sexta-feira, outubro 16, 2009

Parábolas (ou nem tanto) "estatísticas" - 2...

Os números, e as estatísticas que deles se alimentam, são traiçoeiros. Mais que as palavras. E há quem os/as manipule sem pudor.
Outra coisa é o rigor. Ou a falta deste.
A recuperação, pela CDU, da autarquia de Alpiarça tem o maior significado. Para além do grande simbolismo desta recuperação, ela também é quantificável.
Dizer que a votação na CDU passou de 36,4% para 49,7% é muito, o que se pode reforçar com o acrescento de tal representar um aumento de 36,5% de percentagem de votação (e de 13,3 pontos percentuais – 49,7 – 36,4 = 13,3) em relação às anteriores eleições, de 2005.
Para ajudar a perceber a importância de não confundir percentagem com pontos percentuais, deixo o seguinte exemplo, com duas situações:
Um concelho que tivesse tido 10% da votação e passe a ter 12% subiu 20% na percentagem votação e cresceu 2 p.p.; um concelho que tivesse tido 20% da votação e passe a ter 22% subiu 10% na percentagem de votação e cresceu os mesmos 2 p.p.
Mas terá (ainda) maior significado político a evolução da massa eleitoral.
Alpiarça cresceu quase 40% de massa eleitoral, isto é, o número de votos na CDU em relação aos que tivera em 2005 cresceu 39,9%.
Aplicando, quase por analogia, a “parábola” anterior, do pequeno comerciante, gerente de uma… tasca, se calculássemos essa evolução dividindo o acréscimo de eleitores na CDU pelos que agora votaram na coligação e não pelo “ponto de partida” (os que votaram em 2005), o acréscimo seria de 28,5% e não de 39,9%. Faz a sua diferença!

3 comentários:

Maria disse...

São estas contas, assim feitas, que eu gosto de ver...

Bom almoço!

Beijos

Ricardo disse...

Sérgio, apesar de ainda todos estarmos envolvidos nos resultados (numéricos) da última noite eleitoral - e repara que me parece que temos que nos envolver mais nos resultados concretos e reais da mesma noite, pois esse são o que verdadeiramente representam no avanços e recuos da luta das populações - parece-me que seria interessante abordares as "parábolas (ou nem tanto)estatísitcas" relativamente à crise, ao crescimento e aos cilcos económicos. A utilização de indicadores e estatísticas que servem os interesses dos exploradores também se enquadra 8e bem) neste teu capítulo que ainda agora começou (ou foi retomado, para ser mais preciso)...

Abraço!

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - Haja quem! Obrigado, Maria. O almoço foi ótimo. O tempo está excepcional!
Ricardo - Claro que sim. Aliás, estou a tentar "fazer a ponte". Nada acontece isolado do resto, e a evolução da "massa eleitoral" é sinal e matéria de estudo. Mas tem de ter rigor...

Abraços