terça-feira, março 12, 2013

O que as massas estão a reconhecer... aos poucos.

A opinião de Stiglitz no caderno Economia do Expresso é muito interessante. Coloca uma pergunta no título, O que a Itália está a dizer?, e responde com o que se resume na primeira frase da entrada do artigo: “Austeridade está a ser rejeitada pelos eleitores.”.
E de Nova Iorque nos dá a sua opinião, que merece ser conhecida, não só por ser de reputado economista (mais um Nobel...) mas também ter intrínseco interesse crítico relativamente à estratégia da União Europeia e às "troikas". O que não quer dizer acordo. Até porque defende o federalismo (fiscal) e a homotetia com os Estados Unidos que se considera absolutamente desajustada.
Por outro lado, ou pelo mesmo…, diz coisas sobre o orçamento da União Europeia que, sendo correctas, têm um sentido perverso na perpectiva federalista estadounidense que adopta.
Diz Stiglitz que esse orçamento é “minúsculo”, e “ainda mais diminuído pelos defensores da austeridade”, o que é um evidente malefício da chamada União mas que apenas deveria ser aumentado, e substancialmente, para poder concretizar o objectivo (do Acto Único, de 1987) da coesão económica e social, por via das transferências dos Estado-membros crescidos (economicamente) e sempre a aproveitar da integração para os Estados-membros menos crescidos (economicamente) e sempre a serem periferizados. Mas não para irem além da supervisão “comum” e para avançarem pela União Política, como Sptiglitz defende.
Depois, é significativo que, neste momento em que as massas se movimentam por muitos Estados-membros, o Nobel apenas refira "eleitorados" como se a democracia se reduzisse ao acto de escolher representantes em quem se delega poder até à seguinte eleição.
O que está em causa, novaiorquinamente falando, é o euro, e Stiglitz termina dizendo que a UEM da U.E, foi um meio para atingir um fim e não um fim em si mesmo, acrescentando que “o eleitorado (!) europeu parece ter reconhecido que, no quadro dos acordos actuais, o euro está a minar os mesmos propósitos para os quais foi supostamente criado. É essa a verdade simples que os líderes europeus ainda têm de entender.”
Para lá da incómoda arrogância, não estará o Nobel a pressupor supostos propósitos, impedido de entender outros propósitos... que apenas poderia entender se fosse capaz de ver o que se está a passar numa óptica de luta de classes? Mas para isso teria de ir além das suas chinelas, ou de sair das suas tamanquinhas.
Não se espera tanto. Mas aprende-se a ler este cadeerno e a aproveitá-lo para reflectir.

1 comentário:

Olinda disse...

Stiglitz serâ um economista muito inteligente,mas com uma ideologia capitalista bem marcada.Nunca verâ os sinais das massas,numa perspectiva da luta de classes.

Um bj