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domingo, março 08, 2020

8 de Março, sempre e porquê

Neste dia, também neste dia há tanto para recordar! 
De novo recorro ao primeiro anónimo do séc. XXI publicado na data, em 2006. Há 14 anos.
E a uma lembrança de sempre, a da primeira mulher, a mãe.









domingo, março 10, 2019

Manifestações, aniversários - Equívocos, fracturas e facturas


Em 1969, no ano da mudança no fascismo para o fascismo continuar (e a guerra colonial), a resistência – a clandestina e a outra – também continuaram. Foi um ano, entre a queda da cadeira e a morte de Salazar, de equívocos e de reforço da luta contra equívocos.
Nas muitas formas de luta, ganhou força a do esclarecimento e mobilização das massas. A condição das mulheres foi causa e motivo. A criação do Movimento Democrático das Mulheres é marco indelével desse reforço. Unitário! Não como começo de algo novo, mas como continuidade e adequada forma.
Passados 50 anos, com tanto trabalho feito neste meio século!, para este ano o MDM organizou uma manifestação nacional para 9 de Março, para que convidou as mulheres de todo o País a participar, e foi criando condições para que fosse “um momento de luta e de celebração para dar voz aos problemas mais sentidos pelas mulheres”.
Conseguiu-o! Inteiramente.
Entretanto, de diversas origens, beneficiando das “redes sociais” e de um inusitado apoio da comunicação massificada, e cavalgando oportunistamente circunstâncias especiais (e nalguns casos com despudorados objectivos de ano de eleições) foi convocada para 8 de Março uma outra manifestação. Teve todos os apoios e foi o que foi… embora outra tivesse sido a imagem.
Sobre a Manifestação Nacional de Mulheres – Igualdade na Vida-o combate do nosso tempo! –  foi dada escassa notícia e envergonhada imagem.
Permito-me facultar à comunicação social a imagem, tirada por telemóvel, inabilmente manejado, de um dos muitos momentos da manifestação que me emocionou.

Outro equívoco neste descarado (mas difícil de denunciar!) aproveitamento de verdadeiros problemas da sociedade que nos calhou viver, e transformá-los em causas fracturantes (que fracturem… e facturem votos!), está no assinalar de dois aniversários:
  •        o do 20º aniversário do Bloco de Esquerda
  •        o dos 98 anos do PCP, em que se inclui quase meio século de luta (clandestina) contra a ditadura.

Malhas que o imperialismo tece numa luta de classes que só a luta contínua (com as massas) pode destecer.

sexta-feira, março 08, 2019

8 Março - uma leitura recente, uma lembrança com quase 47 anos

8 de Março ano-a-ano... desde quando?... já publiquei, e coloqueei, e disse, e ouvi, tanta coisa!. Mas há sempre coisas novas.

Para hoje, para este 8 de Março de 2019, uma leitura recente (na Revista do Expresso de sábado)

ISTO ANDA
TUDO LIGADO 

ANA
CRISTINA
LEONARDO 

CÉREBROS PRECOCEMENTE ENVELHECIDOS 

lAssim como Nicolás Maduro antecipou o Carnaval, decretou dois feriados em vez de um e presenteou os venezuelanos portadores do Cartão Pátria com um bónus económico, que também a mim me seja permitido antecipar, apesar de não ter bónus para oferta, o Dia Internacional da Mulher. A ideia surgiu há mais de um século, em 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas (vejo gente a ficar nervosa...). Quanto à sua origem e ao dia escolhido para a assinalar, as várias hipóteses conjugam um incêndio numa fábrica em Nova Iorque — que matou maioritariamente mulheres (mais de 100) —, e uma greve de operárias russas que teria constituído o pontapé de saída para a Revolução de 1917 (vejo mais gente a ficar nervosa...). Seja como for, dessa dupla entente proletária entre russas e americanas resultaria, já em 1975, o estabelecimento (e reconhecimento) pela ONU do 8 de março como Dia Internacional da Mulher (1975 também deixa muita gente nervosa, mas factos são factos...). A que vem esta invocação prematura? Porque lendo certas coisas sobre feminismo, que têm vindo a ser escritas nos jornais portugueses por jovens mulheres, lembrei-me de que “Um Quarto que Seja Seu”, de Virginia Woolf, data de 1929, e “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, de 1949. Agora, se quisesse parecer jovem, diria: há bué! Não sendo jovem nem querendo parecê-lo, interrogo-me como é que certas dessas pessoas que leio na imprensa portuguesa — elas sim, jovens — conseguem pontificar sobre o tema como se tais títulos nunca tivessem existido ou, para quem desconfie de livros com mais de seis meses, como se a neurocientista britânica Gina Rippon fosse de Marte ou o seu recente, “The Gendered Brain”, não questionasse muitos dos lugares-comuns sobre as diferenças entre as características cerebrais de homens e mulheres. Leia-se, pela pena das jovens: “Nas suas formas mais toscas e agressivas, o discurso [de vitimização feminino] pode explicar-se por simples inveja de características e competências intrinsecamente masculinas”;[a mulher dita emancipada] optou por se objetificar, pretendendo ser apenas fonte de desejo em relações casuais, rejeitando todo o seu potencial feminino, matrimonial e maternal. São estas três últimas, as características mais belas da mulher!”; “Nunca houve nenhuma boa dona de casa que não tivesse imenso que fazer.” Peço desculpa, a última frase não é de agora. É de 1933. Assina: Salazar.
_________________________________________________

