sábado, outubro 09, 2010

Bom dia!... só para amigos/as

A memória tem destas coisas. De repente projecta-nos uma imagem e insiste, insiste, insiste. Até que a fixemos. Aqui ou noutro sítio. Ou que vençamos a sua insistência, E a esqueçamos até que ela, outra vez, se lembre de aparecer.
.
Há mais de meio século, e é como se tivesse sido ontem, a Rua do Sol ao Rato era a rua estreitinha igual à que é hoje, mas tão diferente...
Os automóveis desciam-na e subiam-na, e estacionavam dos dois lados. Para dentro de casa, éramos chamados (ou avisados que tínhamos correio, duas vezes por dia e mesmo domiciliário, porque era de porta em porta) do portão da rua, com fortes pancadas da maçaneta que era uma mão de ferro que em ferro batia (um toque para o rés do chão, dois para o primeiro andar até aos quatro para o terceiro andar, e repenicado se fosse para o lado esquerdo).
Mesmo em frente do nosso 85, que acabou despromovido a 27, era a barbearia do sr. Paulo, que eu cumprimentava todas as manhãs mas onde nunca cortei o cabelo (isso era no amigo e conterrâneo Nunes do Alqueidão, na Rua Luciano Cordeiro). No mesmo passeio em frente, logo abaixo, era a drogaria, e a carvoaria, e a mercearia de um senhor grande, imponente, com postura de dono da rua, até porque morava por cima da loja, ao que me parecia desde que a rua era rua. E, desse lado, por aqui me fico.
Do meu lado da rua, no passeio da esquerda de quem a sobe, tínhamos logo ao sair para a direita, a caminho do Largo do Rato, o pátio, com o seu então nº 77, e que era o dos meus avós, a seguit o lugar dos ovos, a vidraria do Farinha e a padaria do pai do Leopoldo que andava comigo na escola, como o Farinha filho. Mais abaixo, o portão largo do outro pátio.
E era nesse outro pátio que morava a Vitória leiteira, que dele saia todas as manhãs cedo, para acordar o dia da Rua do Sol ao Rato quando a subia com a sua grande vasilha de leite e o grito de pregão que me trouxe a reter, aqui, esta memória:
Ó meninas, ponham a coisa a jeito!

15 comentários:

samuel disse...

Hoje está quase tudo formatado em corredores de hipemercado... e o leite vem em "tijolos".
Já (quase) ninguém põe a coisa a jeito... :-) mas as memórias são doces.

Abraço.

A CHISPA ! disse...

Afirmações de J.de Sousa em Avintes e Braga, no arranque da campanha por um "Portugal a produzir!"Avante nº1922

"Sem mais produção, sem mais criação de riqueza,sem forte crescimento económico não há solução para o problema do défice das contas públicas, nem do emprego, nem solução para o pagamento da divida externa"
Ou seja, exige maior exploração sobre os trabalhadores, maiores lucros para a classe capitalista e que sejam os trabalhadores pelo seu trabalho a pagar as dividas públicas e externas que a burguesia criou.
Se isto não é por o coiso a jeito, para que a burguesia salte em cima e alinhar com esta
para que sejam os trabalhadores a pagar a crise, então o que é?

Sérgio
Utilizar o erro da data,para fugir às respostas que a "achispa!" faz as suas opiniões é no minimo demonstrativo do oportunismo que lastra por essas bandas.

Explique como pode haver uma "Ruptura de Esquerda e Patriótica" sem colocar em causa a "Constituição" e o parlamentarismo burguês.

A Chispa!

A CHISPA ! disse...

Graciete
Acha que é com estas propostas que o J.de Sousa faz, que é lutar contra o capitalismo e contra as medidas que o governo anunciou?

Acha que ao criticarmos esta politica direitista, estamos a colocarmo-nos na trincheira da burguesia?

Graciete as amizades pessoais, não obrigam a sermos solidários com opiniões politicas que consideremos erradas , a não ser que os lamentos que profere nos comentários que faz, não sejam sinceros, ou então coloca as suas amizades pessoais acima de tudo,se é assim então desculpe-nos mas não está a proceder da melhor forma politica comunista.


A CHISPA!

jrd disse...

Belo fresco de uma Lisboa pitoresca pré-ASAE.
bfs

Maria disse...

Bom dia só para os amigos!
Já não me lembrava dos toques para os vários andares com a maçaneta da porta...

Beijo.

Carlos Gomes disse...

Tratando-se de um quadro pitoresco de uma Lisboa de outras eras, aproveito para dar a conhecer um pouco como se originou a referida rua do Sol ao Rato.
Outrora, os mercadores e outras gentes que vinham à cidade negociar ou tratar de outros assuntos, percorriam a pé um velho trilho que, do Rossio se estendia pelos terrenos onde actualmente existe a avenida da Liberdade, subiam ao Vale do Pereiro pela rua do Salitre até atingirem o Largo do Rato e, passando em frente ao Palácio dos Condes de Viana (actual sede do PS), seguiam pela rua do Sol ao Rato em direcção à Calçada dos Mestres, em Campolide. Aí, internavam-se no Aqueduto das Águas Livres que atravessava sob a ribeira denominada de Alcântara e que, proveniente da Damaia (ou A-da-Maia) ía desaguar ao rio Tejo, encontrando-se actualmente encanada sob o pavimento da avenida de Ceuta. Esta ribeira ainda possui alguns pontos a descoberto no Concelho da Amadora, nos limites de Benfica.
Claro está que estas artérias não existiam, tendo apenas restado os topónimos como testemunho da sua história.
Um pouco acima do Largo do Rato onde o Marquês de Pombal mandou construir a Real Fábrica das Sêdas para evitar as importações situa-se a zona das Amoreiras. E, mais acima ainda, num ponto de onde desfruta de uma excelente vista panorâmica sobre a cidade e beneficia das características anti-sísmicas do solo - o terramoto passou ali, rés-vés Campo de Ourique... - é a sítio denominado por S. João dos Bem Casados, agora imdevidamente conhecido por Amoreiras em virtude da implantação de um centro comercial com o mesmo nome naquele local.

samuel disse...

