20 de Janeiro, 2014
Cerca de metade da riqueza mundial é
actualmente detida por 1% da população, denunciou hoje a ONG Oxfam, adiantando que as
desigualdades económicas aumentaram rapidamente na maioria dos países desde o
início da crise.
No relatório "Governar para as
elites: sequestro democrático e desigualdade económica", a Oxfam
conclui que a concentração de 46% da riqueza em mãos de uma minoria supõe um
nível de desigualdade "sem
precedentes" que ameaça "perpetuar as diferenças entre ricos e pobres até as tornar
irreversíveis".
A Oxfam refere ainda que os cerca de 1%
dos mais ricos aumentaram os rendimentos em 24 dos 26 países para os quais os
dados estão disponíveis entre 1980 e 2012 e que sete em cada dez pessoas vivem
em países onde a desigualdade económica aumentou nos últimos 30 anos.
Assim, os cerca de 1% dos mais ricos na
China, em Portugal e nos Estados Unidos mais do que duplicaram os rendimentos
nacionais desde 1980 e mesmo nos países com a reputação de serem mais
igualitários como a Suécia e a Noruega, a riqueza dos 1% mais ricos aumentou
50% no período em referência.
O
relatório da Oxfam sublinha que a metade mais pobre da população mundial possui
a mesma riqueza que as 85 pessoas mais ricas do mundo.
A ONG calcula ainda que há 18,5 biliões
de dólares (13,6 biliões de euros) não registados e em países terceiros de
baixa tributação, pelo que na realidade a concentração de riqueza é muito
maior.
Segundo os dados da Oxfam, 210 pessoas
juntaram-se em 2013 ao clube dos multimilionários cuja fortuna é superior aos
mil milhões de dólares, formado por um conjunto de 1.426 pessoas que concentram
uma riqueza 5,4 biliões de dólares (quase quatro biliões de euros).
Para a Oxfam, este aumento das
desigualdades deve-se em grande parte à desregulamentação financeira, aos sistemas fiscais e às
regras que facilitam a evasão fiscal.
A
organização também denuncia as medidas de austeridade, as políticas
desfavoráveis para as mulheres e a confiscação das receitas provenientes do
petróleo e da extração de minérios.
Por outro lado, a ONG associa as
desigualdades económicas extremas e a confiscação do poder político por uma
elite rica, que governa para servir os seus próprios interesses.
"Sem uma
verdadeira ação para reduzir estas desigualdades, os privilégios e as
desvantagens vão-se transmitir de geração em geração, como no antigo Regime.
Viveremos então num mundo onde a igualdade de oportunidades será apenas uma
miragem", conclui a Oxfam.
Aos participantes de Davos, a Oxfam apela para
um seja acordado um “compromisso” para não se utilizarem paraísos fiscais, não
trocar dinheiro por favores políticos e exigir aos governos para que garantam a
saúde, a educação e a proteção social dos cidadãos com a arrecadação de
receitas fiscais.
O
relatório da Oxfam surge na semana em que se realiza o Fórum Económico Mundial
(WEF) de Davos na Suíça, uma reunião durante a qual se analisarão os problemas emergentes
do mundo e onde se tentarão encontrar soluções para as crescentes situações de
desigualdade.
O WEF, que se reúne a partir de
quarta-feira em Davos, na Suíça, identificou as desigualdades económicas como
um importante risco para o progresso humano.
Lusa/SOL
Isto é que é política,
é que merece ser sabido
e discutido!
Ou será...
se Passos se meteu à frente de Marcelo?
ou se Seguro está seguro?
ou se abertura de Portas é (ir)revogável?