quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O que mudou e o que não mudou em S.Tomé e Príncipe - 6, VI e últimos

Não é que não tenha muito mais para contar a partir da viagem e férias em S. Tomé e Príncipe. Mas parece-me que já chega.
Não estava a ser qualquer sacrifício porque gosto muito de contar e porque da viagem e das férias em S. Tomé e Príncipe parecem inesgotáveis as coisas que merecem ser contadas e reflectidas. Não estava a ser qualquer sacrifício, embora estivesse a retirar tempo a muitas outras coisas que há para fazer, ou que quero fazer. Além disso, embora me tivesse sentido pressionado a continuar, o certo é que o número de comentários não está a ser estimulante.
Por isso, termino esta série. O que não quer dizer que deixe S. Tomé e Príncipe e o que a viagem e as férias me suscitam como coisas para contar e reflexões.
Deixo duas últimas notas (e fotos). Sobre o que mudou e o que não mudou em S. Tomé no intervalo deste meio século.

Sobre o que não mudou não me vou repetir, apesar de insistir que muito há para dizer. Fica uma foto de 1958. Esta


Sobre o que mudou, queria que ficasse muito claro que não desvalorizo o facto de S. Tomé e Príncipe em 1958 ser uma colónia e um País em 2005/6.Mas o problema da independência não se põe apenas no aspecto na vertente política, e muito menos só na aparência de se ter estabelecido um regime de democracia… ocidental. Cada vez é maior a interdependência económica (e sobretudo financeira). E esta é cada vez mais brutalmente assimétrica. Chamam-lhe globalização. Para disfarçar… até porque a expressão “interdependência assimétrica” é de um certo Fidel Castro quando, há mais de 20 anos, foi presidente dos Países Não-Alinhados e apresentou um relatório notável (achei eu, e continuo a achar).
Em 1958, o ciclo do cacau estava pletórico. As roças, com os seus contratados e hospitais, eram o seu sustentáculo organizacional, no contexto colonial.
Em 2005/6 as roças são, quase todas, impressionantes ruínas

Água-Izé, a ruína do hospital de 1928

Água-Izé, a esplanada em que, em 1958...

... e o país S. Tomé e Príncipe espera um novo ciclo. No contexto da… globalização.

Como tenho espalhado em vários apontamentos: à descolonização (política e “democrática”) não se seguiu a independência económica relativamente a um sistema de exploração, o capitalismo, cada vez mais globalizado.
Foi um passo. Importante. Decisivo. Que mudou muito. Num caminho!

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