PÂNTANOS
Para um “post” ontem
aqui colocado, escolhemos uma crónica de Jorge Cadima (ou o texto a nós nos escolheu), pela sua grande qualidade informativa. O título dessa crónica internacional
era Pântano e a palavra ficou circulando dentro de nós.
Na verdade, para onde
quer que nos voltemos, qualquer a lonjura que a nossa vista alcance, desde as
universais e criminosas manobras CIA´ticas até aos muito domésticos
desequilíbrios familiares, com passagens por dimensões espaciais europeias e
nacionais, o sentimento é de que estamos a viver à beira de um pântano que
alastra e que ameaça engolir-nos.
Duas vertentes da
nossa vida social estão a contribuir para a generalização desse sentimento: a da
justiça a funcionar (não adianto – para já – se bem, se mal) e a da comunicação de (ou para as)
massas a comentar esse funcionamento.
A título pessoal,
confessa-se que, desde o tempo da universidade, em que umas (muitas) cadeiras de
direito eram obrigatórias para a licenciatura em economia, fomos tão inundados de
informação sobre questões e procedimentos da área dos direitos. Verdadeiras
aulas diárias (nocturnas!), embora nem todas coincidentes ou síncronas. Presunção de inocência, ónus
de prova, instrução de processos, medidas de coação, ignorância (ou
inconsciência…) das leis, arrestos e penhoras para uns, desinformação e
adiamentos sem mora (ou demora) de outros, recursos antes e depois de
despachos, inquéritos parlamentares que são verdadeiras revelações de
pusilanimidade e de inacreditáveis quebras de quaisquer regras de decência mínima de gestão, intermináveis sessões de esgrima de argumentos
jurídicos que só revelam pantanosas situações políticas, aproveitamentos vergonhosos
e predadores da democracia conquistada, aqui e ali dura e revolucionariamente
conquistada. O rol - como os folhetins ou as telenovelas - poderia continuar em episódios consecutivos.
Não se escreve a partir de, ou sobre, casos e nomes! Deles, de casos e nomes, nos cansamos de ouvir. Mas deixa-se a reflexão como partilha de um
crescente sentimento geral e em generalização. O sentimento de se viver cercado de pântano(s).
Com perigos que a História já mostrou - e mostra - serem reais e dramáticos. Para manutenção de desumanas
condições por via violenta, sem se olhar a meios (que os fins se encarregam de justificar...).
Perigos cada dia mais próximos e catastróficos. A exigirem denúncia e prevenção. Nas nossas mãos.
1 comentário:
Continuemos então a exigir...
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