Adormeci (e acordei!) a ler, pela segunda vez, o
artigo do João Ferreira no avante!
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No intervalo, recordei (de novo!) a minha nota de 1962
na Revista de Economia (um dos
textos suportes de mim…), as breves reportagens radiofónicas aquando da adesão
em 1972, Maastrich e opting-out… sei
lá que mais.
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(muito lembro eu!, sempre com a precaução de não cair
no excesso de historicismo de que a UNESCO/Lange, em 1972, acusava a abordagem
marxista da ciência económica).
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Mas… reproduza-se o texto de João Ferreira, que bem
merece ser lido e reflectido, a começar pelo título e a acabar no fecho.
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A
«saída do povo»
Segundo o Gabinete
Nacional de Estatística do Reino Unido, no último Inverno, entre Dezembro de
2017 e Março de 2018, estima-se que tenham ocorrido na Inglaterra e no País de
Gales mais 51.100 mortes do que no período homólogo do ano anterior (2016-17),
o número mais elevado em 41 anos. Estas mortes estão relacionadas com o frio e
com deficientes condições de aquecimento das casas, incluindo casos de doenças
respiratórias consideradas evitáveis. A maioria das vítimas são mulheres,
embora o número de óbitos de homens com menos de 65 anos tenha duplicado. A
edição do último fim-de-semana do «Morning Star» chama-lhe uma «tragédia
humana», um «escândalo nacional», cuja explicação não é separável do aumento da
conta de energia das famílias, nem dos lucros amealhados pelas seis grandes
companhias de energia que dividem o mercado entre si.
O caso dá-nos o
elucidativo pano de fundo sobre o qual se desenrola o processo de negociação da
saída do Reino Unido da União Europeia. A realidade económica e social
britânica é inseparável da pertença à UE e das políticas e opções neoliberais
que determinaram o curso da vida política, económica e social no Reino Unido ao
longo dos anos.
Tanto quanto a incerteza
em relação ao futuro, que as negociações em curso adensam, é a precariedade do
presente o que preocupa os trabalhadores e o povo britânico, assim como os
imigrantes que vivem e trabalham neste país, incluindo a numerosa comunidade
portuguesa, que engrossou significativamente durante os anos da 'troika' em
Portugal.
Os 17 milhões de
britânicos que em 2016 votaram pela saída do seu país da UE – na mais participada votação de
sempre no Reino Unido – certamente que o terão feito com motivações diversas.
Será todavia seguro afirmar que, com o seu voto, terão formulado um desejo de
ruptura, a par da intenção de assumir o controlo sobre decisões fundamentais
para as suas vidas, libertando-se de constrangimentos impostos pela UE,
negativamente avaliados. Dois
pressupostos – o desejo de ruptura e a afirmação de soberania – que o acordo
alcançado há dias entre a UE e o governo do Reino Unido vem pôr em causa.
O grande capital
britânico, atravessado por contradições que se estendem aos seus representantes
políticos, divide-se pela aposta em caminhos diversos. Uma parte não desistiu
ainda de reverter a decisão do povo britânico. Outra, pretende torpedeá-la,
deturpando o seu significado, através de um acordo de saída que manterá o Reino Unido constrangido
pelo neoliberalismo plasmado nos tratados e legislação da UE. Outra
ainda, pretende, a partir de uma
saída sem acordo, levar a cabo extensas medidas de desregulamentação e de
agravamento da exploração.
A estes caminhos (todos diferentes, todos iguais na sua
marca de classe) contrapõe-se, à esquerda, uma «saída do povo», um «Brexit dos trabalhadores e do povo», em que a
libertação das políticas e imposições UE é encarada como condição de avanço
progressista e emancipador. É a posição, entre outros, do Partido Comunista
Britânico.
Para o PCP, o respeito pela decisão soberana
do povo britânico e a defesa
intransigente dos interesses da comunidade portuguesa que vive e trabalha no
Reino Unido, são dois princípios orientadores da sua intervenção em todo
este processo. Independentemente das atribulações e conclusões das negociações
entre a UE e o Reino Unido, o Governo português deve trabalhar na construção de
um quadro de relações e de cooperação futura com o Reino Unido, mutuamente
vantajoso, respeitador da soberania e das aspirações de ambos os povos e dos
interesses dos imigrantes portugueses neste país.
João Ferreira
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1 comentário:
O processo de negociação da saída do Reino Unido da UE,pelo que tenho lido,é uma vergonha,uma falta de respeito para com a vontade do seu povo.Bjo
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