segunda-feira, abril 23, 2012

23 de Abril

Há 38 anos, precisamente a meio da vida que já vivi, estava em Caxias. À espera. Dos interrogatórios e da tortura. De que já tivera uns prolegómenos, com ameaças, no chamado "auto das 24 horas após a detenção". Mas "eles" deviam estar preocupados com outras coisas...
Tinha ido numa "leva". Na última!
Já contei desses "dias últimos" vividos do lado de dentro do fascismo, e da porta de Caxias (e de outras prisões onde nos encarceravam) aberta pelo lado de fora. Pelos militares e pelo povo que os capitães de Abril também foram.
Continuarei a contá-lo enquanto tiver força, nem que seja só a de um fiozinho de voz.

Hoje, vou pelo 12º ano consecutivo, contá-lo no Colégio Sagrado Coração de Maria, em Fátima e, a seguir ao almoço, na escola da Atouguia. Com um "imensa alegria", como dizia o Joaquim Pires Jorge.

À escola da Atouguia vou levar a companhia de um amigo que para aqui vizinho se mudou. O Roberto Chichorro. Que, há uns anitos, quando preparava as condições para nosso vizinho vir a ser, numa tarde em que me ouvia, foi deixando o lápis traçar riscos no papel que tinha em frente. 
Quando se foi embora, entre o que deixou para ir para o lixo, ficou "isto" 


7 comentários:

cid simoes disse...

O melhor da vida é viver de cabeça erguida.

Graciete Rietsch disse...

Belo Desenho.

25 de ABRIL SEMPRE.

Um beijo cheio de saudades do ABRIL que há de vir.

Antuã disse...

Mas Abril há-de cumprir-se.

jrd disse...

Contar é preciso. Viver é preciso!
E de novo é preciso resistir!
Abraço

Sérgio Ribeiro disse...

cid simões - ... e vozes ao alto! ... e encontrar netas e netos de amigos e camaradas com orgulho nos avós que têm (aconteceu-me, hoje, num certo colégio em Fátima).

Um abraço

Maria disse...

memórias que sempre nos comovem.

Beijo.

Olinda disse...

Quando se viveu dessa maneira,há que contar.

Abraço!