Desde logo António
Vitorino, ex-ministro da Defesa Nacional, que é membro do Conselho Geral e de
Supervisão da EDP e presidente da Mesa da Assembleia Geral da EDP. O
vice-presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP é Luís Amado, outro
ex-ministro da Defesa Nacional (e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros) em
governos do PS.
Augusto Mateus,
ex-ministro da Economia, também integra o Conselho Geral e de Supervisão da
EDP. Quanto a Francisco Seixas da Costa, ex-secretário de Estado dos Assuntos
Europeus, desde abril de 2016 que exerce o cargo de administrador não-executivo
da EDP Renováveis, onde estão concentrados os negócios da EDP no setor das energias
renováveis.
Por sua vez, João
Marques da Cruz (administrador executivo da EDP) não é um ex-governante, mas é
um militante do PS e apoiante de Costa. Na noite de 28 de setembro de 2014,
Marques da Cruz festejou a vitória de Costa nas eleições diretas contra António
José Seguro, empunhando uma bandeira do PS junto ao Fórum Lisboa
(quartel-general da candidatura de Costa), como relatou na altura a Rádio
Renascença.
“Estas eleições são a prova de que quando os partidos
se abrem às pessoas, a adesão é sempre boa. Nasce um novo ciclo para o PS e
para o país”, disse Marques da Cruz. “Numa
campanha em que as acusações de promiscuidade entre negócios e política foram
feitas a António Costa, nomeando apoiantes que o personificam, sendo Marques da
Cruz administrador da EDP, não se sentiu atingido?”, perguntou a jornalista
da Rádio Renascença. “Separo totalmente
as minhas responsabilidades como cidadão e profissionais. Estou cá como
cidadão,“ respondeu Marques da Cruz.
Enquanto administrador
da EDP, desta vez Marques da Cruz também terá festejado a vitória de Costa
sobre a proposta do BE, negociada por Jorge Seguro Sanches, atual secretário de
Estado da Energia (e, por ironia do destino, primo de António José Seguro).
Muitos outros
ex-governantes ou ex-políticos (do PS, como do PSD e do CDS-PP) foram
recrutados pela EDP (antes e depois da privatização) ao longo das últimas
décadas. Por exemplo, o atual presidente executivo da EDP, António Mexia, foi
ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações num Governo de
coligação entre o PSD e o CDS-PP. Aliás, Mexia foi nomeado presidente do
Conselho de Administração da EDP em 2005, menos de um ano depois de ter cessado
funções governativas. E o presidente do Conselho Geral e de Supervisão, Eduardo
Catroga, foi ministro das Finanças do PSD.
Mais discreta foi a passagem de Vital Moreira (ex-deputado e
ex-eurodeputado do PS) pelo Conselho de Supervisão da EDP, entre 2007 e 2009.
Curiosamente, Moreira foi uma das vozes do PS que alertaram nos últimos dias
para os riscos inerentes à proposta do BE. “Iria
gerar seguramente pedidos de indemnização por responsabilidade extracontratual
do Estado“, sublinhou Moreira no dia 28 de novembro, em texto publicado no
blogue “Causa Nossa”. “Que o BE tenha
congeminado esta brilhante solução de ‘expropriação por via fiscal’, isso faz
parte do irresponsável radicalismo antinegócios, típico da agremiação. Que o PS
se tenha associado a ela até quase ao final, caindo na tentação da leviandade
política, de que só à última hora recuou, já é bastante mais inquietante.
Afinal, o esquerdismo pega-se por contacto”, escreveu Moreira, antigo
militante do PCP.
Diz-se cada coisa, ao fugir a boca para as verdades!
Por estes caminhos, ainda se revelam ligações
entre a social-democracia e o esquerdismo
na preservação do capitalismo!
3 comentários:
E haverá dúvidas dessas ligações?Bom fim de semana.
Caro Sérgio Ribeiro. Não o sabia cultor das teorias conspirativas. Estive no governo até 2001. Saí há quase 17 anos. Nunca, nessas funções que desempenhei, tutelei ou decidi sobre nenhuma empresa, privada ou pública, como bem sabe. Há algum impedimento moral (dado que legal não existe) a que, estando reformado, possa trabalhar em empresas privadas? Isso configura ação de lóbi? Porquê? Porque o facto de serem grandes empresas as torna suspeitas? Por favor... Um abraço FSC
Caro Seixas da Costa, muita satisfação me deu o seu comentário. Por o saber leitor (e comentador) do meu blog; por o confirmar "filho de boa gente" e, como tal, ter-se "sentido"... E também por me dar a oportunidade de esclarecer. Não tinha qualquer intenção de, ao tão-só transcrever o texto do Jornal atingir pessoalmente quem quer que fosse; com o apêndice do meu comentário, longe de teorias conspirativas, apenas quis reiterar, com factos - sem referências e avaliações de (boas) intenções pessoais de protagonistas -, a "leitura" que tenho da promiscuidade do privado com o público, e da subordinação deste a interesses daquele. Retribuo, com simpatia, o abraço. SR
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