quinta-feira, outubro 15, 2009

Os "dias seguintes" às eleições

Os "dias seguintes" às eleições são bem diferentes dos momentos seguintes ao conhecimento dos resultados.
Nos momentos seguintes, há alegria e há tristeza. É a altura em que se fala de vitórias e de derrotas, particularmente nesta conjuntura histórica em que se querem dividir os homens (e as mulheres, claro) em vencedores e vencidos, em que o individualismo e o egoismo imperam. Como ideologia.
Por mim, procuro descolar dessas "avaliações", e fundar a avaliação dos resultados num confronto com os objectivos, ver se estes se foram alcançados ou não, avaliar se foram realistas. No entanto, sei que não o consigo totalmente. Como o desejaria.
Mas... nos "dias seguintes" tem de haver reflexão e responsabilidade. Sobretudo - isto acho eu... - por parte de quem "ganhou".
E agora, José? Disseram Carlos Drumond de Andrade e José Cardoso Pires, este com toda a propriedade porque José se chama, mas podem colocar-se outros nomes próprios antes do ponto de interrogação.
Nas eleições autárquicas, há situações muito interessantes. Talvez se pudesse dizer que todas o são, mas há umas que são mais que outras. Suponhamos maiorias cruzadas, em que um partido consegue maioria absoluta no executivo, na Câmara, e outro partido tem maioria relativa no orgão deliberativo, na Assembleia Municipal, e o executivo até pode ficar dependente da posição dos "pequenos", ou até só de um (lembram-se "queijo limiano), para fazer passar documentos essenciais da gestão, como o orçamento, e posições essenciais para a adopção de políticas. O que isto pode dar de negociação, explícita ou implícita, de... diálogo!
Dois testes se colocam de imediato
Primeiro, talvez..., a eleição da mesa de presidência da Assembleia Municipal, que não resulta da eleição (como alguns, e entre os mais informados, podem pensar) mas da escolha entre-pares, isto é, entre os membros eleitos directos e por inerência (presidentes de Junta), através da votação das propostas que apareçam em listas para esses lugares, que são de presidente e dois secretários. Pode ser interessante. Pelo menos como teste.
Segundo, que até pode ser primeiro porque a ordem (ou hierarquia) é arbitrária..., a de, no plano do executivo, se distribuirem ou não pelouros pela oposição, o que antes não teria sido feito e teria sido considerado, pelos actuais "vencedores", como muito negativo, e tão negativo pode ser considerado que até pode ser dito ser pouco ou nada democrático.
Isto sou eu a pensar alto.

3 comentários:

Fernando Samuel disse...

Assim se vê... que a pensar alto é que se dizem as verdades...

Um abraço.

GR disse...

O dia seguinte às eleições é para alguns, a perda da inocência.
24 horas depois às eleições, começamos a compreender porque razão, nunca ganhamos ou outros nunca perdem!
São horas a contar, a rever, a recontar, alteram-se números, discutem-se cruzes.
Saímos da mesma forma que entramos, com os mesmos números. Com a diferença que sabemos mais, sabemos como foi possível forjar somas de três dígitos.
O dia seguinte às eleições é, o dia em que se acredita que o voto não é tão soberano quanto pensávamos.

Bjs,

GR

PG disse...

A escolha de Sérgio Ribeiro para a presidência da Assembleia Municipal é uma escolha que me parece óbvia. Isto sou eu a pensar alto.