segunda-feira, janeiro 05, 2015

2015 - reflexões lentas

E aos 3 dias do ano de 2015, no seu primeiro dia útil (como se houvesse os que não o são), com um desejo (e necessidade histórico-social) de que muitos sejam mesmo úteis, este canto de alguma (outra) informação e muita (modesta e talvez dispensável) reflexão saúda os seus ainda teimosos visitantes e cada vez mais raros comentadores. Bom ano nOVO!
Nesta mensagem, três notas, a que outras se poderiam juntar mas em que, qualquer o rol, estas estariam sempre presentes:

  • a "mensagem de ano novo" de Sua Excelência o Presidente da República (como o tratam uns, os "seus") ou do Cavaco (como o designam outros, talvez desvalorizando a sua real e perene intervenção política). Trata-se de uma "peça" que se gostaria de catalogar como de fim de mandato, epitáfia. "Aquilo" é (a meu "ouver", claro) inqualificável. Que país é aquele em nome do qual Cavaco Silva se atreve a falar, a dizer o que disse e a não dizer uma palavra sobre o que não disse como se não existisse ou não tivesse importância (o caso BES, por exemplo!)?, como é possível que alguém, daquele lugar e ali colocado pelo voto, seja tão desavergonhadamente (e desastradamente) tão colado a uma política executiva de que tinha a obrigação de ser distante e distanciado?, quem suportará - além dos que ele suporta ou sustenta - sequer ouvir aquelas "recomendações" que toda a gente sabe (dos que querem saber...) não serem mais do que cunhas para aguentar edifício a ruir? Depois, ainda uma palavra sobre o lado formal, diria estético: um verdadeiro emplastro de si próprio.. Se tudo "aquilo" tivesse a intenção de descredibilizar a democracia, de afastar as gentes de quem as gentes escolheram para as representar, dar-lhe-ia 20 valores. E não se fique satisfeito pelo facto de, nas massas, ninguém lhe ligar nenhuma... Esse é, talvez, o mais nefasto efeito. O da indiferença, o "encolher de ombros", perante o que nos agride e, assim, continuará a agredir.
  • o "caso Sócrates" (assim dito para simplificar, porque há um ancião já passado mas sempre presente que esbraceja e espingardeia desalmadamente, e o transformou em "caso SS - Sócrates-Soares) encheu a passagem de 2014 para 2015. Como se diria em "futebolês" - apesar do futebol continuar a inundar a informação, o "caso Sócrates" sobre-inunda-a num fenómeno interessante, sintomático...e perigoso -, para Sócrates a melhor defesa é o ataque. Mas o ataque a quê, a quem? Ao que se devia exigir que funcionasse ausente de pressões que não fossem as da necessária celeridade e rigor. A política, no seu sentido nobre e societariamente globalizante, está a sofrer os maiores maus tratos pela procurada (embora mal-escondida) promiscuidade entre os poderes - o judicial, o político (no sentido restrito, de executivo institucional) e, por detrás e por todas as costuras do tecido social, o económico. Não se fugirá a que 2015 seja o ano Sócrates português, como ele o desejará. Mas talvez as contas e os cálculos lhe saiam furados...
  • Uma última nota sobre a evolução do preço do petróleo. A nossa contemporaneidade - e alguns, de há tanto tempo contemporâneos, já começam a ser também passado vivido... - estrutura-se sobre uma fonte de energia que tudo mexe e que mexe com tudo. Lembro - eu, que sou desses tais contemporâneos em excesso de anos... - o começo dos anos70 do século passado e como foi decisiva para muita coisa a então dita "crise do petróleo" associada à crise monetária (decisão de Nixon sobre a inconvertibilidade do dólar). Deixo a nota como nota de preocupação. Esta movimentação à volta do preço do petróleo vai perturbar muito o estado das nações e do mundo. Numa primeira linha, cito países como a Venezuela e Angola, os do Médio Oriente todo (quais forem, e como forem), depois (?) os BRICS, depois (!), numa última linha, toda a correlação de forças inter-nacional. No que parecia ser uma evolução de correlação de forças a ter um determinado rumo, algo pode estar a provocar perturbações e perigos muito sérios.
Vai ser um ano em cheio. Vivamo-lo... porque vivos, lúcidos porque informados, intervenientes porque em luta.

                    

7 comentários:

Justine disse...

Excelentes os comentários, a fazerem reflectir como é preciso fazer todos os dias. E tu vais ajudando muito!

Justine disse...

Isto é uma experiência, mas posso dizer outra vez que gostei muito do teu post :-)))))))))

cid simoes disse...

Um ano de muito trabalho e esclarecimento.

José Rodrigues disse...

Os homens das "pipas de massa" ainda vão rebentar pelas aduelas.Esclarecer e lutar cada vez mais e mais!


Abraço

Olinda disse...

Depois de uns merecidos dias de fêrias,heis-me de novo a "saborear",o teu esclarecedor e inteligente post.Posso dizer,que o considero uma "tarefa-militante".Eu aprendo sempre,com ele.Obrigada,camarada!

Um beijo

GR disse...

Vens cheio de força, após as férias.
Amanhã comento.

Gd Bj

GR

Unknown disse...

gostei muito,estamos sempre a aprender contigo amigo e camarada!