Uma homenagem (também auto!) aos velho(te)s, em duas versões de uma mesma canção desse grande Brel, que não chegou a velho mas os soube cantar.
E isto sem falar das pensões de reformas e de outras malfeitorias...
Em português
(um pouco "cuco")
Os velhos já não falam muito
ou, então...
só...,
por vezes...,
pelo que dizem os olhos
Mesmo os ricos são pobres,
já não têm ilusões
e só têm um coração para dois
Nas suas casas cheira a tomilho,
a lavado,
a lavanda
e a aromas de antigamente
Vivam eles nas cidades,
vive-se sempre na província
quando se vive para além do tempo
Será por tanto terem rido
que a sua voz soa rachada
quando falam de ontem?
E por tanto terem chorado
que as lágrimas deixaram
gotas nas suas pálpebras?
E se eles tremem um pouco,
será por verem envelhecer
o pêndulo de prata
que ronrona no salão
que diz sim, que diz não,
que diz que os espera?
Os velhos já não sonham,
os seus livros ensonam-nos
os seus pianos estão fechados
O pequeno gato morreu,
o licorzito dos domingos
já não os faz cantar
Os velhos já pouco se mexem,
seus gestos estão cheios de rugas,
seu mundo cada vez mais pequeno
Da cama à janela,
depois da cama ao sofá,
depois, da cama à cama
E se eles ainda saem
braço-dado braço-dado,
vestidos em rigor
é para acompanharem, ao sol,
o enterro de um mais velho,
o enterro de uma mais apressada
E no tempo de um soluço,
esquecem em toda uma hora
o pêndulo de prata
que ronrona no salão
que diz sim, que diz não
e que, assim, os espera
Os velhos não morrem,
adormecem um dia
e dormem demasiado tempo
Eles dão-se as mãos,
têm medo de se perderem,
e no entanto perdem-se
E o outro fica ali,
o melhor ou o pior,
o doce ou o severo,
mas isso não importa,
o dos dois que ficar,
fica num inferno
Podem vê-lo, talvez...,
podem vê-la por vezes,
à chuva e em solidão,
atravessar o presente,
a desculpar-se por não estar já mais longe
E a fugir, diante de nós,
por uma última vez,
ao pêndulo de prata
que ronrona no salão,
que diz sim, que diz não,
que lhe diz: estou à tua espera
Que ronrona no salão,
a lavanda
e a aromas de antigamente
Vivam eles nas cidades,
vive-se sempre na província
quando se vive para além do tempo
Será por tanto terem rido
que a sua voz soa rachada
quando falam de ontem?
E por tanto terem chorado
que as lágrimas deixaram
gotas nas suas pálpebras?
E se eles tremem um pouco,
será por verem envelhecer
o pêndulo de prata
que ronrona no salão
que diz sim, que diz não,
que diz que os espera?
Os velhos já não sonham,
os seus livros ensonam-nos
os seus pianos estão fechados
O pequeno gato morreu,
o licorzito dos domingos
já não os faz cantar
Os velhos já pouco se mexem,
seus gestos estão cheios de rugas,
seu mundo cada vez mais pequeno
Da cama à janela,
depois da cama ao sofá,
depois, da cama à cama
E se eles ainda saem
braço-dado braço-dado,
vestidos em rigor
é para acompanharem, ao sol,
o enterro de um mais velho,
o enterro de uma mais apressada
E no tempo de um soluço,
esquecem em toda uma hora
o pêndulo de prata
que ronrona no salão
que diz sim, que diz não
e que, assim, os espera
Os velhos não morrem,
adormecem um dia
e dormem demasiado tempo
Eles dão-se as mãos,
têm medo de se perderem,
e no entanto perdem-se
E o outro fica ali,
o melhor ou o pior,
o doce ou o severo,
mas isso não importa,
o dos dois que ficar,
fica num inferno
Podem vê-lo, talvez...,
podem vê-la por vezes,
à chuva e em solidão,
atravessar o presente,
a desculpar-se por não estar já mais longe
E a fugir, diante de nós,
por uma última vez,
ao pêndulo de prata
que ronrona no salão,
que diz sim, que diz não,
que lhe diz: estou à tua espera
Que ronrona no salão,
que diz sim, que diz não,
e, enfim..., nos espera!
2 comentários:
Tão bonita e tão triste esta canção!!!! Como eu a sinto!!!!
Mas procuro dar a volta a esse sentimento participando, enquanto puder, na construção de um FUTURO DE SOL para todos, velhos, novos, jovens, crianças, seguindo o ideal de seres como Jacques Brel, que nos deixou demasiado cedo. Um roubo, como o de tantos outros que partiram antes do tempo.
Um beijo.
Certeiro, como sempre!
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