Ó chispas... criaturas de deus!
Portanto, no vosso mundo, não é preciso produzir mais para não depender de produtos importados, elevar o nível de vida dos portugueses e criar riqueza para pagar ao estrangeiro as importações, mesmo que só as necessárias.
Tudo cairá do céu, ou será pago com notas feitas em casa numa impressora...
Pelos visto, para vocês todo o trabalho é forçosamente exploração... exceptuando, talvez, o grande esforço de levarem o garfo até à boca.
Afinal, vocês são um belo bando de cromos, que bem podem ir àquela parte com a "vossa revoluçãozinha".

Adenda: Isto não é uma reação a qualquer uma das vossas "ideias", para as quais me estou bem marimbando; é simplesmente uma reacção irritada à vossa pedestre falta de educação, vindo aqui plantar um texto perfeitamente a despropósito do post, com o único fim de fazerem aquilo que, pelo menos aparentemente, é a única coisa que vos move: campanha anti-comunista!

Passar bem!

GR disse...

Uma época onde os pregões eram naturais, hoje soam quase como música.
Aqui, ainda podemos ouvir as vareiras, as poucas que ainda restam.
Gostei muito de ler esta crónica de costumes, no Norte não dava muito jeito dizer este pregão!
Bjs,
GR

Fernando Samuel disse...

AH, grande Vitória!...

Um abraço.

Justine disse...

Belíssimo, nostálgico texto:)))

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado a todos (menos os do chispe, claro).
Deixei a casa - o cantinho - bem entregue!
Já cá estou. Bebem alguma coisa?

Graciete Rietsch disse...

Nunca poderia pensar que neste blog, que me ensina tanto, eu teria que respnder ao Sr. Chispa que nem sequer conheço. Não sei mesmo a que propósito ele vem aqui fazer uma referência a mim e ao que eu penso.No entanto quero dizer-lhe que a admiração que tenho pelos autores deste blog e de outros que mantenho nos meus favoritos, não resulta de qualquer amizade pessoal ( que eu gostaria imenso que existisse), pois apenas os conheço pelo que escrevem e porque, para além de concordar com as respectivas ideias, solidifico ainda mais as minhas opções.

Mais ainda, acho que neste momento o caminho para um novo futuro só é possível com esse J. de Sousa de que fala e com todos os que o acompanham. E refiro o J. de Sousa porque ele é citado no que me escreve.
Digo-lhe ainda que o meu Partido, com o qual os meus contactos vêm de muito antes do 25 de ABRIL, é constituído por pessoas que pensam e lutam colectivamente. Não há ídolos. Há luta, diálogo, discussão, determinação e confiança.

Continuaremos a luta e as vossas alfinetadas não nos incomodarão.

E agora para o meu camarada Sérgio um abraço de muita amizade e admiração.

Graciete Rietsch disse...

Ao responder ao Chispa até me esqueci de dizer quanto achei interessante a descrição que fazes dos lugares onde viveste,presumo eu, e vem-me à `memória aquele "MENINAS, LEITEIRA" que logo antes das 7 da manhã ouvíamos, à nossa porta, nos tempos tão distantes da minha infância.

Mais uma vez, um grande abraço.

Carlos Gomes disse...

Quanto aos leiteiros e leiteiras que em Lisboa distribuíam o leite ao domicílio, acrescentarei que na maior parte dos casos se tratava de gente oriunda da região de Arganil que haviam migrado para Lisboa. Com o mudar dos tempos e por afinidade de oficio, essa gente passou a exercer oficios relacionados com as leitarias, confeitarias e pastelarias. E, actualmente, vamos encontrá-los nas mais conceituadas pastelarias de Lisboa!
Em relação ao chispe, ainda não entendi exactamente do que se trata...a não ser que seja aquele que vai normalmente na feijoada! Será um blog, um nick, uma formação política? Confesso que estou farto de ouvir falar de chispe e ainda não percebi do que se trata...

Sérgio Ribeiro disse...

Graciete - Obrigado pelas tuas visitas e pela tua camaradagem e amizade (apesar de ainda não nos conhecermos pessoalmente!).Quanto ao "chispa", eu resolvi não lhe dar troco, pelo menos por enquanto. É verdadeiramente um abuso.
Beijos
Carlos Gomes - Obrigado pelas suas informações. Quanto ao "chispe" que por aqui anda trata-se de um blog (chispavermelha), ou de anónimos poe ele, que resolve de vez em quando vir "meter-se comigo". Será de gente que tem ideias políticas diferentes das minhas e do partido a que pertenço (o que acho bem e respeito) mas que me/nos ataca de forma inaceitável. Coisas da blogosfera...
Paciência. Saudações