... e uma lembrança de 1972, grata e amarga!..., da Festa de l'Humanité em que ouvi-vivi o lançamento do disco Ferrat chant Aragon 




quinta-feira, março 08, 2018

Para este dia - Sílvio Rodriguez



MUJERES


Me estremecio la mujer
que empinaba sus hijos
hacia la estrella de aquella
otra madre mayor
y como los recogia
del polvo teñidos
para enterrarlos debajo
de su corazon.
Me estremecio la mujer
del poeta, el caudillo
siempre a la sombra y llenando
un espacio vital
me estremecio la mujer
que incendiaba los trillos
de la melena invencible
de aquel aleman.
Me estremecio la muchacha
hija de aquel feroz continente
que se marcho de su casa
para otra, de toda la gente.

Me han estremecido
un monton de mujeres
mujeres de fuego
mujeres de nieve
Pero lo que me ha estremecido
hasta perder casi el sentido
lo que a mi mas me ha estremecido
son tus ojitos, mi hija
son tus ojitos divinos.
pero lo que me ha estremecido
hasta perder casi el sentido
lo que a mi mas me ha estremecido
son tus ojitos, mi hija
son tus ojitos divinos.

Me estremecio la mujer
que pario once hijos
en el tiempo de la harina
y un kilo de pan
y los miro encurecerse
mascando carijos
me estremecio porque era
mi abuela, ademas.

Me estremecieron mujeres
que la historia anoto entre laureles
y otras desconocidas gigantes
que no hay libro que las aguante.

Me han estremecido...


Intraduzível
... mas não desisti!

8 de Março - em cada ano neste blog, desde sempre na vida...



 - Edição Nº2310  -  8-3-2018

Mulheres defendem com luta
igualdade no trabalho e na vida
EMANCIPAÇÃO Nas comemorações nacionais do Dia Internacional da Mulher, que se celebra hoje, destaca-se a manifestação que o MDM promove no sábado, dia 10, em Lisboa. Mas o programa é muito vasto.




A manifestação, que tem como lema «Igualdade e justiça social – No presente, com futuro!», tem início marcado para as 14h30, na Praça dos Restauradores, de onde descerá até à Avenida Ribeira das Naus, junto ao Tejo.
De vários distritos (Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Portalegre, Évora, Beja, Setúbal, Faro) e de muitos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, a deslocação colectiva é dinamizada pelos núcleos do Movimento Democrático de Mulheres. No sítio do MDM na Internet (mdm.org.pt) é publicada informação actualizada, designadamente sobre transportes. 

Exigir política de igualdade
O MDM «valoriza a reposição de direitos e as melhorias nas condições de vida das mulheres, só possível com a alteração de forças na Assembleia da República, o afastamento do governo PSD/CDS, e com a participação, a denúncia e luta de milhares de mulheres», como se afirma no manifesto em distribuição nas últimas semanas, a mobilizar para a manifestação de dia 10.

«Mas continuam por resolver os problemas mais urgentes da vida das mulheres», pelo que «vamos exigir uma verdadeira política de igualdade». Esta, defende o MDM, deve:
– pôr fim ao desemprego, à precariedade, aos baixos salários, à discriminação salarial, à desregulação dos horários de trabalho;
– respeitar a função social da maternidade e paternidade e assegurar o direito das mulheres a terem os filhos que desejam;
– valorizar os salários, o salário mínimo nacional, as reformas e pensões;
– combater as violências contra as mulheres e as raparigas, reforçar a protecção e o apoio às vítimas e combater a mercantilização do corpo da mulher;
– promover o direito à saúde para todos e à saúde sexual e reprodutiva, no quadro do Serviço Nacional de Saúde;
– reforçar os direitos das mulheres à Segurança Social, à Justiça, à habitação e a transportes, ao acesso a uma rede pública de apoio à infância, aos idosos e às pessoas com deficiência;
– valorizar o estatuto social das mulheres, as suas qualificações e saberes.



