terça-feira, dezembro 27, 2011

De economista, cada um tem tudo... ou nada

Diz-se que de médico e de louco todos temos um pouco. Pois de economista cada um tem tudo... ou nada.
Tendo "carta de condução" de economista ha mais de 50 anos, nunca me apeteceram fórmulas 1, e  fui aprendendo a conduzir por outros circuitos e deles não saí. Por estradas municipais e nacionais e, nas auto-estradas. não passo dos 120 (vá lá... 140 em dias de sol, piso seco, e pouco trânsito e menos brigada do dito). Mas tenho algum sentido de classe profissional, que agora teimam em chamar corporativo, nem saberem do que estão a falar.
Nestes últimos dias, esse sentido profissional foi acicatado em duas circunstâncias. 
Primeiro, li a entrevista de Vitor Gaspar no Expresso-Única , e fiquei irritado. Se aquilo é ser economista, pediria que me riscassem de sócio da Ordem dos Economistas (de que nunca fui, mas sim do antigo Sindicato dos Comercialistas...). Para mais, filho de antigo colega meu, aquele senhor que falava, respondendo como "figura do ano" de 2011, é formatado em finanças, afunilado em banqueirismo, e até faz graça entre ser banqueiro ou bancário. Desde novinho, entrou na "forma" e aí vai ele, laborioso, com antolhos, desprezando olimpicamente quem lhe lembrar que a economia é uma ciência social (pelo menos também).
Mas, hoje, li uma outra entrevista de um outro economista. A que, na minha concepção, o título profisssional está bem entregue. Trata-se de João Ferreira do Amaral, com o qual não estou, evidentemente, de acordo com tudo, mas que não esqueceu coisas essenciais para a profissão dele e minha, e as lembra. Coisas que, no meu caso, estão metidas entre outras que considero não menos essenciais e que alguns acharão que nada têm a ver com economia.
Deixo o título da entrevista de Ferreira do Amaral à Lusa, saída do euro deve ser feita com apoio das autoridades comunitárias, e o link aqui.
É claro que eu não diria "apoio" mas diria negociação e ressarcimento, pelo menos em parte ínfima que seja, das malfeitorias que este euro, como criado, ao serviço de quê e de quem, provocou à economia e sociedade portuguesa.

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

O PCP sempre propôs renegociação da dívida, auditoria às contas, compensação pelos prejuízos causados...
Estará esse economista a ganhar alguma lucidez?!!!!

Um beijo.

Olinda disse...

É interessante a mudança de opiniao e de discurso,nao só,do Ferreira do Amaral mas de outros economistas que nunca se pronunciaram contra a entrada do euro e agora com o seu fim à vista,mudaram de parecer.É muito positivo .