segunda-feira, dezembro 19, 2011

José Dias Coelho - nos 50 anos do seu assassinato... num dia assim... - 4

... num dia assim...


A morte saiu à rua num dia assim


Naquele lugar sem nome pra qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai

E um rio de sangue dum peito aberto sai



O vento que dá nas canas do canavial

E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu

Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu



Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual

Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina à morte que te matou

Teu corpo pertence à terra que te abraçou



Aqui te afirmamos dente por dente assim

Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada há covas feitas no chão

E em todas florirão rosas duma nação

1 comentário:

Maria disse...

Um dia frio, cinzento, o sol apenas espreitou.
Seguiram-se muitos outros dias frios e cinzentos, mas um dia (já longínquo no tempo) o sol brilhou.
Para todos nós. E para os que já não estando, continuam connosco.

Beijo.