Em tempos, há muitos anos, o comandante Joaquim da Silva (Chucha) dizia-me, em conversa amiga e descontraída, que nunca encontrara um fogo que não tivesse acabado. De vez em qunado. lembro-me dessa conversa e frase, que pode encerrar e ilustrar quase uma filosofia de vida.
Nestes dias de brasa, de novo ela veio à tona, acompanhando a recordação de velhos amigos, como o comandante Joaquim e o comandante José Maria Pereira (Zico), que - com os eus homens e tantos também velhos amigos - me ajudaram a ter uma grande admiração e orgulho pelos nossos bombeiros. É verdade que já não são o que foram, mas porque souberam transformar-se no que são; já não são (só) a associação voluntária, amadora, de "carolice", porque se tornaram numa instituição.
A admiração e o orgulho mantém-se, e saúdo o comandante Julito e os homens que compõem a corporação.
Os incêndios continuam a ter um fim. Mas o que importa é lutar para que não tenham começo e para que, a não se conseguir evitar que as causas que (ainda) não se controlam os desencadeiem, que não haja condições para que se propagem e provoquem dramas e tragédias entre os mais desfavorecidos, os desprotegidos, os esquecidos. Os do costume.
Mas não temos ilusões. É uma luta muito dura, porque confronta uma política há muito se concretiza, que desvaloriza a economia produtiva, os produtores, que abandona as regiões "não rentáveis", as actividades que não contribuem para a acumulação do capital financeiro.
14 comentários:
Eu, que penso que este país arde porque a alguém interessa, sinto um misto de raiva contra esses, e uma enorme solidariedade que apenas posso transmitir desta forma - a todos os que ficaram sem bens, aos bombeiros e claro! ao nosso comandante julito. Aqui, em Salir de Matos, as chamas chegaram à povoação. Foi um horror! Os bombeiros foram incansáveis!
Para que a situação mude, precisamos de trabalhar todos em conjunto. Vai ser um trabalho muito longo e pesado. Há responsabilidade por parte de muitas entidades.
Uma medida que julgo ser eficaz na prevenção de incêndios é a colocação de maior vigilância nas florestas. Mais viaturas de pequenas dimensões mas com o transporte de água também seriam importantes para um patrulhamento eficaz.
Até chateia este filme que teima em repetir-se.
muito se fala em 'entidades'; 'medidas'; etc., mas de que vale isso quando em todas as propriedades rurais, que sa~o privadas, ha' sempre um barraca~o dedicado ao armazenamento de lixo; do bidon do o'leo para o trator e de mais mil e um alimentos do fogo? e onde o mato e as silvas sa~o sempre permitidos crescer 'a volta de tudo? e' certo que o governo tem as costas largas, mas ha' que imputar responsabilidades individuais tambe'm.
Responsabilidades individuais? E o Pedro faz parte do colectivo? Malditos barracões e bidons do óleo...
na~o percebi o coment'ario. enta~o o governo e' que deve ser responsa'vel por o manuel da mossomodia ter meia du'zia de ta'buas com um telhado de zinco onde guarda o o'leo e o lixo, rodeado por silvados?
Acha que devemos reduzir "todas as propriedades rurais" a "meia duzia de tábuas com telhado zinco"?
O Pedro vive em que mundo?
eu na~o disse que todas as propriedades rurais eram meia du'zia de ta'buas com telhado de zinco. disse que todas te^m meia du'zia de ta'buas com telhado de zinco, ale'm de outras aberrac,o~es. consegue ver a diferenc,a, ou so' quer desconversar?
as liberdades individuais trazem agarradas responsabilidades individuais. direitos acarretam sempre deveres (e vice-versa). claro que e' mais co'modo atirar com as culpas de tudo para cima do governo.
Vá lá, calma, ninguém quer desconversar...
Aliás, não li, em nenhum lado, um ataque ao governo, a este governo, mas sim uma responsabilisação institucional, colectiva, em que os sucessivos governos, como executivos, têm parte de leão.
A situação, na sua gravidade, é resultante de um processo de abandono da actividade produtiva, de desordenamento florestal, de falta de acompanhamento (até pedagógico) dos pequenos e médios proprietários rurais. Não têm estes responsabilidades, cumprem estes todos os seus deveres? Claro que têm responsabilidades e há muitos deveres por cumprir, mas o indivíduo é as suas circunstâncias (Ortega y Gasset e outros, alguns antes...)e as circunstâncias são as de um ambiente de feroz individualismo, de menosprezo do trabalho, da produção, das solidariedades, e de elevar a produtividade e a competitividade, os tele-concursos e o euromilhões a absolutos e a ilusões. A absolutas ilusões e a ilusões absolutas.
Mas, se não ataco particularmente este governo, não o ilibo, e não se pode deixar de considerar significativa esta inacreditável ausência do primeiro responsável executivo do País numa situação como a que vivemos.
Isto não é um ataque, é uma crítica fundada e que se lamenta ter de fazer.
na~o posso concordar mais que todos os governos te^m a sua quota parte de responsabilidade nos ince^ndios, sendo ate' os maiores responsa'veis, como o se'rgio diz.
mas parece-me muito leviano atirar com tudo para cima dos governos (eu quando escrevi governo na~o queria dizer este, queria dizer a entidade abstracta) quando os proprieta'rios nada fazem, pelo contra'rio, e nem vale a pena falar nas ca^maras municipais, que igualmente fazem nada, disparando sobre o governo de ocasia~o e mesmo sobre os bombeiros.
Olhe Pedro o que me parece leviano é falar do Manuel da Mossomodia e nos barracões de zinco. Estamos a falar de milhares de hectares que se queimam ano após ano. Diga-me quais foram as medidas aplicadas pelas entidades competentes que traduziram bons resultados prácticos? Como é possível que este cenário se repita ano após ano? Há com certeza responsabilidades a serem atribuidas que vão para lá dos direitos e deveres do Manuel.
de facto, ou quer desconversar ou na~o percebe portugue^s. como na~o sou o dono da casa por aqui me fico.
ESta casa não tem dono, no sentido possessivo do termo. Embora, como qualquer espaço partilhado. tenha de obedecer a regras de convivência.
Que, a meu ver, não foram violadas apesar da alguma relativa e indesejada crispação.
Enviar um comentário