segunda-feira, dezembro 19, 2011

José Dias Coelho - nos 50 anos do seu assassinato - 6

Fecho o dia de hoje, este dia assim, sem tocar em outro tema. Embora com muito a querer ser dito sobre tanta coisa. Mas, hoje... foi um dia assim.

Corremos da Galiza para Ourém.
Logo depois, deixei que o “expresso” me transportasse a Lisboa. Fui até ao Largo do Calvário, subi a Rua Dias Coelho, e andei por ali a pé, a recuar meio século no “meu tempo”. Pelos mesmos sítios de 19 de Dezembro de 1961, parando onde então parei o carro, caminhando, em caminho inverso, os que teriam sido os passos de José Dias Coelho, reconstituídos no processo dos “pides” que o assassinaram, e que foram louvados em 1961, e que tiveram todas as atenuantes em julgamento e recurso em 1976, incluso a de terem merecido o louvor por terem cumprido a sua missão, assassinando um comunista. Era assim o fascismo. Não erradicado.
Juntámo-nos, hoje, 50 anos depois, para o lembrar. Gritando “Fascismo nunca mais”. Mas quantos éramos?, quantos somos?
Foi contidamente comovente a cerimónia. De luta que continua.
Mais do que qualquer de nós, Margarida Tengarrinha teve a voz controlada, o tom firme, as palavras certas. “Servindo-se” do acto para dizer o que tem de ser dito, lembrado, ensinado. E também o que tem de ser dito, lembrado, ensinado – e foi-o por uma mulher que tinha 33 anos em 1961, e era companheira e mãe –: que somos seres humanos, com vida íntima, afectos, sofrimentos, e que lutarmos sempre. Porque só lutando somos.

Assim fechei o dia assim…

8 comentários:

Maria disse...

Que a noite te traga o merecido descanso.

Um beijo.

Olinda disse...

Todavia os nossos mortos continuam vivos e actuantes no nosso partido.

Anónimo disse...

Um grande abraço para ti caro camarada, por todas as razões e mais uma.Pelo o que julgo saber, calculo que esta homenagem tenha um significado especial para ti.

João Filipe

Ricardo O. disse...

Sérgio, tive muita pena em não ter lá estado... tive que ir para Setúbal para a Assembleia Municipal, onde aprovámos uma muito boa Saudação à Greve Geral, duas moções sobre a destruição da protecção social, em especial em relação aos idosos mais dependentes (por causa do CATI da Segurança Social) e uma sobe a aprovação do OE para 2012. Aprovámos uma outra, apresentada por outra força política, mas também muito oportuna, sobre a privatização dos CTT, em que o PS fez um discurso de justificação do voto favorável surpreendentemente hipócrita (como se não fizesse parte dos seus planos privatizar o que ainda é púboico e está por privatizar).

Apesar de tudo, acho que também homenageámos o Dias Coelho...

Graciete Rietsch disse...

Triste , mas comovente, o teu dia de ontem.
Embora não podendo ter estado na Rua José Dias Coelho, onde já fui, levada por uma amiga,aqui deixo a minha homenagem a esse homem corajoso que continua a acompanhar-nos.

Um beijo.

jrd disse...

Quando a memória -e que memórias- permanece viva, há 'dias' que nunca se fecham...

Ana Alves Miguel disse...

"Fascismo nunca mais!" foi a palavra de ordem dita junto da placa que grita o assassinato de José Dias Coelho; a evocação trouxe à memória tantos camaradas que como ele deram a vida e a liberdade conhecendo a prisão, a tortura, a distância, a separação... Eu que não as vivi ontem tive junto de mim os que me deram Abril quando tinha dez anos. Ao Sérgio, a minha gratidão pelas memórias desse Dezembro de 1961encontradas neste blog e que me permitem saber e contar como foi.

Anónimo disse...

é impressão minha ou este texto foi alterado depois de publicado?