Com uma relativa frequência, fala-se do Estado da Nação, e também do Estado do mundo. Suscitam-se então reflexões que, sendo sempre oportunas para a reflexão, o posicionamento e a intervenção sobre o estado em que estamos e como se chegou a este estado, se baseiam na informação que se tem. E ela abunda.
No entanto, o facto de haver tanta informação, e tanta inter-comunicação informativa que as chamadas redes sociais vieram provocar, coloca em primeiro lugar das preocupações a orientação e a qualidade da informação e inter-comunicação que há, tanto - ou mais - que a quantidade. E é assustador o estado em que se está nesse domínio. E se domínio se escreve como maneira de dizer área, também serve para se dizer quem domina, com o significado de manipular.
É justo perguntar-se como e onde informar-se, que jornal ler, que rádio ouvir, que televisão ver. Quais os meios a escolher para que a informação... informe. Mas a preocupação acresce se, e porque, há jornais, rádios, televisões que, sem que haja escolha, se impõem, entram em casa do cidadão, nos seus 5 sentidos e (in)formatam a sua informação.
Não há solução?
Claro que há, mas é muito difícil a alternativa. Têm de se vencer barreiras, inércias, cansaços. Se se reparar bem, tem de combater uma poderosa máquina de informação padronizada, que se repete com diferenças muito mais (ou tão-só) aparentes que reais. Independentemente dos veículos ou meios veiculadores.
No actual momento da "política portuguesa" detectam-se - ou podem detectar-se se se estiver atento ao fenómeno relevantíssimo da informação - factos, imagens, linhas de interpretação da realidade viva e vivida, que se repetem, por vezes até à exaustão. Vencendo pela repetição que cansa e convida à resignada aceitação de posições, de interpretações e "leituras", como únicas, sem alternativa, e que de nenhum modo são únicas nem incontroversas. Enquanto outros factos, imagens, linhas de interpretação da realidade viva e vivida são ignorados, escondidos ou... mascarados e confinados.
Não havia alternativa para que de um "chumbo" ao OE apresentado à votação da AdaR resultasse a dissolução do parlamento e eleições legislativas? Ou, de outra maneira, pelo facto do PdaR ter afirmado o que seriam as suas intenções, de acordo com as suas competências, essa sua ingerência (pressão, ameaça... o que lhe queiram chamar) em dois dos outros orgãos políticos do País além do seu (com mais os Tribunais os quatro orgãos de soberania), tornavam inevitável essa solução.
Não!
Porque não seria a primeira vez que aquele orgão institucional, e aquele seu titular, não faria o que antes afirmara ou insinuara, ou ameaçara que iria fazer... E a prova disso é que Marcelo deu todo o espectáculo de audições e de reuniões e de aConselhamentos de Estado, como se todo esse ritual viesse homologar a decisão pré-tomada se acontecesse o que aconteceu... E que NUNCA aconteceria tal e qual como previsto e prevenido, ao tomar a decisão sobre a decisão que iria tomar (e já tomou... uff!).
Este é um exemplo.
O tratamento dado pela informação veiculada de forma massiva e impressiva, como se fosse a isenta e desideológica, foi de cristalina transparência. A outra informação, por vezes referida ou apresentada na informação massiva e impressiva como nota de pé de página em tipo 6, existiu (e existe) para quem a procurou (e pode procurar). Para quem, além de informado, quis informar-se! E o tenha conseguido. Sim, porque não é fácil.
continuarei
5 comentários:
Não é mesmo nada fácil, sobretudo para quem há anos vive confinado (literalmente).
Abraço!
O problema não é dizer às pessoas para procurarem outra informação, o problema é fazer chegar essa outra informação às pessoas. A esmagadora maioria não está sedenta de INFORMAÇãO, quando muito de informação de onde se come bem, da data de um novo concerto da sua banda preferida ou do local onde se bebe umas bejecas à noite na companhia de de uma catrefada de zombies.
Até é bem capaz de o ovo de colombo ainda andar por aí, o problema, mais uma vez, é encontrá-lo.
Repetir chavões e clichés também não ajuda nada. O preconceito não se combate alimentando-o.
O meu caro Adalberto parece-me muito crítico à denúncia, ao mesmo tempo que possuidor de modos ou feitios de evitar que ela seja quiçá prejudicial por, a seu critério, eivada de vício de chavões e clichés.
Dê uma ajudinha, se acaso não está a dar por outras bandas. Pode ser muito pouco, mas continuarei a procurar - desde há mais de 50 anos, informar o melhor que posso e de tentar estimular "as pessoas" a que SE informem.
Nada no meu comentário se referia ao autor do blog, que desde já saúdo pela pertinácia, mas ao tema aqui vertido, a informação em Portugal e no mundo, o controlo dos meios de comunicação social e isso por muito que lhe, me, doa, está nas mãos "deles" e tudo indica que vai continuar por muito tempo. Um blog tem obviamente utilidade mas não chega a ser uma gota nesse mar a que estupidamente se chama comunicação social. Se não acredita espere para ver mais uma vez pelas hostilidades eleitorais e olhe que "dar a mão" e não saber retirá-la atempadamente não ajuda nada.
Estamos de acordo. Só que o seu comentário parece (!) desmotivador desta luta, que tem de ser de todos os dias, de todas as oportunidades. Que a c.s. está nas mãos do poder económico e que este resulta das relações sociais já foi dito e escrito e reescrito... mas não vezes suficientes para se transformar em consciência social. As eleições?... pois são, apenas, um reflexo da manipulação da informação. São um diagnóstico do estado de consciência das massas.
Há que lutar nelas, que estudar os seus resultados, que continuar a luta. Pelo meu lado, estou onde considero que devo estar, faço o que a minha consciência me diz que devo fazer.
E vivó velho!
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