Comemorações por todo o País
As comemorações nacionais do 8 de Março, dinamizadas pelo MDM, decorrem este ano em paralelo com a celebração do 50.º aniversário da sua fundação.
Em Lisboa, hoje, às 10 horas, na Biblioteca Nacional, ocorre o lançamento do livro de actas do 2.º Congresso Maria Lamas. Para as 18 horas, no Museu do Aljube, está agendada uma conversa sobre a luta das enfermeiras contra o fascismo. Às 21h30 tem lugar no Clube Estefânia um colóquio sobre a situação da mulher no teatro. No mesmo espaço e à mesma hora, realiza-se amanhã, dia 9, um colóquio sobre prostituição e tráfico de mulheres.
O Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal acolhe hoje, às 21h30, a conferência «Silêncios e realidades». No Centro Comunitário da União das Freguesias de Setúbal é inaugurada amanhã, às 17h30, a exposição «Vida e obra de Maria Lamas», seguindo-se debate.
Na Junta de Freguesia de Ermesinde é aberta uma exposição hoje, às 14h30, e decorrem amanhã, dia 9, a partir das 21 horas, um espectáculo e um debate. No Centro Interpretativo daAfurada (Vila Nova de Gaia) realiza-se amanhã, dia 9, às 21 horas, o encontro «Varinas de ontem, Afurada de hoje».
No Teatro Municipal de Faro (Teatro das Figuras), a partir das 21h30 de hoje, realiza-se um espectáculo de música e dança.
No Seixal, a partir das 17 horas, nos Serviços Centrais municipais, abre uma exposição colectiva de artistas da ARTES, realiza-se um debate (as mulheres e a clandestinidade) e actua o Seixal Vocalis. À noite, no Fórum Cultural, o 8 de Março é festejado com um concerto.
Às 18 horas, em Portalegre (salão da União das Freguesias de Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão), há hoje uma «conversa de mulheres», que conclui com um momento cultural. Haverá ainda um jantar-convívio.
Estão marcados para hoje jantares-convívio também em Aveiro, na Amadora e em Sesimbra. Nesta cidade, no Auditório Conde de Ferreira, é inaugurada hoje, às 18 horas, uma exposição e é exibido um documentário.
Em Grândola, no Parque de Feiras e Exposições tem hoje lugar um almoço comemorativo.
Na agenda do MDM para ontem, dia 7, encontrámos iniciativas em LeiriaAlbufeira e no Funchal (debate «Desigualdades salariais em função do género», no hotel Orquídea).
No sábado, dia 3, na Academia Almadense, no concerto promovido pela União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Cacilhas e Pragal, activistas distribuíram folhetos a apelar à participação na manifestação de dia 10.
Na Biblioteca Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém, foi exibido no sábado, à tarde, o documentário «Andar em Frente», houve debate e actuou o Orfeão da Filarmónica Lira Cercalense.
Também sábado à tarde, em Avis, na Biblioteca José Saramago, teve lugar uma «conversa» sobre o contributo das mulheres para a luta dos trabalhadores.
No Museu de Alhandra, igualmente na tarde de sábado, foi inaugurada uma exposição, patente até dia 11.


CGTP-IN promove «Semana da Igualdade»

Desde segunda-feira e até amanhã, dia 9, em mais de um milhar de locais de trabalho, as estruturas da CGTP-IN levam a cabo plenários, debates e contactos. Nesta «Semana da Igualdade», que decorre sob o lema «Afirmar a Igualdade – Emprego, Direitos, Dignidade», incluem-se ainda 23 acções de rua (concentrações, manifestações e tribunas públicas) e quatro greves em sectores com maioria de mulheres trabalhadoras: no dia 5, educadores de infância (greve nacional, organizada pela Fenprof, com concentração junto ao ME, onde esteve Ana Mesquita, deputada do PCP) e trabalhadores com vínculo precário nas lojas da EDP (convocada pelo SIESI, abrangendo instalações em Lisboa, Loures e Amadora); hoje, dia 8, nas Misericórdias (greve nacional, marcada pelo CESP) e na Nobre Alimentação (greve e manifestação em Rio Maior, promovidas pelo Sintab).
A Intersindical, especialmente através da sua Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens, assinala assim o Dia Internacional da Mulher, levando junto de cerca de 60 mil trabalhadoras informação, reivindicação e mobilização em torno de seis temas: discriminação salarial, precariedade, doenças profissionais, maternidade e paternidade, assédio no trabalho, conciliação do trabalho com a vida familiar e pessoal.



