sexta-feira, janeiro 01, 2010

Notas ainda cariocas - 20 - e já vistas de cá...

Na "nota carioca" nº 10, de 20 de Dezembro - quem quiser, pode reler aqui, e até encontrar uma ligação para a oportuna tomada de posição do PCP -, referia-me à "operação brasileira de compra da CIMPOR", com base em informação nos jornais brasileiros, centrada na OPA da Companhia Siderúrgica Nacional, que já então se dizia problemática ("a despencar") havendo outras manobras em curso, como com a do grupo Camargo Corrêa.
Regressado aos jornais portugueses, por cá me actualizei e o caso é, na verdade, digno de estudo e de reflexão. Apenas 4 ou 5 notas.
  1. A Cimpor foi criada, como empresa pública (EP), em 1976, em 1991 foi transformada em sociedade anónima (SA), começou em 1992 a sua internacionalização, em 1994 o governo português iniciou o processo de privatização, que se concluiu em 2001, sendo hoje uma "sociedade gestora de participações sociais" (SGPS).
  2. O ano de 2009 foi um ano muito agitado para a Cimpor. Depois de ter tido uma queda de 42% em 2008, chegou ao final do ano tendo recuperado 85%, isto é, estará a 78% do ponto de partida antes da queda. Para esta recuperação (bolsista) muito contribuiram movimentações das duas últimas semanas, pois as acções valiam 5,47€ antes do conhecimento da OPA da CSN brasileira, de 18 de Dezembro, sendo que a oferta foi de 5,75€ e para controlo maioritário (mais de 50%), saltaram para 6,43€, isto é, um pulo de quase 18% (12% acima da oferta), o que não impediu que a sideúrgica brasileira a 30 de Dezembro confirmasse a OPA, considerada hostil.
  3. Entretanto, há grandes movimentações com a tal Camargo Corrêa, também brasileira, que joga, agora, o trunfo de não pretender maioria nem domínio mas, talvez..., uma fusão.
  4. Lembrando que a cimenteira (por enquanto) portuguesa, e que já dos portugueses foi, é uma importante unidade industrial com implantação internacional, estas movimentações na área financeira são muito significativas - como foram as também relacionadas com a Cimpor e que meteram o "empresário" Manuel Fino e a Caixa Geral dos Depósitos - e há que considerar muito seriamente o que se está a passar.
  5. Por outro lado, e para vir mais ao que costuma ser o registo deste "cantinho" de reflexões, refero que me parece que este interesse brasileiro pelo controlo, ou tomada de posição, numa cimenteira com a importância da Cimpor terá muito a ver com a próxima realização da "Copa do Mundo de Futebol" em 2014 e das "Olimpíadas" em 2016, ambas no Brasil e com as necessárias infraestruturas a criar. Além, claro, do que está a ser a força económica do Brasil no (des)concerto das nações regido pela finança.
Ah! A economia financeirizada...

2 comentários:

Fernando Samuel disse...

Ora, cá estás tu de regresso!

Um abraço grande.

poesianopopular disse...

Viva camarada Sérgio!
Ao ler este teu primeiro post do ano 2010, saiu-me este desabafo «bruxo», ninguem melhor que tu, conhece as manhas da alta finança.
Abraço, grande!