Era uma vez um país P.,
à beira mar plantado, na periferia do que se considerava, arrogante e
prepotente, o centro do Mundo,
P. tem uma longa
História.
Muitos, uns raros com talento e ofício, a foram (e vão) escrevendo, mais raros ainda os que o fizeram (e têm feito) com verdade e respeito pelo Povo de P. Não pretende este modesto escriba mais que registar factos recentes e ora vividos, embora para isso deva recorrer à anotação de antecedentes, de dinâmicas históricas, de influências aparentemente exteriores, e assim procure deixar pontes para um quadro (e moldura) de conjunto.
Muitos, uns raros com talento e ofício, a foram (e vão) escrevendo, mais raros ainda os que o fizeram (e têm feito) com verdade e respeito pelo Povo de P. Não pretende este modesto escriba mais que registar factos recentes e ora vividos, embora para isso deva recorrer à anotação de antecedentes, de dinâmicas históricas, de influências aparentemente exteriores, e assim procure deixar pontes para um quadro (e moldura) de conjunto.
Vivem as gentes de hoje,
que são o P. coevo, uma hora de agora – que por décadas se contará – dita de desdita ou difícil ou, para se ser mais directo e moderno, de crise.
P. viveu (sofreu!) transformações
profundas, resultado de entradas (por saídas) de fundos destinados a fazer atravessar P. de
vias (ou veias) em todos os sentidos,
nalguns casos em duplicações e triplicações sem sentido, de muita
construção civil como estádios de futebol e pavilhões desportivos para práticas,
encontros esporádicos e assistências ralas quando não desertas, ao mesmo tempo que
se destruía a dita (e bem dita) economia produtiva, desaproveitando os seus
recursos com o financiamento de abate de frotas pesqueiras e a colocação de terras em
pousio.
P. transformou-se. Com
estes exemplos e mais o que melhor se contaria se sobrasse tempo (e houvera engenho
e arte), apenas ficando dito que assim se integrava um país no redil de um sistema
de que dera mostras de ser capaz de tresmalhar.
Negócios em cadadupa reconstituíram grupos do antigamente, antigamente constituídos nem se cuidando
de mudar nomes e títulos. Grupos reconstituídos em conluio com outros de outras sedes, e que enveredaram
pela multiplicação das finanças e não da riqueza cuja a si chamavam como se sua
fosse.
E, importante é
sublinhá-lo, foi criada uma camada de "pequena e média burguesia compradora"
(PMBC), consumista e satisfeita que, quando não dispunha de meios, os tinha à
disposição em fartas quantidades e diferidos pagamentos.
Foram tempos efémeros de muito crédito e alguma moeda, esta a tornar-se única, num caminho de desvio e desvario. Com crescente procura interna enquanto decrescia a produção também interna.
Só podia dar no que
deu!, como foi previsto, alguns preveniram e lutaram contra, outros calaram, estimularam
e aproveitaram... dentro de regras conhecidas, ou para além delas, com abusos desmedidos e não (ou não suficientemente) castigados.
E agora? Bem, aquilo
que, agora – hoje, 2 de Janeiro de 2014 –, o escrevinhador quer deixar escrito
é que, confirmando o tantas vezes dito, e a que foram feitos ouvidos de
mercador e negociante, é que o busílis está no povo, nas massas.
Como exemplo
transparente, embora opacizado, o que tanto se apregoa, se propagandeia, como
sinais de recuperação, comprova o que dito foi e não teve ouvidos. Por efeito de
muita movimentação e luta, de decisões de quem tem a estrita obrigação de vigiar
o cumprimento das normas básicas da convivência em P., em Novembro e Dezembro
houve ligeira recuperação do poder de compra, com recebimento de remunerações
que se davam por perdidas, e a procura interna animou. E animou de forma que chegou
a surpreender quem observa a realidade que nos rodeia, que nos cerca e
garroteia. Foi a PMBC no tempo de um suspiro, de um respirar fundo, e em
festas de espavento mediático, suspiro de quem se vinha habituando, à contrafé, a respirar pouco e mal.
Tempo efémero. O
orçamento para 2014 está aí. Dispensado de fiscalização preventiva pelo maior
responsável de P. hoje (ou só protagonista visível como 1º ministro, ontem, como presidente da República, hoje), e de P. estar como está. A bacanal do
mando e da austeridade continua, embrulhada em palavras descoloridas e ocas sem
efeito analgésico para o que se vai seguir.
Só a luta! Só a
luta que não pode parar.
Que continua. Que tem de continuar.
4 comentários:
Uma excelente maneira de nos contar a História presente deste P. não maltratado!
Vamos então continuar a luta, este ano e nos próximos!
Queria dizer: TÃO maltratado!!!!
2014 aí está com a sua imensa austeridade apresentada como patriótica pelo que se diz PR. Mas o Povo não poderá aguentar mais e, quem sabe, talvez conclua que sem o seu esforço o País não funciona. E então talvez a luta endureça.
Estive a ouvir as novas medidas para compensar o chumbo do TC e fiquei revoltadíssima. É preciso acordar para uma luta bem mais dura, essa sim verdadeiramente patriótica.
Um abraço.
"Se eu puxar forte daqui
e tu puxares forte daí,
seguro que cai".
Vamos a eles.
Abraço,
mário
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