sábado, setembro 15, 2012

No dia de hoje


No concreto político, a importância das massas é determinante. É a nossa posição. Que a História comprova.
Não é especulação teórica sublinhar que há uma vertente subjectiva que, por vezes, se atrasa relativamente às condições objectivas. Dir-se-ia mesmo que é um ponto fulcral da análise da situação política.
O que aconteceu no dia de hoje exige reflexão séria. O número de vezes que, na comunicação social, a resposta positiva à pergunta (não inocente) se era a primeira manifestação em que participava provoca reacções contraditórias.
Por um lado, o facto de ter havido muita gente que pela primeira vez veio à rua manifestar-se é um sinal muito positivo, e pode ilustrar uma mudança na situação subjectiva, mais próxima das condições objectivas; por outro lado, também pode ilustrar o que tantas vezes tem sido sentido por quem luta sempre, a dificuldade de mobilizar, de transmitir consciência de classe, de trazer massas à rua e à luta consequente.
Os dias que se seguem ao de hoje serão decisivos (quais o não são?). Para além do que possa vir a acontecer nos dias no intervalo que os separa, hoje foi, pelo menos também, o começo de 29 de Setembro.

5 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

É exactamente assim que eu encaro a manifestação de hoje. Como o início da de dia 29. Vejo a beleza e vejo os riscos... tento não deixar que um ofusque os outros e vice versa.
Sei que as forças organizadas saberão lidar com a situação... tenho essa certeza.

Graciete Rietsch disse...

Estou convencida que sim. E penso também que o impacto da manifestação de hoje, por não ter objetivos concretos e se tratar principalmente de uma ação de protesto, se esfumará rapidamente se não tiver continuidade, mas agora organizadamente.
Esperemos pelo dia 29 e continuemos a luta e a mobilização.

Um beijo.

Rogério G.V. Pereira disse...

Todos o esperamos...

Eduardo Baptista disse...

Creio que tocaste num assunto da máxima importância (sempre o fazes, mas este...)e que merece um acentuar da reflexão "a dificuldade de mobilizar, de transmitir consciência de classe, de trazer massas à rua e à luta consequente". É a dificuldade de comunicar, de vencer as barreiras, os preconceitos e as culturas instaladas. Não podemos apenas improvisar. A somar a tudo o que há para fazer isto é essencial, como me parece ser essencial aclarar objectivos de luta que sejam compreendidos. Creio que é reflexão para manter sempre presente.

Carlos Gomes disse...

Para comunicar é necessário que exista um emissor e um receptor. Mas depende sempre do emissor a eficácia da mensagem ou seja, da comunicação.
Com efeito, como todos os grandes movimentos sociais, também este não teve um programa definido. O programa forja-se na própria luta, no amadurecimento brusco que noutras circunstância leva muito tempo a concretizar-se. E o mesmo se passa em relação à consciência política. Se esperamos que estes movimentos venham já doutrinados ficaremos indefenidamente a falar uns prós outros... e a mensagem não passa!
Grandiosos movimentos de protesto como foi o caso dos professores ao tempo de Sócrates acabaram por se perder pela dificuldade que existe em lidar com movimentos espontâneos que as novas tecnologias vieram potenciar. Em síntese, se a comunicação falha o problema é nosso e não do receptor!