PCP saúda e assume compromissos
«Exercer os direitos, participar em igualdade» é a mensagem que o PCP coloca em destaque, no folheto que está em distribuição desde ontem, em todo o País, nas iniciativas dirigidas às mulheres, assinalando o 8 de Março.
Hoje, no Clube Recreativo do Penteado, o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, participa num almoço comemorativo do Dia Internacional da Mulher, com trabalhadoras da Câmara Municipal da Moita.
Saudando as mulheres portuguesas, no documento o PCP apela a que participem na manifestação nacional de mulheres, que o MDM promove dia 10, em Lisboa, como um ponto alto de celebração do Dia Internacional da Mulher, assim fazendo do 8 de Março, com alegria e determinação, uma afirmação do valor da sua luta pelo exercício dos seus direitos próprios, num País mais justo e soberano.
Neste Dia Internacional da Mulher, o Partido salienta a importância da luta das mulheres pelo exercício dos seus direitos e para que a igualdade seja uma realidade no seu quotidiano, enquanto trabalhadoras, cidadãs e mães. Para tal, é necessário romper com as causas estruturantes das desigualdades e discriminações, patentes na intensificação da exploração laboral, no incumprimento dos direitos de maternidade e paternidade, na sobrecarga das trabalhadoras com as tarefas domésticas e familiares, nas desigualdades de acesso à Saúde e a outros importantes serviços públicos.

Reafirma-se a determinação e o empenho do Partido na concretização de uma política alternativa, que tenha entre as suas prioridades:
– prevenir e combater as discriminações que atingem de forma específica as mulheres;
– eliminar todas as formas de exploração e violência que são exercidas sobre as mulheres, no trabalho, na família e na sociedade;
– promover o exercício pleno dos direitos das mulheres, para que a igualdade seja uma realidade em todas as dimensões das suas vidas.


Assumindo-se como intérprete desta luta que assegura a conquista de direitos sociais, o Partido recorda que tem assumido com empenho a apresentação de propostas decisivas para os avanços registados na reposição de rendimentos e direitos. 
Embora positivos, estes avanços estão longe de corresponder à política alternativa que é necessária e urgente, para dar resposta aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País, para dar resposta às justas aspirações das mulheres a uma vida melhor, com o exercício dos seus direitos laborais e sociais.

Por outro lado, as posições de fundo do Governo do PS, que continua amarrado a opções de submissão ao grande capital e às orientações da União Europeia (o défice, o euro e a dívida) são um obstáculo a uma política que responda ao direito e aspiração das mulheres à igualdade, à justiça, ao desenvolvimento e à paz.
Propostas concretas

Para assegurar a participação em igualdade, no folheto são referidas várias propostas concretas que o Partido tem defendido, designadamente:
– garantir a igualdade salarial entre mulheres e homens, valorizando os salários de todos os trabalhadores;
– reduzir o horário de trabalho para 35 horas semanais e pôr fim à desregulação dos horários;
– cumprir os direitos de maternidade e paternidade nos domínios do trabalho, da Saúde e da Segurança Social;
– garantir o direito das mulheres a uma velhice com dignidade, reduzindo a idade legal de reforma para 65 anos, garantir o direito à reforma e a uma pensão digna, sem penalizações aos 60 anos de idade e com 40 anos de descontos;
– investir nos serviços públicos e nas funções sociais do Estado, para garantir o acesso de todas as mulheres à saúde, à educação, à cultura, à Segurança Social, a transportes, ao serviço postal, à Justiça;
– concretizar uma rede pública de creches e outros equipamentos de apoio, com qualidade e a preços acessíveis, aos idosos às pessoas com deficiência e às mulheres vítimas de violência;
– promover campanhas de informação, ancoradas nos valores de Abril, sobre os direitos das mulheres;
– garantir a protecção das mulheres vítimas de violência, aumentando os meios e as respostas efectivas do Estado, e intervir na prevenção das suas causas;
– identificar a prostituição como grave forma de violência e exploração das mulheres, prevenindo as causas deste grave flagelo social e tomando medidas adequadas de protecção e inserção social das mulheres prostituídas.

sexta-feira, março 10, 2017

quarta-feira, março 08, 2017

Hoje, 8 de Março

Todos os anos, neste dia 8 de Março, neste blog, se assinala o Dia Internacional da Mulher. Recorro a duas dessas referências.

1.    , Em 2012 (adaptada)
Saúdo-te, hoje, mulher, no dia que dizem ser o teu. Saúdo-te com a alegria de quem inclui, nas suas pequenas-grandes lutas, a luta contra as discriminações, a luta contra a desigualdade social entre o homem e a mulher.
(E são já tantos e tão diferentes, os anos desta luta!)
Saúdo-te, mulher, porque neste dia, te sentes mais diferente e mais igual, mais diferente porque tu és mulher e eu sou homem, mais igual porque este dia é um dia de afirmação, de afirmação de que temos os mesmos direitos.
E desejo-te que o dia de hoje seja um dia feliz para ti, mulher.
Mas também te saúdo com tristeza. Porque sei que, se te perguntasse

porque é que o dia 8 de Março
é o dia da mulher?

me olharias espantada e, se me respondesses, dirias um sei lá... convicto e indiferente.
E não podes imaginar quanto me custa que, para ti, seja este dia  um dia igual ao de S. Valentim ou outro qualquer desses, outro qualquer desses dias em que os pequenos comerciantes aproveitam para tentar atenuar a crise - a sua, a dos pequenos…

