quarta-feira, dezembro 07, 2011

Intervalo para trazer aqui o que está sendo lido (e relido) e posto em papel

Do marxismo, ou do contributo de Marx para o marxismo, decorre a lei da baixa tendencial da taxa de lucro. Lei que se baseia nos conceitos em que se escora o marxismo, e que tem o rigor de ter sido apresentada como de baixa tendencial.
Mas o rigor (em Marx) foi mais longe, ou melhor... é rigoroso.
Por isso mesmo, no Livro Terceiro de O Capital, a partir dos seus manuscritos, Marx enuncia cinco factores que podem contrariar essa lei tendencial. São eles o acréscimo da exploração do trabalho e a descida do salário abaixo do seu valor, a depreciação de elementos do capital constante (K), a sobrepopulação activa, o comércio externo.
Ora a baixa do lucro e da taxa de lucro (o que, evidentemente, não são a mesma coisa) têm de ser contrariadas por quem faz da actividade económica o processo de criação mais-valia (o que não é mesmo que lucro, mas o seu "alimento natural") e de acumulação de capital. Numa fórmula esquemática, o processo que tem o objectivo de chegar ao fim dos seus circuitos com mais capital sob a forma de dinheiro (D' > D). 
De onde todos os esforços para, na relação de forças existente, se desencadearem os factores e as dinâmicas que contrariam a lei da baixa tendencial da taxa de lucro, ao mesmo tempo que, ideologicamente, se procura negar esta como lei.
Assim, com todos os possíveis disfarces, se forçam as expressões que esses factores podem tomar. Sobretudo, o acréscimo da exploração do trabalho (dos trabalhadores) - o que tem, fundamentalmente, a ver com o tempo de trabalho socialmente necessário e o tempo de trabalho excedentário - e a descida do salário abaixo do seu valor, ou seja, abaixo do que satisfaça as necessidades historicamente adequadas (por possíveis de satisfazer) dos trabalhadores.
Este é o cerne do sistema de relações sociais predominante. Olhando à volta, vê-se com que desespero tal se procura, e tal se procura esconder.
A especulação financeira é um artifício. Que se foi tornando demencialmente imprescindível para a sobrevivência-suicídio do sistema (que nunca se suicidará...).
Que faz lembrar os aprendizes de feiticeiro e faz ouvir PaulDukas*!
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* - fica para um domingo destes.

  

3 comentários:

José Rodrigues disse...

Ou trabalhas mais horas,ou baixo-te o salário."BCE escreveu a Zapatero para impor salários de 400€"-Jornal de Negócios...E "nós" por cá ninguém recebeu correspondencia???

Abraço

Graciete Rietsch disse...

Mais máquinas,mais tecnologia, menos trabalhadores,menos salários a que se pode juntar também mais exploração . Assim as taxas de lucro e as mais valias podem subir.
Mas o capital humano?Quem o remunera?

Um beijo.

Olinda disse...

E claro que a alternativa para o equilibrio social só pode ser o socialismo real.