposição de fotografias “Famílias do princípio do século”, não conhecia ninguém, mas adorei ver.
GR
Esta linda Foto de sua Mãesinha (e uma de seu pai)tambem está em cima da comoda do quarto de meus pais.Olharemos para elas com muito mais soudade e respeito,e decerto,nenhuma de nós esquecerá os momentos de carinho do passado e que estão gravados nas nossas memórias.
A Foto Tirada no mês de março,tambem está gravada na meu coração porque quando a visitei pela última vez em maio,ainda estava tal qual e como sempre uma Linda Senhora.
Um grande abraço D. Sergio.
Amélia
Un grande abraço para o Sr.Dr.Sérgio
Amélia
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