Há 155 (160!) anos – porque foi em 8 de Março de 1857 –, 130 mulheres teriam morrido queimadas num incêndio, num incêndio provocado contra elas, fechadas numa fábrica em Nova Iorque, impedidas de sair, apenas(!) por lutarem por uma redução do seu horário de trabalho, de 16 horas diárias, para o máximo de 10 horas, por quererem um horário igual ao dos homens.
E quantas mulheres, antes e depois desse dia de 1857, lutaram e lutam por direitos seus, de mulheres trabalhadoras.
E foi uma mulher, Clara Zetkin, que nascera em 1857, que, no dia 8 de Março de 1910, em Copenhague, ao presidir à 2ª Conferência international das mulheres socialistas, propôs a criação do dia international das mulheres, dia de manifestação anual para lutar pelo direito de voto, pela igualdade entre os sexos, e pelo socialismo.

Divirtam-se, gozem a liberdade tão duramente conquistada (porque, por exemplo, antes do 25 de Abril de 1974, a todos estava vedado festejar o 8 de Março), sejam felizes, ao menos neste dia em cada ano…, mas lembrem, num minuto, as operárias de Nova Iorque e todas as mulheres que, como elas, lutaram por um futuro melhor!

2.     
  

sábado, março 08, 2014

Informação/deformação/ideologia/luta de classes

2 ou 3 informações para fazerem pensar!:

Dia Internacional da Mulher
 
PORQUÊ O DIA 8 DE MARÇO

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.
 Clara Zetkin


Na Wikipédia
Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no início do século, até a década de 1920.
Na antiga União Soviética, durante o stalinismo, o Dia Internacional da Mulher tornou-se elemento de propaganda partidária.
Nos países ocidentais, a data foi esquecida por longo tempo e somente recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960. Na atualidade, a celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu parcialmente o seu sentido original, adquirindo um caráter festivo e comercial. Nessa data, os empregadores, sem certamente pretender evocar o espírito das operárias grevistas do 8 de março de 1917, costumam distribuir rosas vermelhas ou pequenos mimos entre suas empregadas.
Em 1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres.
Desenho de prisão
de Álvaro Cunhal

quinta-feira, março 08, 2012

8 de Março - Dia da Mulher - 2012 - 3

Este ano, por ter calhado a uma 5ª feira, do dia 8 de Março se fala no avante!

em Ourém, no mercado semanal,
fez-se uma distribuição de um folheto
e contactaram-se,
em conversa amena e soalheira,
dezenas de mulheres.

Este ano de 2012, neste espaço,
uma dedicatória pessoal,
a uma mulher:
seren(as)idades

8 de Março - Dia da Mulher - 2012 - 2

Saúdo-te, hoje, mulher, no dia que dizem ser o teu. Saúdo-te com a alegria de quem inclui, nas suas pequenas-grandes lutas, a luta contra as discriminações, a luta contra a desigualdade social entre o homem e a mulher.
(E são já tantos e tão diferentes, os anos desta luta!)
Saúdo-te, mulher, porque neste dia, te sentes mais diferente e mais igual, mais diferente porque tu és mulher e eu sou homem, mais igual porque este dia é um dia de afirmação, de afirmação de que temos os mesmos direitos.
E desejo-te que o dia de hoje seja um dia feliz para ti, mulher.
Mas também te saúdo com tristeza. Porque sei que, se te perguntasse

porque é que o dia 8 de Março
é o dia da mulher?

me olharias espantada e, se me respondesses, dirias um sei lá... convicto e indiferente.
E não podes imaginar quanto me custa que, para ti, seja este dia  um dia igual ao de S. Valentim ou outro qualquer desses, outro qualquer desses dias em que os pequenos comerciantes aproveitam para tentar atenuar a crise - a sua, a dos pequenos…

Há 155 anos – porque foi em 8 de Março de 1857 –, 130 mulheres teriam morrido queimadas num incêndio, num incêndio provocado contra elas, fechadas numa fábrica em Nova Iorque, impedidas de sair, apenas(!) por lutarem por uma redução do seu horário de trabalho, de 16 horas diárias, para o máximo de 10 horas, por quererem um horário igual ao dos homens.
E quantas mulheres, antes e depois desse dia de 1857, lutaram e lutam por direitos seus, de mulheres trabalhadoras.
E foi uma mulher, Clara Zetkin, que nascera em 1857, que, no dia 8 de Março de 1910, em Copenhague, ao presidir à 2ª Conferência international das mulheres socialistas, propôs a criação do dia international das mulheres, dia de manifestação anual para lutar pelo direito de voto, pela igualdade entre os sexos, e pelo socialismo.

Divirtam-se, gozem a liberdade tão duramente conquistada (porque, por exemplo, antes do 25 de Abril de 1974, a todos estava vedado festejar o 8 de Março), sejam felizes, ao menos neste dia em cada ano…, mas lembrem, num minuto, as operárias de Nova Iorque e todas as mulheres que, como elas, lutaram por um futuro melhor!

