quarta-feira, novembro 19, 2008

Desabafo de reformado compulsivamente (*) de professor

Acompanho com atenção particular (e corporativa, dirão uns atrasados mentais que não sabem o que foi a capa corporativa do fascismo…) a evolução da crise-conflito professores/ministério. E sinto desgosto e revolta.
Apenas vou anotar umas observações do enquadramento que tenho sentido quase totalmente marginalizado no debate… se debate se pode chamar a este confronto entre as obsessões de um lado e as razões do outro.

  • Esta "crise" sectorial está ligada a outras, está no ramalhete das privatizações na área da economia, da empresarializações dos hospitais, do desmantelamento dos serviços públicos, do individual e egoísta a prevalecer sobre o colectivo e solidário, cada um para si, tudo e todos em concorrência e competitividade.
  • Esta "crise" resulta de passos (canhestros) para a transformação do direito à educação, a assegurar pelo Estado, no negócio da formação de quadros para a actividade lucrativa de interesses privados, como se tende, aceleradamente, a tornar o direito à saúde no negócio da doença.
  • Nesta "crise", não inocentemente confunde-se autonomia com a obrigação de criar receitas para as despesas, confunde-se inserção na comunidade com "prestação de serviços a terceiros", confunde-se a qualificação e habilitação para uma profissão com patamar para mestrados e doutoramentos enquanto fonte de receitas, confunde-se direcção com gestão… e quem não é bom gestor não serve para reitor.
  • Esta "crise" vem juntar-se a outras que ignoram a existência de uma Constituição da República Portuguesa, e que, sob o nome de reformas, estão ao serviço do poder económico e de um sistema em crise que se assemelha a um castelo de cartas sobre areias movediças.

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(*) estou impedido de dar aulas por proibição de acumular com a situação de reformado, ainda que disponível para o fazer sem remuneração.

6 comentários:

samuel disse...

Eles fazem de conta que confundem tudo... mas não confundem. Uns porque são irremediavelmente estúpidos, outros porque sabem muito bem o que fazem e o que querem!

Anónimo disse...

Sabes camarada, é porque metes muito medo; não,não és feio -sabes é muito, e eles não querem competênca, andam à procura de outras coisas, mas, talvez lhes saia o tiro pela colatra.
Abraço

Maria disse...

Assim vais tendo mais tempo para dares aulas aqui... aproveitando as "novas tecnologias" ao nosso dispor...

Saudades...
e um beijo

Justine disse...

Puseste bem os pontos todos nos iii's. E desmascarar, clarificar, denunciar é tão preciso!

(e quem disse que estás reformado de professor?)

Anónimo disse...

Fizeste muito bem em esclarecer as coisas para que se saiba o que esta gente do poder realmente quer. pessoas sem capacidade crítica para trabalhar para o Capital e exclusivamente no interesse deste capital.

Anónimo disse...

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Albergue dos Danados:"no princípio a mão direita segurava um martelo encostado à têmpora desse lado, a mão esquerda segurava uma foice envolvendo o pescoço também do lado direito. esta imagem significava a liquidação de uma ideologia, a do flanco dextro. no entanto, como todas as outras imagens, não era suficientemente revolucionária. por isso do símbolo passou-se ao acto. aconteceu um estímulo, uma febre, uma intenção, uma vertigem, qualquer coisa combinada com a vontade, não se sabe bem o quê, e as mãos mexeram-se. agora o símbolo preserva apenas as ferramentas, o martelo e a foice. a cabeça e as mãos desapareceram."