domingo, julho 26, 2009

Reflexão lenta... e extemporânea

A folhear o semanário que ao sábado me "actualiza", tropecei inadvertidamente num colunista que há muito tempo decidi que não mais comentaria. É que o senhor é um provocador, tresanda a um anti-comunismo que, de tão primário é troglodita. Não o comento, pronto!
Mas li-o, confesso. E, antes de "ir à deita", porque quero dormir sem o pêso de desabafos por fazer a atormentarem-me o sono, encontrei um escape.
Diz coisas tais o provocador - a cujas provocações não respondo, já disse... - que me lembrei da ida, no último dia de Nova Iorque, a uma das numerosas lojas da Barnes & Noble, a da 3ª Avenida, e de ter achado curiosa uma grande banca no meio da imensa livraria, em que se espalhavam edições com cartazes apelativos para que se comprassem livros dos que cartazes diziam serem os 3 grandes da economia (em NI - e nos EUA - tudo têm de ser o maior, ou os maiores... ou os mais grandes!): Adam Smith, Marx e Keynes.
E ali estavam em exposição os livros daqueles três "monstros", segundo eles, os livreiros! O do meio, o da "grisalha moldura", de muito oportuna leitura, ao que parece..., para se perceber o que se está a passar. Não ontem, hoje, amanhã, ou depois de amanhã, mas desde há dois séculos (e antes) e nos anos que vierem e que somarão séculos.

6 comentários:

Bruno disse...

Há dias numa biblioteca em cima duma mesa estavam expostos livros para oferta. Era pegar e levar.

Peguei num. Pensei se o deveria trazer comigo. Como achei que acabaria por não o ler, deixando-o na mesa.

Era o livro dum tal David Ricardo... Ainda bem que não o trouxe. Afinal, não é um dos três grandes! :P

Fernando Samuel disse...

De obrigatória leitura para perceber o passado e o presente e para a conquista do futuro...

Um abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

Bruno- esse tal David Ricardo é um dos enormes! O seu contributo foi foi importantíssimo, não desmerecendo do de Adam Smith. Esteve quase... o Marx acresentou-lhe um dos "quase" que não existiriam se não tivesse estudado Ricardo, A. Smith e outros como estudou.
Fernando Samuel - Bom dia. Pois é, não se ficou pelo perceber o que aconteceu antes e mandar palpites para o que iria acontecer depois... deu o corpo ao manifesto para a transformação do mundo que não se faz sem a manifestação dos corpos!
Abraço

CS disse...

Os que andam de olhos fechados tropeçam nos seus rancores. Nós por cá 'semos' assim....

Anónimo disse...

E que tal ler Leszek Kolakowski?

Para (…)[Leszek Kolakowski], o gulag não foi a perversão do marxismo, mas a sua consequência lógica. Estaline não foi um Lúcifer que traiu a santidade do marxismo. Não. Para passar do papel à prática, o marxismo necessitava da selvajaria de Estaline. Por outras palavras, o marxismo queria convocar os mais belos anjos da história, mas acabou por legitimar as maiores atrocidades do século XX. Atrocidades que, aliás, perduram por aí em doses cavalares (Coreia do Norte) ou em doses suaves e tropicais (Cuba).

Como seria de esperar, os livros de Kolakowski não estão traduzidos em Portugal. O nosso país continua a ser a irredutível aldeia do marxismo. E, não por acaso, este provincianismo marxista da intelligentsia portuguesa voltou a aparecer nesta semana, em resposta à provocação de Alberto João Jardim. Uma provocação certeira, diga-se. Quando relembrou que o totalitarismo tem duas faces, Alberto João meteu o dedo na ferida aberta por Kolakowski: o comunismo foi tão totalitário como o fascismo. Em Portugal, esse Astérix de Marx, a equivalência moral entre fascismo e comunismo é um assunto tabu. Mas, nos países que viveram sob o jugo de fascistas e de comunistas, essa questão é tudo menos um tabu. Para polacos e checos, o comunismo foi tão insidioso como o fascismo. Ou pior. Em Varsóvia ou Praga, usar uma T-shirt do Che é tão mau como usar um símbolo fascista.

Graciete Rietsch disse...

Como é possível fazer afirmações dessas?!!!!!!!!