segunda-feira, janeiro 11, 2010

Conto? Conto! Porque não?

Não tinha a intenção de "contar" a minha ida a Lisboa. Foi, mais ou menos, uma rotina. Se é que as há...

No entanto, ao regressar ao meu canto/cantinho, saiu-me (saltou-me) uma mensagem com saudação e, para além de comentários que suscitou, em que está, implícito, o "convite" a que conte que tarefa foi essa, já me perguntaram, explicitamente, «afinal... qu'é que foste lá fazer? Falas disso e não dizes o que foi "isso"».

Não há segredo nenhum... Fui participar numa iniciativa do sector intelectual da ORL (Organização Regional de Lisboa) do PCP, a que se deu o nome de «curso de economia» e que tive a tarefa de a animar.

É do tipo de tarefas que faço com grande prazer (e proveito...) pessoal. Desta feita, a iniciativa teve algumas diferenças, por não ter sido no quadro das acções gerais de formação, mas isolada e preparada de outra forma, embora também no âmbito da concretização de decisões da resolução política do Congresso do final de 2008, e do Comité Central, quanto à luta ideológica.

Foi um sábado de manhã e de tarde e um domingo de manhã de trabalho intenso, a conversar economia (e a debater, por vezes com algum calor... nestes dias frios), com duas dezenas de camaradas, entre os de menos de 20 anos e os de mais de 70, do estudante do secundário à mestre de filosofia reformada, do economista ao electrotécnico e à investigadora de história, do militante da JCP ao membro da Comissão Política... e fico-me por aqui na ilustração.

Tinha preparado uma espécie de guião - que se cumpriu - para o tempo dedicado à iniciativa - que transbordou -, como peças de um puzzle que, no mínimo, levaria um semestre a compor... Para mais, com momentos, minutos, quartos de hora, dedicados ao indispensável vai-vem à realidade que estamos a viver, ao que chamam «a conjuntura». Por isso, a satisfação insatisfeita, e o tanto a saber a tão pouco.

E, porque um comentário ao anterior "post" o refere em resposta à minha saudação, anoto que, na viagem para Lisboa, na manhã a nascer fria e branca (de neve ou geada) a entrar pela janela do "expresso", enquanto revia o dito guião, escrevi à margem: cada vez me sinto mais pequenino (minúsculo), e cada vez me sinto mais Marx; cada vez mais me sinto pequenino, e cada vez mais me sinto Marx.

No "abrir das hostilidades", nas apresentações, referi de passagem a anotação (estas coisas dizem-se?...), e acho significativo que tenha sido retida e reproduzida num comentário.

Mas alguém pode perceber o que se está a passar, o que está a viver (com os outros) sem recorrer a Marx, sem, à medida de cada um, "ser Marx"? Sem a procura séria do funcionamento das coisas, isto é, das coisas entre os homens, que é o contrário (e igual) aos homens entre as coisas?

2 comentários:

Maria disse...

Contaste! E eu a pensar que era apenas para o Sector Intelectual...
De repente lembrei-me dos teus textos sobre o MH - quando recomeças?

Um abfraço

Justine disse...

Contaste bem - e deixaste-me a pensar...