Não há por (e para) onde fugir! O PEC (este PEC!) assaltou-nos, invadiu-nos.
Na minha “leitura” (discutível, evidentemente), o Governo bem tentou o impossível. Tentou gerir a informação, o tempo e o modo de o tornar público, jogando entre o OE, com prazos apertados, e a “pressa” de Bruxelas incompatível com obrigações internas, constitucionais, consultas formais a partidos e forças sociais, procura de visíveis consensos, passagem pela AR. Mas não conseguiu evitar o atropelar com o OE, o cavalgar informativo, inevitável porque o PEC atinge-nos “no osso”!
Olho as previsões e fico perplexo. Daqui a 2013, as previsões são de que o crescimento económico será… tímido – 0,7; 0,9; 1,3; 1,7 – enquanto a dívida pública crescerá tendencialmente - 85,4; 88,9; 90,1; 89,3 em % do PIB –, isto e tudo o resto condicionado pela apresentação do objectivo de chegar a 2013 com o défice orçamental inferior a 3% do PIB – 8,3, 6,6, 4,7, 2,8 em % do PIB. O que se está mesmo a ver - quem quiser ver - que será impossível... E esse “tudo o resto”, inclui, nas variáveis macroeconómicas, o desemprego – 9,8; 9,8; 9,5 e 9,3 % da população activa – e o que se refere à situação social dos trabalhadores e da população, em previsível e assumida inevitável degradação.
É uma opção política. Dirão que nos é imposta do exterior. Mas isso quereria dizer – ou confirmar da forma muito dolorosa – que corresponde a abdicação de toda a independência e soberania nacionais. E fará deste governo um mero executor de determinações vindas do exterior, de quem dispõe do capital financeiro e se coloca na posição prepotente de dizer “façam lá como quiserem… têm é que colocar o défice abaixo dos 3% até 2013, e compromentam-se com um PEC”. Porquê? Porque é o indicador que corresponde à demissão do Estado das suas funções (sobretudo as sociais, mas também as de motor/regulador da economia), para além da de executor de estratégias de capital financeiro transnacional.
Quando se esperaria que um mínimo clarividência quanto ao funcionamento do capitalismo (leiam Marx, porra!) levasse a procurar remendos ou adiamentos tipo keyneseanos que faria com que o sacrifício, no momento histórico, de largas camadas da população fosse menor, reforça-se a via do neo-liberalismo, o monetarismo fictício/creditício. Dir-se-ia tratar-se da perspectiva táctica do para a frente e em força!, quanto pior, melhor… porque, na actual relação de forças na luta de classes, se espera que os trabalhadores e a população irão aguentar! Talvez se enganem…
Olho as previsões e fico perplexo. Daqui a 2013, as previsões são de que o crescimento económico será… tímido – 0,7; 0,9; 1,3; 1,7 – enquanto a dívida pública crescerá tendencialmente - 85,4; 88,9; 90,1; 89,3 em % do PIB –, isto e tudo o resto condicionado pela apresentação do objectivo de chegar a 2013 com o défice orçamental inferior a 3% do PIB – 8,3, 6,6, 4,7, 2,8 em % do PIB. O que se está mesmo a ver - quem quiser ver - que será impossível... E esse “tudo o resto”, inclui, nas variáveis macroeconómicas, o desemprego – 9,8; 9,8; 9,5 e 9,3 % da população activa – e o que se refere à situação social dos trabalhadores e da população, em previsível e assumida inevitável degradação.
É uma opção política. Dirão que nos é imposta do exterior. Mas isso quereria dizer – ou confirmar da forma muito dolorosa – que corresponde a abdicação de toda a independência e soberania nacionais. E fará deste governo um mero executor de determinações vindas do exterior, de quem dispõe do capital financeiro e se coloca na posição prepotente de dizer “façam lá como quiserem… têm é que colocar o défice abaixo dos 3% até 2013, e compromentam-se com um PEC”. Porquê? Porque é o indicador que corresponde à demissão do Estado das suas funções (sobretudo as sociais, mas também as de motor/regulador da economia), para além da de executor de estratégias de capital financeiro transnacional.