Há 155 anos. Faz hoje!



.

8 de Março - Dia da Mulher - 2012 - 1

Desde os idos anos 60 (do século passado) assinalo o dia 8 de Março. Como o DIA DA MULHER! Desde então que o faço como entendo dever ser feito a uma data maior, e faço-o publicamente. Por vezes, quando para tal convidado, em debates ou colóquios.
Desde os idos anos 60, porque foi então que tomei consciência da discriminação social a pretexto na desigualdade de género. Tomada de consciência para o que muito contribuiu a guerra colonial e a emigração que fizeram desta pátria (e mátria) uma terra de viúvas de vivos (que excelente título de livro de Joaquim Lagoeiro). E como o este nosso tempo, no meio século vivido, tanto mudou e tão igual é!

Depois que publico este "blog", todos os anos aqui faço essa assinalação: hoje é 8 Março, é o Dia da Mulher! E saem dois ou três “posts” sobre o tema (às vezes, são quatro ou cinco…). Quase sempre com uma ajuda inestimável de um desenho de Álvaro Cunhal, dos que ficaram nuns papéis que iriam para o lixo se Joaquim Pires Jorge não os tivesse salvo e não me tivesse dado o privilégio de os deixar à minha guarda e conservação, e que, com autorização de Álvaro Cunhal, mantenho como dos documentos mais valiosos (isto é, sem preço mas com enorme valor!)

Este ano de 2012, assim será.


E mais dois “posts” irei dedicar ao dia.
Um deles (às 13 horas), recuperando um texto em que tropecei e que foi escrito e publicado para os 150 anos do 8 de Março de 1857, e um outro (às 18 horas) que é o deste ano de 2012, e só deste ano será. Dedicado, com uma enorme gratidão, a uma mulher.

terça-feira, março 08, 2011

8 de Março - dois apontamentos para o fim do dia

Do caderno de O Militante





retiro estas duas notas, que me parecem muito interessantes e adequadas para acabar o dia 8 de Março:

  • «(1) É também muito provável que, à semelhança dos chimpanzés actuais, já existisse uma ligeira divisão sexual do trabalho que posteriormente se veio a acentuar: machos e fêmeas teriam uma dieta ligeiramente diferente com os primeiros a consumirem mais proteína animal proveniente da caça e as fêmeas da recolha de insectos. Esta divisão teria sido favorecida pela selecção natural devido à fisiologia reprodutora dos mamíferos. Cabia sobretudo às fêmeas o investimento parental mais directo(*). As fêmeas estariam mais dependentes das técnicas extractivas de processamento de alimentos embora os machos também fizessem uso das mesmas. Tais técnicas implicam a utilização e a construção de instrumentos, ainda que pouco complexos. (Nota das Edições "Avante!".) »
  • «(...) O facto de o ser humano conseguir alimentação suficiente em todas a estações do ano - armazenando-a com segurança - e de se poder aquecer, tem, por exemplo, esta consequência importante: pode gerar e pôr no mundo crianças em todas as estações do ano, não tendo assim, como muitos outros animais, um período específico de procriação.»
(*) - não gosto desta do "investimento parental mais directo"...
porque não "função maternal" ou outra qualquer?!
(nota anónimo sec.xxi)

8 de Março e o Indice de desigualdade de género (PNUD)

Procuro sempre, em relação a qualquer abordagem, aproveitar o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador criado há 20 anos pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Não porque o considere o "indicador perfeito", longe disso, mas trata-se de indicador que, através de introdução de variáveis relativas à educação e à saúde, como permanentes e de uma forma geral, e de outros, específicos, de certo modo corrige a abordagem estritamente económica, e melhor se diria monetarista, que se baseia na evolução dos PIB.
Uma das variantes refere-se às diferenças sociais derivadas de sexo, e tem vindo a apresentar dados relativos ao que chama Indice de Desigualdade de Género (IDG).
No último relatório, particularmente significativo por assinalar o 20º aniversário da sua criação e publicação, o relatório permite uma aproximação aalgumas desigualdades baseadas da diferença de sexos e situações por países ou regiões. Do quadro 4 do relatório, retirei alguns dados que arrumei no quadro abaixo, em que se alinham os países por IDH e IDG, e no que se refere a taxa de mortalidade maternal, taxa de fecundidade de adolescentes, percentagem de mulheres nos respectivos parlamentos, população maior de 25 anos anos com nível de ensino secundário, taxa de actividade e nascimentos assistidos por pessoal qualificado.

