Esta reflexão foi-me "provocada" (ou estimulada) por coisas lidas. E há algum tempo que não fazia proposta de publicação no Notícias de Ourém. Aqui o trouxe e reproduzo o que escrevi, não tal e qual como publicado mas como... reflexão lenta.
Liberdades… entre elas, a de expressão
… je suis né pour te connaitre,
pour te nommer:
Liberté!
(Paul Eluard)
pour te nommer:
Liberté!
(Paul Eluard)
Não vivemos em liberdade, vivemos com liberdades. Muitas. Algumas excessivas, bordejando a libertinagem quando usadas sem terem em consideração as liberdades dos outros; outras em situação de liberdades condicionais, porque dependentes de condições materiais e sociais para se poderem usufruir.
E não tomo a liberdade como um valor absoluto, utópico. Não. Trata-se de um conceito próprio – e não só meu –, de que liberdade é a consciência da necessidade. Mas não vou por aí. Seria filosofante, seria… chato.
Vivi tempos sem liberdade e sem liberdades. Pessoalmente, fui delas privado. Sei o que custa, e quanto é precioso poder ter liberdades. Mas não se confunda liberdade de expressão, liberdade de voto, liberdades políticas, com viver em liberdade. Porque também há liberdades de explorar, de o mais forte submeter e subjugar o mais fraco, independentemente das potenciais ou virtuais liberdades que este tem, de certas liberdades serem só para alguns. E não concebo liberdades políticas hierarquicamente superiores às liberdades sociais.
Por outro lado, de que me serve a constitucionalização da liberdade de expressão, se não tenho onde a exprimir ou se, tendo-a, ela está completamente subordinada a critérios editoriais (ou outros) definidos por quem dispõe dos meios de a concretizar. Sim, porque a liberdade de pensamento, essa, não há censura que a cubra com lápis azuis, nem há machado que lhe corte a raíz. E ela é uma das liberdades que, embora exista, só em liberdade se pode exprimir.
Por isso, toda esta actual discussão me parece inquinada. E há quem chafurde em liberdades inquinadas… por falta de liberdade. Ou excesso daquelas de que se dispõe. Quase sempre de forma desigual, e muitas vezes – tantas! – discriminatoriamente.
Depois, há o respeito pelo outro, sem o qual o uso da liberdade de expressão, para quem dela disponha de onde e/ou vias para a exprimir, pode ser exercício arrogante e prepotente.
E não tomo a liberdade como um valor absoluto, utópico. Não. Trata-se de um conceito próprio – e não só meu –, de que liberdade é a consciência da necessidade. Mas não vou por aí. Seria filosofante, seria… chato.
Vivi tempos sem liberdade e sem liberdades. Pessoalmente, fui delas privado. Sei o que custa, e quanto é precioso poder ter liberdades. Mas não se confunda liberdade de expressão, liberdade de voto, liberdades políticas, com viver em liberdade. Porque também há liberdades de explorar, de o mais forte submeter e subjugar o mais fraco, independentemente das potenciais ou virtuais liberdades que este tem, de certas liberdades serem só para alguns. E não concebo liberdades políticas hierarquicamente superiores às liberdades sociais.
Por outro lado, de que me serve a constitucionalização da liberdade de expressão, se não tenho onde a exprimir ou se, tendo-a, ela está completamente subordinada a critérios editoriais (ou outros) definidos por quem dispõe dos meios de a concretizar. Sim, porque a liberdade de pensamento, essa, não há censura que a cubra com lápis azuis, nem há machado que lhe corte a raíz. E ela é uma das liberdades que, embora exista, só em liberdade se pode exprimir.
Por isso, toda esta actual discussão me parece inquinada. E há quem chafurde em liberdades inquinadas… por falta de liberdade. Ou excesso daquelas de que se dispõe. Quase sempre de forma desigual, e muitas vezes – tantas! – discriminatoriamente.
Depois, há o respeito pelo outro, sem o qual o uso da liberdade de expressão, para quem dela disponha de onde e/ou vias para a exprimir, pode ser exercício arrogante e prepotente.
(...)
Há caminhos muito perigosos (para a democracia) que assim se abrem. Por falta de respeito pelos outros, de auto-crítica e de vigilância e denúncia. O que é particularmente grave quando se têm responsabilidades que não se podem descartar.
5 comentários:
Excelente!
Porque a "Liberdade" de alguns poderosos nunca poderá significar a liberdade de poder determinar a não Liberdade dos oprimidos.
É,sem dúvida,um belo texto...Pena é que pouca gente o vá ler e/ou reflectir sobre ele. Devia,estou a falar a sério, ter sido distribuído no congresso do PSD...donde saiu uma norma a quem os nossos,incultos, jornalistas já chamam "Lei da Rolha" mas que, para mim, é apenas uma norma fascista...Se essa gente se apanha no poder ainda vou lacrimejar pelo Sócrates.
Liberdade é também sinónimo de respeito por outro olhar sobre as coisas mas nunca quando esse outro olhar é absolutamente contrário à justiça e á igualdade de direitos e oportunidades.
Um beijo
A liberdade de pensar não ma roubam, mas a de me exprimir em órgãos de comunicação social cada vez é maior a sua falta.
a democracia é como o amor...
tao fascinantemente vem, como vai.
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