terça-feira, setembro 22, 2015

Nações Unidas recomendam a reestruturação da dívida sem esquecer a democracia

Mail amigo enviou-me este artigo publicado na revista Visão, com o seguinte comentário: 
Como este assunto não interessa nada a Portugal, os media estiveram-se nas tintas e, em vez disso, deram um pouco mais de futebol, que é o que nos faz mais falta
  
Contra a vontade da Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos
e da própria União Europeia
a assembleia da ONU aprovou nove princípios democráticos
que devem sobrepor-se à voracidade dos credores

(artigo publicado na VISÃO 1176, de 17 de setembro)

Contra a vontade de alguns dos maiores credores mundiais - Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos - e da própria União Europeia, que se absteve, a assembleia das Nações Unidas aprovou, na quinta-feira, 10, um conjunto de nove princípios democráticos que devem sobrepor-se à voracidade dos credores sempre que um país tenha de reestruturar a dívida. Em sua defesa, além dos 136 membros que votaram a favor, estiveram 19 conhecidos economistas, entre os quais Yanis Varoufakis, ex-ministro grego das Finanças, e Thomas Piketty, autor do livro-sensação O Capital no século XXI.
Para evitar novas Argentinas (ainda em litígio contra os fundos-abutre) ou novas Grécias, as Nações Unidas recomendam que as partes negociadoras não se esqueçam de incluir, nas suas contas, o respeito por princípios universais como a soberania, boa fé, transparência, imparcialidade, igualdade de tratamento, imunidade soberana, legitimidade, sustentabilidade e que qualquer reestruturação de dívida deve ser sempre aprovada por maioria. Assim, quem empresta deve cooperar com quem pede emprestado, reconhecendo a legitimidade de um país soberano orientar a sua política macroeconómica no sentido do crescimento, desde que os direitos dos credores não sejam postos em causa. A despolitização do sistema financeiro e a ausência de alternativas às políticas de austeridade são também referidas no documento.
No manifesto assinado pelos 19 economistas, a situação recente da Grécia está bastante presente. "A crise grega tornou claro que os países que agem isoladamente não conseguem negociar condições razoáveis para a reestruturação da sua dívida." E terminavam apelando à União Europeia que votasse favoravelmente a resolução.
A Argentina, forçada pelos credores a aceitar uma dura renegociação da dívida em 2002, foi um dos países mais empenhados na aprovação da recomendação. O ministro dos Estrangeiros, Héctor Timerman, declarou, perante a assembleia das Nações Unidas: "Esta é uma resolução a favor da estabilidade económica e social, da paz e do desenvolvimento. A dívida é hoje responsável pela violência, pela desigualdade e pelas situações em que os poderosos ficam em vantagem perante o países menos desenvolvidos que precisam de capital."

Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia (enquanto bloco de países, incluindo a Grécia...) alegaram a vontade de preservar o papel de árbitro do Fundo Monetário Internacional (FMI), no que respeita aos planos de reestruturação de dívida soberana, para justificar as suas posições.

2 comentários:

Justine disse...

De facto, em que raio pode interessar a Portugal uma notícia destas?
Já cumpriste hoje a tua função de serviço público...

Olinda disse...

Atê parece um parecer do PCP!Sao recomendacoes que nao interessa aos servomêdias divulgar.Bjo