Neste quadro, apenas inclui os 50 países de menor desigualdade de género (dos 137 que possibilitam o cálculo do IDG) dos 168 que possibilitam o cálculo do IDH, e os três últimos. Apenas dois daqueles países para que se não calcula o IDH têm calculado o seu IDG, Cuba e Iraque, e, destes, só Cuba está entre os 50 primeiros IDG (47º) enquanto Iraque é o 133º.
Assim, depois de ver qual a diferença no ordenamento dos dois indicadores, eleborei outro quadro com os países que revelam maior diferença, mostrando os 10 que mais melhoraram e os 10 que menos melhoraram na desigualdade de género relativamente ao posicionamento no IDH.

Daria para muitos comentários, mas faço - pelo menos por agora - apenas dois ou três.

Um, relevando a presença de Portugal entre os 10 de melhor comportamento quanto a desigualdades de género, embora o seu décimo lugar fosse ultrapassado se Cuba tivesse lugar no ordenamento IDH, sublinhando, neste país como na China, um indicador estranho, decerto por diferentes critérios de mensurabilidade, o da taxa de mortalidade maternal, verdadeiramente anómalos em relação a todos os outros; outro, relativo ao posicionamento dos Estados Unidos no pior lugar entre os 50 melhores, bem como sublinho a posição dos países que acompanham os EUA nesse mau posicionamento.; por ultimo, também se releva que os países com menores desigualdades de género (Holanda, Dinamarca, Suécia, Suiça, Noruega) não aparecem nesta listagem das maiores diferenças entre IDH e IDG uma vez que esse seu comportamento na desigualdade de género (IDG) é paralelo ao de desenvolvimento humano (IDH) e para este contribui.
Tudo coisas para fazer pensar.

8 de Março e leituras

A propósito do Dia da Mulher e de livros, aqui fica este apontamento:
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Hoje, repetindo gestos de todos os 8 de Março - e este foi de 2005 - fui à estante e, entre algumas edições da editora que Prelo se chamou, retirei um livro da colecção “documentos”, O problema feminino e a questão social, e reproduzo, como então fiz, um texto de Lenine seleccionado para essa colectânea publicada em 1973, há 38! anos, um ano antes do 25 de Abril!

“(…) A nós, não nos basta a democracia, nem sequer a democracia para os oprimidos pelo capitalismo, incluindo o sexo oprimido.
A tarefa principal do movimento operário feminino consiste na luta pela igualdade económica e social da mulher, e não só pela igualdade formal. A tarefa principal consiste em incorporar a mulher no trabalho social produtivo, arrancá-la à escravidão do lar, libertá-la da submissão – embrutecedora e humilhante - ao eterno e excepcional ambiente da cozinha e dos quartos das crianças. Esta é uma luta prolongada, que requer uma radical transformação da técnica social e dos costumes. Mas esta luta terminará com a plena vitória do comunismo.”

(sobre o dia internacional da operária, 1920)

Nada se perdeu. Apenas se tem de adiar, por vezes, umas migalhas de anos ou de décadas na imensidade do tempo da História.

8 de Março - um (talvez) poema e um (quase) desenho

Tu és o ovo e a mãe. Tu és a amante e o povo.
Tu és o fogo e a luta. Tu és a paz e o novo.
Tu és o futuro do homem, dizia Aragon...
e Brel replicava, reticente, que nem sempre;
treplico, insistente, que sempre o és

quando companheiros somos.

(de autor anónimo... do século xxi)


um (quase) desenho de Álvaro Cunhal,
esboçado há precisamente 50 anos,
num papel "recuperado"
(talvez pouco conspirativamente...)
por Joaquim Pires Jorge