Quando se esperaria que um mínimo clarividência quanto ao funcionamento do capitalismo (leiam Marx, porra!) levasse a procurar remendos ou adiamentos tipo keyneseanos que faria com que o sacrifício, no momento histórico, de largas camadas da população fosse menor, reforça-se a via do neo-liberalismo, o monetarismo fictício/creditício. Dir-se-ia tratar-se da perspectiva táctica do para a frente e em força!, quanto pior, melhor… porque, na actual relação de forças na luta de classes, se espera que os trabalhadores e a população irão aguentar! Talvez se enganem…
Ilustro o ziguezaguear do “nosso” governo com três notas sobre investimento público, a partir de recortes:
- Um trabalho de Eugénio Rosa – dos muitos e utilíssimos que vai fazendo – de 3 de Setembro de 2009, que tem o título O súbito e estranho “amor de Sócrates pelo investimento público, e mostra como, depois de 4 anos em que o investimento público diminuiu 32,3% passando de 3,1% do PIB para 2,1%, e en divergência com a União Europeia, se estava a verificar uma inflexão, digamos de coloração keyneseana;
- A 15 de Outubro, no Público, podia ler-se que o objectivo no OE 2009 do investimento público atingir os 3% do PIB estava difícil de alcançar e, dado o atraso (em relação ao orçamentado e em relação ao que fora o ritmo na União Europeia), poderia provocar derrapagem orçamental… o que se verificou sem se ter cumprido o objectivo relativamente ao investimento público;
- Em Janeiro de 2010, as notícias davam conta que «investimento público aumenta por um lado e desce por outro», que «Governo sinaliza contenção no investimento público» (com incidência mais gravosa no PIDDAC) e, agora, o PEC avança (?!) com um decréscimo de 0,8% para 2010 nessa rubrica.
Assim se espera acalmar Bruxelas (e Frankfurt, já com aval de Vitor Constâncio, e as fantasmagóricas agências de rating). cumprindo ordens – porque para 2013 lá estão os 2,8% no défice – mas decerto não acalmarão as vítimas da ausência de crescimento (por desprezo da actividade produtiva) e dos números previstos (por baixo) para o desemprego.
15 comentários:
Obrigada por este post. Eu, que não sei nada de Economia, fiquei a compreender tanta coisa de que intuitivamente quase me tinha apercebido.
Um beijo, camarada
Didáctivo, claro, elucidativo, o teu post!
E a raiva continua...
Como Lenine foi arredado das leituras dos militantes do PC desde há muito tempo, sugiro o seu depoimento nas vésperas da Revolução Russa com o título " A Catástrofe eminente e os meios para a conjurar".
As Edições Avante têm uma versão com o título, "A CATÁSTROFE QUE NOS AMEAÇA E COMO COMBATÊ-LA".
Clarinho para quem sabe ler. Ou quer...
Obrigada, Sérgio.
-Eu direi mais:
-Mais uma vez, um militante comunista diz de forma claríssima....-O que o PCP e seus dirigentes vêm alertando desde há muito tempo.
-Lembram-se do camarada Carlos Carvalhas. apregoar aos quatro ventos o a politica seguidistas dos governos PS,psd /cds nos iria levar ao desastre. - Quando o camarada utilizava a expressão "panela de barro contra a panela de ferro"
-Poucos nos ouviram!
-O resultado está á vista.
Um grande abraço para todos.
aferreira
Graciete - De médico, de economista e de louco todos temos um pouco... menos alguns "economistas" que só são "financeiros". Mas, ó querida camarada, olha que isto dava para, pelo menos, um semestre, ou uma licenciatura antes de Bolonha!
Justine - Muito obrigado pela avaliação que tanto prezo. A raiva resce e a esperança multiplica-se.
Maria - Pois é. Há quem não queira saber ler, são os anti-comunistas, porque anti partido com base teórica (e praxis) marxista-leninista, mascarados de ulta-ortodoxos.
aferreira - Mas, atenção, "eles" não erraram! Eles servem... a panela de ferro.
Abreijos
O senhor anónimo das 14.55 está enganado. Ou está de má fé. O que, no caso, é capaz de não ser muito diferente.
Lenine não foi arredado das leituras dos militantes do PCP! O problema, e é um problema!, é que as tarefas são tantas e o ambiente´cultural é tão pouco propenso a leituras que há, na verdade, um défice de leituras de Marx, de Engels, de Lenine, de Cunhal. Mas o Partido está consciente desse problema e há decisões e esforços sérios para o corrigir.
É a vertende ideológica da luta. Da luta! Para que se saiba... quem queira saber.
-Caro camarada.
-Eu não disse que eles erraram.
-Eu disse que "poucos nos ouviram"
-Referia-me aos trabalhadores e povo em geral.
Sei muito bem quem eles servem e como se servem.
um abraço e desculpa qualquer coisinha.
aferreira
aferreira - Não quis corrigir-te. Aquela chamada de atenção é um dos meus habituais comentários, que me pareceu oportuno... mas não se dirigia a algo que tivesses dito e não foi para te corrigir.
Um abraço
-Não levo a mal que me corrijas, até te agradeço que o faças, sempre que entenderes ...só me pareceu que não tinhas entendido bem o que quis dizer.
Por isso reforcei a ideia.
aferreira
Eles não sabem de economia nem querem saber. O seu objectivo é servir os grandes senhores e mais nada.
Compreendi. É claro que o "trabalhinho" destes tipos não me inspira nenhuma confiança mas faz papas para tolos!
Um abraço pecado
Pecado não, pequido!
Pêcasse! Já pe(c)ei!
Texto tão claro que não resisti a usá-lo também como ferramenta...
Abraço.
Enviar um comentário