quarta-feira, setembro 12, 2012

Vitor, o Gaspar(inho...) - um comentário

o que eu gostaria de (ter tido tempo ou ter sido capaz de) ter escrito: 

«Tenho estado a "ouver" a entrevista do ministro Vítor Gaspar na Sic Notícias...
Se não tivesse a profunda consciência que a económica política é uma ciência social, em que também o discurso político influencia a realidade, como economista até poderia achar que o ministro é muito inocente ou mesmo «anjinho».
Não é nenhum mistério económico que as empresas que funcionam em mercados mais monopolizados, em que a dependência económica (de clientes e fornecedores) é maior, a redução de «custos» não se reflecte em redução de preços.
O ministro afirma que é necessário introduzir concorrência nesses mercados. Mais uma vez não se trata de qualquer laivo de inocência! Vejamos o que acontece com o dito mercado dos combustíveis. A sua liberalização no «espaço europeu» significou que os seus preços são afixados numa tabela publicada por uma editora (McGraw Hill) de uma grande transnacional financeira após a comunicação, pelos grupos que produzem produtos refinados, do preço a que estão dispostos a vender ou a comprar combustíveis.
Nesta lógica em que medida a redução de um «custo» num pequeno país permitirá a esse grupo económico monopolista influenciar a tal determinação do preço? Ainda falamos em "anjinho" (ou seremos nós que ele, o Gasparinho, quer que sejamos anjinhos?)
E alguém acha que é possível introduzir concorrência na electricidade, no gás, nos combustíveis, na água, na grande distribuição, etc?
Não é inocência nem qualquer resquício de um qualquer estado de "anjice" recentemente convertido. Trata-se de discurso político que conhecendo e sabendo as consequências das respectivas opções políticas pretende disfarçar e atirar areia para os olhos dos portugueses, dificultando a sua mobilização por uma alternativa política patriótica e de esquerda

Ricardo O.

(obrigado!)

1 comentário:

Ricardo O. disse...

Um comentário ao meu comentário...


A intenção de ludibriar e anunciar uma aparência que jamais será concretizável: a redução dos preços de serviços como a electricidade - vai tão longe como a especulação de que nos mercados não liberalizados as entidades reguladoras deverão intervir. Propositadamente, digo eu, o ministro «esquece-se» de que, ainda há menos de três meses, o governo aprovou decretos-lei que procuram forçar os consumidores de electricidade e gás natural a transferirem-se das tarifas reguladas para os mercados liberalizados. Ou seja, mesmo que as entidades reguladoras tivessem qualquer intenção de proteger os consumidores (o que seria um contracenso ao seu papel histórico e político) não o poderiam fazer porque o govenro decidiu que de três em três meses as tarifas seriam revistas em alta para desincentivar a manutenção dos consumidores nas tarifas reguladas.