quarta-feira, março 16, 2011

Delírios (perigosos) e dislates (escavacados)

«Saudamos com especial apreço, pelo muito que lhes devemos, os militares de etnia africana que, de forma valorosa, lutaram ao nosso lado. Todos, combatentes por Portugal!»
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Isto disse quem é Presidente desta República Portuguesa, cuja teve um 25 de Abril de 1974 e tem uma Constituição que esse eleito presidente jurou cumprir, embora já se soubesse, por saber de cinco anos experiência feito, que as suas juras (ou palavra de honra) não valem nada!

É um delírio, mas é um delírio perigoso porque haver quem assim se refira a africanos que, lutando do "nosso lado", teriam sido "combatentes por Portugal", se coloca na perspectiva colonial, recria o inimigo do "outro lado", isto é, os combatentes africanos que estavam a lutar contra os combatentes portugueses que um regime fascista obrigava, na maioria dos casos inconscientemente e sujeitos a tremenda pressão psicológica, a fazer uma guerra em nome de Portugal.

É um dislate, e um dislate racista porque a palavra etnia quer dizer, segundo o dicionário, grupo de indivíduos biológica e culturalmente homogéneo; conjunto de indivíduos unidos por características somáticas, culturais e linguísticas comuns e, no espírito de quem o disse, tal palavra pretende esconder a palavra raça, e não será preciso ir à raíz grega da palavra para se ver que os estrangeiros em África eram os portugueses, com a sua etnia a espalhar a fé e o império em Guiné-Bissau (e Cabo Verde), S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, onde havia e há diferentes etnias, desde que dissociado o vocábulo da sua conotação racista.
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já outros companheiros da blogosfera
se referiram a este lamentável discurso,
mas não posso deixar de me associar
à indignação e ao protesto

8 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Não conhecia ainda esta parágrafo. Mas, se o outro me indignou, este revolta-me pela grande injustiça que é ter como Presidente , neste Portugal que saiu de Abril, um apoiante da guerra colonial.

Um beijo.

samuel disse...

Ah... também reparaste na "etnia africana"...
É um desgraçado!

Abraço.

Vasco disse...

O homem mete nojo!

Maria disse...

Não vi nem ouvi.
Mas o homem é uma besta!

Beijo.

CEBE disse...

Realmente Sérgio, quando li nem queria acreditar. Isto é de quem não tem vergonha nenhuma na cara e se está perfeitamente marimbando para a nossa História. E é perigoso como estas bujardas não têm eco na nossa comunicação social, mais ocupada com FMIs.

No dia anterior, ou nesse mesmo discurso, agora não tenho presente o texto, também não se coibiu de exortar os jovens de hoje a lançarem-se valorosamente nos caminhos do progresso com "vontade e determinação" como "fizeram os jovens de há 50 anos atrás na guerra do Ultramar"

Já estou como o Gui da Mafaldinha: "E se lhe der um chuto?"

Justine disse...

Lamentável - é o mínimo que se pode dizer!E neste momento não tenho força para mais:)))

Sérgio Ribeiro disse...

Graciete - É verdade. Um discurso em que dois parágrafos conseguem destacar-se por tornarem claro o pensamento (?) do cavalheiro.

Samuel - Reparei na desgraça do discurso e dos seus destaques...

Vasco - O dito homem é o que é, e está eleito... democraticamente.

Beijos e abraços

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - ... e perigosa!

JP - O pior é que o pé não chega lá...

Justine - Temos de juntar mais forças às nossas.

Abraço e beijos