domingo, março 07, 2010

A gestão da informação

Talvez seja idiossincrático. Há comportamentos que irritam sobremodo. Como este de um governo gerir capciosamente a informação a dar ao gentio (e também a outros).
O modo como Sócrates e seus pares ou subordinados (não é ele o chefe?) cuidam da imagem e condicionam os tempos e os modos de nos dizerem o que decidiram e vai ter enorme influência nos nossos viveres, é manifestação de sobranceria sua e de falta de respeito por nós.
E chegaram, agora, ao exagero (de pesporrência e de menosprezo) de contratarem agências especializadas para a definição destes calendários e formas de apresentar o que não pode deixar de ser público, e publicado, porque já vivido, ou que vivido vai ser.
Assim uma espécie de departamento de um hospital, ou de uma agência funerária, encarregada de encontrar o momento e a forma de dar as más notícias à família do “cliente”, isto é, do doente que morreu, ou do acidentado a levar ao cemitério.
O tratamento na comunicação social do OE e do PEC é, ou procura ser, manipulado pelo governo. O uso e o condicionamento da evolução na situação na Grécia são evidentes. E a contratualização (ora aqui está um verbo “à moda”...) de uma agência para “lobbying” junto de congéneres de “rating” e quejandas instâncias para apresentação da estratégia, e para decidir, ou aconselhar, sobre “timings” de publicitação das medidas correlativas, deixa-me em polvorosa, triste e… envergonhado. Como cidadão deste País. Que não é deles!
Retomando imagens, é como se a alguém a quem se vai cortar uma perna se comece a dizer que um dedo a menos num pé não faz grande falta, e assim se prepare quem vai ser amputado para a notícia da decisão já tomada. E a grande questão é quando a perna vai ser amputada não para que o resto do corpo fique em boa saúde, mas para que o infeliz não possa dar pontapés em quem os merece e não possa viver com todos os membros a que tem direito e condição, para que outros possam continuar a ser uma espécie de centopeias ou polvos.

5 comentários:

José Rodrigues disse...

Há cerca de uma hora na RTPN a propósito do PEC(Uns dizem programa,outros plano,outros pacto)um comentador "residente"afirmava peremptório:"quem vai pagar somos nós(virou-se para a locutora)classe média e a banca".Não vi/ouvi mais nada, mas onde começa e /ou existe classe média?.Fiquei com a sensação que eles estavam a chamar a um reformado com 800€ por mês membro de uma "classe média", inexistente.Desculpa tanto paleio se calhar sem sentido!

Abraço

Antuã disse...

uma mafia execrável.

Anónimo disse...

A classe média esfumou-se e vai-se proletarizando à medida que a crise capitalista se acentua. Marx
frisou-o bem nas suas investigações cientifícas sobre economia-política. Nada a fazer...
O operário ou é revolucionário ou não é nada dizia ele na sua incomensurável sabedoria. A gestão da informação capitalista por mais que se esforce não ilude a realidade e a pequena burguesia ainda que rafeira no seu ideal de vida terá que optar entre a mediocridade da sua existência ou a conquista à vida na sua plenitude.

Justine disse...

É isso mesmo! Excelente texto, que eu subscrevo na totalidade.Também eu triste e envergonhada, para além de cheínha de raiva!

Graciete Rietsch disse...

"Gerir a informação assim como uma agência contratada para dar a notícia ao paciente" foi mais ou menos a frase que usaste e eu achei-a deliciosa e com muito sentido de humor apesar do que ela encerra de terrível.
Mais um pequeno comentário. Tanta discussão com o acordo ortográfico para quê se as expressões inglesas são tão utilizadas?

Um beijo