8 de Março e os (meus) livros




Este, por exemplo: "A Condição da Mulher Portuguesa" :
Em 1967*, a Editorial Estampa lançou uma colecção a que chamou Polémica e de que entregou a direcção a Urbano Tavares Rodrigues. Para o 2º volume da colecção promoveu, em Novembro de 1967, um colóquio sobre a condição da mulher portuguesa para ulterior publicação, e convidou 4 escritores (Agustina Bessa Luís, Augusto Abelaira, Isabel da Nóbrega, Natália Nunes) uma jurista, Maria da Conceição Homem de Gouveia, uma socióloga (também escritora), Isabel Barreno Martins, e um economista, o responsável deste “blog” e “post”.
Tinha então 31 anos, e o convívio com escritores de que era leitor foi, para mim, experiência muito interessante.
Neste 8 de Março de 20011 (como o fiz há dois anos, noutro "blog"), reproduzo, com ligeiríssimas correcções, o começo da minha intervenção:
.
«Ao aceitar o convite para participar neste debate, se o fiz com muito prazer, desde logo, também, me atribuí tarefas de sacrifício.
Primeiro, porque sentindo que devo apresentar os áridos números, sei que isso me pode tornar no desinteressante estragador de troca de impressões vivas, sobre temas vivos. Paciência! Tentarei pôr gente dentro dos números, adubar a sua aridez com clara significação humana. Depois, e este já não é um problema nosso, mas só meu..., muito gostaria de aproveitar quem aqui está encontrado para ser mais a conversar sobre a Mulher, sobre a Mulher e o Homem, sobre o amor possível. A conversa-prazer só facultada a alguns de nós que, por isto ou por aquilo, têm o privilégio de dispor das fatias do bolo património-sócio-cultural que o ser humano vem aumentando desde que começou a sê-lo. É que a disponibilidade para a realização a dois, o tema mãos dadas, “a semente que tu és e a terra que eu sou”, tudo isto nos apela para o conversar-desfrute. E então convosco!…
Mas vamos às tarefas auto-atribuídas. Lá fora, aqui ao lado, há frio, há fome, há quem apanhe chuva(*).
Por uma questão de método, entendo dever estudar-se o problema da condição da mulher por uma forma paralela ao esqueleto de uma formação social. Porque, na minha perspectiva, a condição da mulher resulta, fundamentalmente, de condicionalismos sociais, resulta de um fundo histórico.
Condicionalismos sociais, fundo histórico, que têm as suas raízes na relação Ser Humano-Natureza, no esforço do trabalho dos seres humanos relacionados entre si, para a progressiva libertação das condições impostas pela natureza.
Teríamos assim que dividir a abordagem do problema em estratos:
  • A mulher como ser biológico, na sua relação com a natureza;
  • A mulher como animal social, na forma como o ser humano se organiza nessa relação;
  • A mulher na consciência social, na representação que dela se tem (e que ela tem de si), nas instituições que traduzem , e tantas vezes forçam, a realidade da relações sociais e que traduzem, e tantas vezes forçam, o equilíbrio das forças sociais em antagonismo.

Vou deter-me, na minha participação, nos dois primeiros aspectos, mas afirmando, como definição fundamental, que nada é estanque.
Sobre a mulher na consciência social quero, no entanto, deixar dois apontamentos. Todo este interesse, todo este levantar a luva para discutir a condição da mulher reflecte que estamos perante um desequilíbrio. Existe, na base das relações sociais, uma transformação que, ao nível superstrutural, não é acompanhada em correspondência.
A literatura, as artes dão-nos esse desajuste. Os códigos civis mostram-nos (ou não nos mostram?) que as situações legais não servem as situações de facto. E, depois, o resultado disso: páginas femininas em profusão e a ganharem dimensão social, pega-se na bibliografia económica e a mulher a aparecer em muitas obras. A mulher (e a sua condição social) em foco. Em causa uma discriminação que, pessoalmente tanto me violenta como a resultante da pigmentação da pele.
Espero, com os números que vou apresentar, ilustrar o que foi dito ou for dito, fornecer elementos úteis a um melhor aperceber da real situação da mulher e, depois, libertar-me para a troca de impressões não quantificada mas, aproveitando números, valorizada. (…)»

____________________________________________

(*) - Nesse fim de dia e começo de noite de 1967, um temporal caíu sobre Lisboa provocando inundações com dimensão e consequências verdadeiramente dramáticas. Ao sair do debate, estava a cidade e os arredores em grande agitação, e destaco a solidariedade que então se organizou e em que os militantes do PCP, na clandestinidade, tiveram relevante intervenção.

segunda-feira, março 08, 2010

Dia Internacional da Mulher

8 de Março - de 1857 a 2010, passando por 1910 e 1977. Não uma data folclórica mas uma efeméride de determinação e luta:

de um desenho (inédito)

de Álvaro Cunhal

Nos 100 anos do Dia Internacional da Mulher

Foi em 1857, em Nova York, que as costureiras, operárias do têxtil em luta, fizeram greve contra um horário de trabalho de 16 horas e a enorme discriminação salarial, luta que foi violentamente reprimida. E foi em 1910 que Clara Zetkin propôs que este dia 8 de Março passasse a ser o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, efeméride que acabou por ser também adoptada, em 1977, pela ONU, como Dia das Nações Unidas pelos Direitos das Mulheres e pela Paz Internacional.

Assinalamo-lo, não como uma data folclórica, mas como um dia de luta, com um poema de Papiniano Carlos (que Fernando Lopes Graça musicou) e dois desenhos (inéditos) de Álvaro Cunhal:

Canção de Catarina

Na fome verde das searas roxas
Passeava sorrindo Catarina
Passeava sorrindo Catarina

Na fome verde das searas roxas
Ai a papoila,
Ai a papoila cresce na campina!
Ai a papoila cresce na campina!

Na fome roxa das searas negras
Que levas, Catarina, em tua fonte?
Que levas, Catarina, em tua fonte?

Na fome roxa das searas negras
Ai devoraram,
Ai devoraram corvos o horizonte!
Ai devoraram corvos o horizonte!

Na fome negra das searas rubras
Ai da papoila, ai de Catarina!
Ai da papoila, ai de Catarina!

Na fome negra das searas rubras,
trinta balas,
Trinta balas gritaram na campina

Trinta balas
Trinta balas
Te mataram a fome

Catarina!